Capítulo 67 🌙

4 2 0
                                    

LUÍSA 🌻

TUDO ATÉ ENTÃO TINHA SE PASSADO RÁPIDO DEMAIS, o pisão, a cotovelada, os tiros, mas o corpo de Vitor caiu devagar na minha frente, como se estivesse em câmera lenta para me agonizar ainda mais.

Vinicius perdeu a paciência com Lázaro e atirou na mão que segurava a arma e depois em sua perna.

Me agachei diante de Vitor, com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, nem tinha tentado segura-las, sabia que não conseguiria, ver o amor da minha vida, ali estirada na minha frente com uma bala em seu peito que deveria ter me acertado era a terceira coisa mais dolorosa pela qual já passei, ficando atrás da morte da minha mãe e a rejeição do meu pai. Sentia que meu coração já não batia mais, parecia que o oxigênio não existia naquela sala, parecia que o mundo tinha parado de girar, o meu mundo tinha parado de girar.

As gotas cristalinas que saiam de meus olhos, caiam em cima do rosto de Vitor que abriu os olhos com dificuldade. Coloquei sua cabeça em meu colo e acariciei seus cabelos ondulados.

– Ei, não chora, meu amor, está tudo bem. – Vitor disse com a voz baixa, enquanto limpava as minhas lágrimas.

– Não, não está tudo bem, você foi baleado, você me prometeu que todos ficariam bem! – Falei desesperada.

– Lu, não se preocupe comigo, sempre estarei aqui com você e sempre vou te amar, meu amor, sempre. Você me ensinou que amar vai muito além de beijar e transar, vai muito além de simplesmente gostar da pessoa, você me ensinou que amar é estar ao lado de quem gosta mesmo sem poder toca-la, é dar apoio, é estar presente nos momentos bons e principalmente nos ruins, você me ensinou a ser uma pessoa melhor e eu nunca vou te esquecer. Eu te amo, Luísa, você foi a melhor coisa que já me aconteceu.

– Eu te amo, Vitor, nunca vou te esquecer, meu amor, nunca, você foi a minha mais linda dor.

Fechei meus olhos e encostei a minha cabeça na mão de Vitor, aproveitando para dar um beijo na palma e a cobrindo com a minha mão, sentindo o carinho sendo feito pelas suas mãos quentes...

Espera, o que?

Abri os meus olhos e com mais calma percebi que Vitor não estava sangrando, não escorria uma gota sequer de sangue de seu peito. Olhei mais atentamente o formato de seu tronco reparando que estava quadrado e elevado demais. Com delicadeza, levantei um pouco a gola da camiseta preta que usava e vi uma espécie de colete acolchoado.

Vinicius se aproximou de nós e encarou o irmão mais novo deitado no chão, sem pensar duas vezes, o chutou de leve nas costelas.

– Vai, levanta daí, deixa de drama, a garota vai ficar desidratada de tanto chorar. – Vinicius falou colocando as mãos no bolso. – Vamos, conta logo que tá com um colete à prova de bala, garoto.

– O QUE?!

Vitor abriu um dos olhos e observou seu irmão que tentava segurar a risada.

– Seu estraga prazeres, tava divertido. – Ele falou cruzando os braços e fazendo biquinho.

– Só se for pra você, porque a Luísa já tava quase infartando. – Vinicius falou e sorriu pra mim. – Pode matá-lo à vontade.

Então se afastou, me deixando com um Vitor com um sorriso de "Fiz besteira, me perdoa" nos lábios.

– Que bom que está vivo porque agora posso te matar. – Falei entredentes.

Levantei a mão para lhe dar um tapa no braço, mas Vitor a segurou, tentei o mesmo movimento com a outra, porém fui impedida da mesma forma.

EntreVidas 🌙Onde histórias criam vida. Descubra agora