Parte V - Capítulo 42

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Ao retornar, encontrei Elise sentada perto do fogo, que parecia ter sido aceso recentemente. Ela virou a cabeça de súbito quando a porta se abriu e relaxou visivelmente ao perceber que era eu.

– Você demorou. – ela murmurou com ar de cansaço. – Fiquei assustada quando acordei e não te encontrei aqui.

– Desculpe, não quis te acordar. – falei enquanto colocava a carabina de volta no lugar. – Willy não falou o que fui fazer?

– Sim.

Retirei a mochila do ombro e, em seguida, os animais que ali se encontravam, e os levei para o cômodo ao fundo. A hora seguinte se resumiu ao trabalho repetitivo de retirada de penas da coruja e de esfolar a lebre. Quando terminei, minhas mãos estavam sujas de sangue e o suor brilhava na testa, apesar do frio persistir no lado de fora. Trouxe a carne cortada em pequenos pedaços para perto do fogo, usando uma perna de cadeira como espeto improvisado.

– Willy, você tem algum frasco vazio? – indaguei, me aproximando das coisas que havia retirado da mochila antes de sair para caçar.

– Este ajudante acredita que há dois frascos vazios no estoque.

– Poderia me dar um, por favor? – Willy assentiu e então me entregou o recipiente de vidro transparente. – Obrigado.

– O que vai fazer? – Elise indagou, ao passo que me seguia com o olhar.

– Algo que talvez possa te ajudar.

Talvez? Isso é realmente animador.

Me limitei a não responder ao comentário e enchi o frasco com neve, trazendo para perto da lareira em seguida. Não demorou muito para o gelo derreter, diminuindo quase pela metade a quantidade que havia ali dentro. Esperei a água começar a ferver para então adicionar um pouco da mistura de ervas que Miranda havia me dado, fazendo um chá de coloração verde-amarronzado.

– Beba. – falei, entregando o frasco para Elise.

– O que é isso? – ela enrugou o nariz enquanto sentia o cheiro emitido pelo líquido.

– Miranda me deu isso pouco antes de eu ir atrás de você naquela serraria. – falei, vendo-a me fitar um pouco insegura. – Vai ajudar você a se sentir melhor.

Ela respirou fundo e bebericou um pouco, fazendo uma careta em seguida.

– É amargo.

– É, infelizmente não tem como eu alterar o sabor. – Ela esvaziou o frasco e me entregou, deixando escapar uma ligeira tosse em seguida. – Como está a febre?

– Diminuiu, mas ainda sinto como se meu corpo pesasse uma tonelada. – vi o olhar dela descer do meu rosto para o braço direito, onde o ferimento estava bastante amostra sem o casaco para cobrir. – Está ferido?

– Tive um pequeno imprevisto, só isso. – falei e depois devolvi o frasco para Willy. – Não está incomodando, não precisa se preocupar.

Ela comprimiu levemente os lábios e voltou a encarar o fogo, puxando o cobertor para mais perto do corpo.

– Acho que a carne está pronta. – Elise falou por fim, mudando o assunto da conversa.

Retirei o espeto do fogo e dividi a carne entre nós. Não era a melhor refeição do mundo, mas meu estômago agradeceu por eu estar ingerindo algo sólido e que não estivesse dentro de uma lata. Elise não parecia tão disposta a comer, mas mesmo assim eu a instiguei a ingerir um pouco mais de alimento. A carne que havia sobrado foi guardada em uma das mochilas, já que era certeza que não encontraríamos comida novamente tão cedo.

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