Levei mais tempo do que deveria para processar a informação e enfim esboçar alguma reação. Não havia qualquer sinal de vida nas redondezas e a região parecia completamente silenciosa, com o único som sendo do vento ao passar pelos esqueletos das construções. Entretanto, desde o dia em que eu o encontrei, Willy nunca havia cometido algum erro quando se tratava em detectar perigo.
– Merda. – Connor grunhiu, virando à esquerda e entrando na primeira rua disponível.
– O que está fazendo? – o desespero era evidente na minha voz e eu não procurei disfarça-lo de alguma forma.
– Tentando tomar distância. – ele respondeu, olhando constantemente pelo retrovisor, apesar de a estrada estar vazia. – Eles ainda não nos viram.
– E como sabe disso?
– Estou supondo. – Ele falou e então girou o volante novamente, adentrando em um beco sem saída. – Porra.
– O que faremos agora?
Ele olhou para trás, depois para mim e então desligou o motor. Não demorou muito para o som de um veículo ao longe começar a ser ouvido, comprovando o que Willy havia dito.
– Se abaixem.
Obedeci e vi que Willy fazia o mesmo. Minha pulsação estava acelerada e os batimentos cardíacos pareciam aumentar conforme ouvia o outro carro se aproximar pela rua. Pelo som do motor e pelo ruído metálico, deduzi que o veículo era grande, ou possuía uma lataria muito pesada. Engoli em seco enquanto ele se distanciava, aparentemente sem ter conseguido nos detectar, e relaxei um pouco. Connor voltou a ficar sentado e esperou alguns instantes até o som do carro não ser mais do que um simples ruído ao longe, que podia ser facilmente confundido com qualquer outra coisa, para então dar partida na caminhonete e retornar para a rua.
– Quem acha que eram? – perguntei, olhando de maneira atenta para a janela. – Outra milícia?
– Não. – Connor balançou a cabeça, mas vi pela expressão em seu rosto que ele não estava totalmente certo sobre aquilo. – Se a cidade estivesse tomada, não conseguiríamos entrar e percorrer todo esse caminho.
– Então quem são eles?
– Caçadores, bandidos de estrada, andarilhos... – ele respirou fundo antes de continuar. – A lista de possibilidades é gigante.
– Só espero que eles não tenham nos vistos.
– Também espero. – continuou. – Faz apenas alguns dias que saímos de uma situação complicada, não quero entrar em outra.
Quando alcançamos a área mais central da cidade, a neblina começou a se dissipar, revelando a verdadeira destruição. Haviam prédios tombados uns sobre os outros, dando a impressão de que todo aquele concreto cairia em algum momento especifico, amontoando-se com as várias pilhas de entulho já existentes.
Era quase certo dizer que aquele lugar fora alvo de um ataque na época da Guerra e agora não lhe restava nada além das cicatrizes e de um grande cemitério feito de arranha-céus. Um arrepio passou pelo meu corpo ao pensar nisso, no mesmo momento em que a caminhonete diminuía a velocidade até enfim parar.
– Que merda é essa? – Connor murmurou.
– Parece um buraco.
O asfalto a nossa frente praticamente não existia mais e em seu lugar encontrava-se uma enorme cratera, onde os dutos do esgoto podiam ser vistos. Parte das construções em volta também haviam sido afetadas e várias das fachadas tinham desmoronado, revelando suas estruturas internas. Uma fila de carros estava posta alguns metros antes, como que em um aviso para ninguém seguir adiante ou simplesmente desviar o caminho. Depois de alguns instantes ponderando, Connor virou à esquerda, passando por dentro de uma loja de conveniência e saindo em uma ruela apertada.
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Terminal 25
RomansaEm um mundo destruído pela Guerra, onde não há leis ou governo, o que sobrou da humanidade enfrenta a dura realidade de estar à mercê da sorte. Diante das dificuldades e do perigo, todos almejam ir para Nova Luz, a procura de uma vida melhor. Após a...