VITOR 🎈
DEPOIS DOS PARABÉNS, as pessoas (e o gato) começaram a ir embora, ficamos apenas eu, Luísa, Vicente e Beethoven no apartamento. Meu irmão mais novo iria dormir lá.
Ofereci carona para a ruiva que aceitou de bom grado, avisei o Vicente que iria levar a Luísa embora e que provavelmente demoraria, ele apenas concordou e continuou arrumando um cantinho para o cachorro dormir.
O caminho foi silencioso, apenas as músicas que eu gostava preenchia o ambiente. Quando chegamos no prédio, ambos descemos do carro e paramos em frente ao portão de entrada.
– Obrigado. – Eu disse.
– Imagina, não foi nada demais. – Luísa respondeu com um sorriso doce nos lábios.
– Como não foi nada demais? Você planejou um festa surpresa pra mim e foi incrível. – Falei me encostando na mureta. – Esse dia tinha tudo para ser horrível, eu não estou mais com a Thalia, meu pai não fala comigo desde o Ano Novo, minha mãe está fingindo que está tudo bem quando eu sei que tá foda pra caralho pra ela, meus amigos trabalharam o dia inteiro, sério, você salvou o meu dia.
– Eu imaginei que o seu dia ia ser meio ruim, então decidi fazer algo que fizesse você pelo menos se lembrar de alguma coisa boa do seu aniversário de 27 anos. – Ela disse dando de ombros. – Não estava nos meus planos você aparecer aqui em casa às 10h00m da manhã, mas foi melhor ainda porque consegui te distrair o dia inteiro e o pessoal conseguiu ajeitar o seu apartamento a tempo.
– Agora eu entendi porque o Vicente apareceu lá em casa às 8h00m durante as suas férias.
Nós rimos e nos olhamos de maneira intensa, eu estendi minha mão e ela a aceitou se aproximando mais de mim, enrosquei meus braços em volta do seu pequeno corpo e senti seus braços agarrarem a minha cintura, a ruiva me encarava e seus olhos imploravam para eu ir mais além, para eu dar mais um passo, mas o que não sabia o que sua mente, seu lado racional queria que eu fizesse. Decidi deixar a minha consciência que clamava para não fazer nada de lado e seguir a voz do meu coração que pedia para sentir os lábios macios da Luísa contra os meus, pedia para sentir seu coração bater junto ao meu em um ritmo descompassado, pedia para que nossas respirações se misturassem e se tornassem uma só.
Meu abrigo era em seus braços.
Inclinei a cabeça para poder alcançar a boca da ruiva, mas quando já estava conseguindo sentir seu narizinho tocar o meu, Luísa afastou a sua cabeça e pigarreou.
– Já está tarde é melhor eu entrar. – Ela disse me soltando.
Eu deixei que a ruiva saísse do meu abraço com relutância, queria beija-la, queria poder ficar abraçado por horas com ela, mas não poderia fazer isso, ela não queria isso, não estava apaixonada por mim, ela não me queria.
– Então, é isso. – Luísa disse com um sorriso sem graça. – Obrigada pela carona.
– Que isso, era o mínimo que podia fazer depois de um dos melhores aniversários que já tive. – Falei com o mesmo sorriso amarelo.
– Boa noite, Vitor.
– Boa noite, Luísa.
Eu me aproximei e dei um beijo no canto da boca da ruiva e fui até o carro me encostando no mesmo e esperando a Luísa entrar para poder ir embora com a certeza de que ela estava bem.
Depois que a perdi de vista, entrei no carro e olhei as horas. 00h01m, já não era mais dia 15 de janeiro, já não era mais o meu aniversário e o meu pai não tinha me mandado uma mensagem sequer.
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EntreVidas 🌙
Teen FictionLuísa é uma garota de programa que odeia o que faz, ela entrou nessa vida pela necessidade, todos os dias espera se livrar do emprego, até que descobre que há algo muito errado com o clube em que trabalha. Vitor tem o emprego perfeito, a família per...