Capítulo 20 🌙

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LUÍSA 🌻

VOCÊ É LOUCO? – Foi a primeira coisa que eu falei quando entramos no elevador.

Vitor me encarou confuso e apertou o botão de emergências do elevador, o fazendo parar.

– Não era esse o acordo? Eu vir até aqui e negociar com o Lázaro? – Perguntou em resposta.

– Mas não estava no acordo você enfrentar o Lázaro! E nem me contratar!

Vitor passou as mãos nos cabelos fazendo uma bagunça bonita, agora entendi porque parecia que ele nunca penteava o cabelo.

– Olha, me desculpa. Eu só não estava conseguindo suportar o jeito que ele falava de você e dos outros. – Ele disse com o olhar culpado. – Você acha que pode ter perdido o emprego?

– Não, eu acho que não, afinal não falei nada o tempo inteiro. – Respondi mordendo a ponta da minha unha descascada.

– Eu percebi, por que você fez isso? – Perguntou se aproximando de mim. – Você não é do tipo que leva desaforo pra casa.

Eu dei uma risada cansada. Em dois anos trabalhando naquele lugar, aprendi que muitas vezes era melhor ficar calada do que ter a cabeça na bandeja do meu querido chefe demoníaco.

– Coisas que você aprende com a vida. – Falei dando de ombros. – Ser educada com os clientes, ter um sorriso forçado, mas que parece natural, não responder ou corrigir seu chefe, não chamar atenção, essas coisas. Você por acaso responde o seu chefe?

Vitor negou com a cabeça.

– Então, comigo é a mesma coisa, eu não respondo eles e eles fingem que eu não existo.

– Mas meu chefe é legal comigo e com os clientes. – Vitor disse se sentando no chão do elevador. – Eu só não levantei e fui embora porque eu te fiz uma promessa.

Eu me sentei ao seu lado e abracei seu braço e meu Deus, que braço musculoso.

Ele escondia aquelas toras por debaixo das mangas? Como eu nunca tinha percebido antes? Se o braço era assim, imagina o resto.

Empurrei esses pensamentos perversos para longe da minha mente com um leve balançar de cabeça.

– Obrigada. – Eu disse encostando minha cabeça em seu braço. – Sério, vou ter, pelo menos, um ano de paz.

– Imagina, mas e depois desse um ano? O que você vai fazer? – Vitor perguntou olhando para mim pelo reflexo da porta de metal. – Eu acho que não posso te "alugar" por mais tempo.

Ele fez aspas imaginárias e uma careta de nojo quando disse "alugar". Ri da sua expressão, se ele soubesse o quanto já estava acostumada com esse termo e outros muito piores.

– Eu tenho um plano. – Respondi ainda sorrindo.

– Que tipo de plano?

– Do tipo que não é da sua conta porque você não faz parte dele.

– Essa é a Luísa que eu conheço. – Vitor falou com um sorriso de covinhas. – Prefiro essa Luísa àquela que ficou em silêncio durante a reunião.

– Eu também gosto mais dessa. – Falei me analisando na porta. – Aquela era a Luísa Certinha que quase nunca aparece, mas que está dentro de mim de alguma forma.

– Todos temos milhões de eu's dentro de nós, só precisamos descobrir como usa-los e você faz isso muito bem.

– Você poderia ter deixado o Vitor Encrenqueiro para outra hora. – Comentei levantando o olhar para Vitor que abaixou o seu.

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