Parte V - Capítulo 47

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Ficar naquela situação, sem sombra de dúvidas, era pior do que ter uma resposta negativa. Quando me deitei àquela noite para dormir, procurei esvaziar minha mente para relaxar, mas a tensão era muito grande e eu acabei desistindo. Por causa disso, acabei tendo um sono desagradável, e acordei no dia seguinte com a sensação de estar carregando algo extremamente pesado em cada ombro. Mas, mesmo assim, notei que era mais tarde que o habitual, o que significava que eu havia levado mais tempo para cair no sono.

Desci as escadas e encontrei Elise e Veronica na cozinha, ambas desacompanhadas de seus respectivos ajudantes. Aproximei-me lentamente e ocupei uma das cadeiras.

– Cadê todo mundo? – criei coragem para perguntar.

– Já saíram. – Veronica respondeu. – Acredita que Elias e Yasen nem terminaram de comer?

– Estavam com tanta pressa assim?

– De fato tinham, já que parece que os barcos com os peixes chegariam mais cedo e o descarregamento tinha que ser feito até o entardecer. – ela completou dando de ombros. – Esther saiu há pouco tempo.

– Onde ela trabalha? – Elise indagou.

– Na clínica. – Veronica respondeu enquanto trazia duas canecas para a mesa. – Ela é uma das poucas médicas que decidiu atender as pessoas sem cobrar nada.

– Que bonito da parte dela.

Veronica assentiu e então fez companhia a nós durante a primeira refeição do dia. Conversamos um pouco e ela nos contou como o vilarejo costumava funcionar antes da guerra, principalmente na alta temporada, com o hotel funcionando a todo vapor. Tentar imaginar aquilo foi um exercício interessante, já que meu conhecimento do mundo antigo se resumia a um borrão de memórias. Estávamos terminando de comer quando alguém bateu na porta e Veronica se retirou do cômodo para ir atende-la, voltando instantes depois com uma ligeira expressão de surpresa no rosto. Ela caminhou ligeiramente para o lado, revelando estar acompanhada por Samuel.

– Espero não estar atrapalhando algo. – ele disse enquanto adentrava no cômodo.

– Não, na verdade, já estávamos acabando. – Elise explicou enquanto pousava a xícara na mesa.

– Foi um pouco difícil localizar vocês, mas tive sorte que um dos vendedores conhecia Elias e me disse onde encontra-lo. – confessou com ar de divertimento.

– Você deve estar congelando... Quer algo para beber? – Veronica indagou, enrugando ligeiramente a testa.

– Não se preocupe, é preciso mais do que essa neve para me deixar com frio. – ele respirou fundo e esfregou as mãos. – Eu estou aqui para conversar com eles.

– Isso significa que você tem a resposta? – Elise murmurou.

– Sim.

Comprimi os lábios e assisti em silêncio enquanto Samuel ocupava uma das cadeiras, de modo que pudesse olhar para nós dois. A apreensão era evidente em todos naquela cozinha e até mesmo Veronica parecia nervosa.

– E então? – perguntei depois de um tempo.

– Eu não achava que iria receber uma resposta tão rápido, mas aparentemente os militares estão mais receptivos do que eu esperava. – ele umedeceu os lábios antes de continuar. – Eles permitiram a travessia da balsa.

– É sério? – Elise indagou, deixando um sorriso surgir em seus lábios.

– Porém, apenas para uma pessoa. – Samuel anunciou e eu franzi o cenho, vendo-o voltar o olhar para o outro lado da mesa, onde Elise estava sentada. – Você.

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