Parte II - Capítulo 19

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Quando ouvi Bernard pronunciar aquelas palavras, o nervosismo me dominou e parecia aumentar ainda mais quando fomos levados até o chalé. Alex disse que ficaria muito bem sozinha, mas Bernard insistiu que ela viesse junto, pois teria um assunto extra para tratar com ela. Nos encontrávamos agora na sala de estar, sentados no sofá verde puído enquanto ele andava de um lado para outro e em seguida sentava em uma das poltronas livres.

– E então? – Virginia rompeu o silêncio mortal que havia se instaurado. – Por que nos chamou aqui?

Bernard respirou fundo e apoiou os cotovelos no joelho, encarando cada um de nós de maneira intensa.

– O filho da mãe abriu a boca. – revelou por fim. – Disse que nunca havia estado na presença de Herbert antes, mas ouviu um dos companheiros comentar que ele vivia nos arredores das serrarias.

– Perto das montanhas. – Alex comentou. – Faz certo sentido... as estradas para lá são quase impossíveis de acessar.

– Então significa que podemos ir atrás dele. – Virginia falou vendo Bernard balançar a cabeça. – E por que não?

– Não temos a total certeza de que ele está realmente lá, sem falar que precisamos de mais pessoas para podermos cogitar isso. – ele explicou calmamente. – Não estamos em condições para isso.

– Já tentou contatar os outros acampamentos? – Alex murmurou.

– Há outros acampamentos? – indaguei com o cenho franzido.

– Sim, nossa comunidade não se resume apenas ao que você já viu. – Bernard retrucou. – Tem outras cabanas espalhadas pela floresta, mas em concentrações menores, se comparadas a nossa. – completou, gesticulando para o lado de fora. – Enfim, entrei em contato com duas delas, mas ainda não recebi uma resposta.

– Então vamos esperar? – Virginia indagou, enrugando a testa. – Não gosto disso.

– Sinto muito, Virginia, mas não posso mandar um grupo de pessoas despreparadas para aquela região. – ele argumentou de maneira suave. – Seria burrice.

Ela respirou fundo e revirou os olhos, balançando a cabeça em seguida. Parte de mim entendia a impaciência de Virginia, mas mesmo assim eu procurava compreender as ações de Bernard.

– Qual seria o assunto que você queria tratar comigo? – Alex indagou, rompendo o breve momento de silêncio e me arrancando dos devaneios.

– Verdade, obrigado por me lembrar. – ele pigarreou e assumiu uma expressão mais suave. – Não gostei de saber que você estava mantendo algo tão importante em segredo.

– O quê?

– Virginia me contou sobre o robô de auxilio que você achou na floresta. – Bernard arqueou uma sobrancelha enquanto analisava a expressão dela. – Algo tão incomum assim deveria ter sido relatado a mim.

Alex abriu a boca para responder, mas desviou o olhar para Virginia e em seguida usou um tom mais baixo na voz.

– Desculpe, é que... – ela mantinha o olhar fixo no chão. – Achei que eu era capaz de consertar já que o estado dele não era tão ruim assim. Além disso, eu sabia que se você o visse, com certeza iria mandar desmanchá-lo para ficar com as peças.

– Então decidiu escondê-lo em sua cabana e pegar ferramentas as escondidas? – Bernard beliscou a ponte do nariz antes de continuar. – Se você tivesse vindo conversar comigo, eu poderia ter entendido o seu caso. Principalmente por que agora eu sei que esse robô pertence à Connor. – ele apontou na minha direção. – Ou estou enganado?

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