Capítulo 30 🌙

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LUÍSA 🌻

A BOCA DE VITOR ERA MACIA e tinha um leve sabor de chiclete de menta que tinha mascado no carro vindo para cá misturado com o sabor da minha pasta de dente.

A sensação de beija-lo era maravilhosa, me sentia completa como nunca antes, sentia que o relógio havia parado, o mundo não girava e só existia nós dois naquele enorme Universo.

Eu estava em êxtase, mas, infelizmente, aos poucos fui recobrando a minha maldita consciência que não parava de gritar:

QUE PORRA QUE VOCÊ TÁ FAZENDO, LUÍSA CARDOSO??????????

– Não. – Eu disse no meio do beijo e empurrei Vitor para longe de mim.

O que foi que eu fiz?

O que foi que a gente fez?

Congelei pensando na burrada que tinha acabado de fazer, eu não deveria beija-lo, afinal aquele contrato assinado era apenas uma faixada para me ver livre do Paradise por um tempo, enquanto eu analisava as pistas que tínhamos encontrado e pensava em um plano para por em ação, não era para eu estar beijando o meu chefe.

Aí, meu Deus, eu beijei o meu chefe!

– Me desculpa. – Vitor disse me tirando dos meus devaneios.

– A gente não deveria ter feito isso. – É tudo o que consegui dizer.

Minha cabeça estava com um milhão de pensamentos, mas a minha boca só conseguia formular aquela mísera frase. Meus lábios imploravam para que o meu cérebro parasse de tentar processar o que estava acontecendo e o beijasse de novo, meu corpo ansiava por mais dos seus toques, mas minha mente não correspondia aos seus pedidos.

– Por que não deveríamos ter feito isso? – Vitor perguntou parecendo magoado.

– Porque o há entre nós deveria ser tudo uma faixada, nosso contrato é uma farsa, não devíamos ter feito o que acabamos de fazer. – Disse tentando organizar os meus pensamentos.

– Mas e se não quisermos mais que seja apenas uma faixada? – Perguntou me analisando. – E se quisermos tornar isso aqui mais real? – Ele apontou para nós dois.

– Não pode ser real.

– E por que não?

– Porque eu não te mereço. – As palavras saíram da minha boca sem que eu percebesse. – Você é um cara incrível, gentil, engraçado, inteligente, muito bondoso e puro, merece muito mais do que uma garota de programa.

– Luísa, não diga isso, você também é pura.

– Não, eu não sou! – Explodi e me levantei da cama. – Eu transo por dinheiro, Vitor, eu faço as maiores baixarias que você pode imaginar por uma porra de um pedaço de papel!

– Luísa, se acalma, foi só um beijo. – Vitor disse também se levantando e erguendo as mãos em sinal de paz.

– Foi só um beijo agora, mas e depois? – Cuspia as palavras sem nem mesmo processa-las. – Um beijo pode nos levar além e isso não pode acontecer, eu sou uma puta e você um principe com cavalo branco e fiéis escudeiros, sabe quando a puta e o príncipe vão ficar juntos? NUNCA!

Eu não sabia dizer o que tinha me deixado tão nervosa, acho que era o medo da possibilidade de Vitor estar se apaixonando por mim ou a possibilidade de eu estar me apaixonando por ele, mas de qualquer forma, o nosso amor nunca poderia dar certo, afinal eu iria trai-lo todas as noites com dezenas de pessoas diferentes, eu não podia deixar que ele se apaixonasse por mim.

E eu não queria me envolver com ninguém, não poderia deixar que entrassem no meu coração e marcassem a minha alma de novo, não poderia deixar o meu coração rachado, ser quebrado mais uma vez.

Eu andava pelo micro apartamento parecendo uma louca varrida, mas eu estava perdida em relação ao que estava sentindo naquele momento, e com medo do que aquilo poderia causar, do quanto eu poderia machucar a pessoa que já se feriu demais nos últimos tempos e no quanto eu poderia me ferir novamente.

– Vai embora. - Falei de costas para Vitor. – Por favor, vai embora.

– O que? Mas...

– Vitor, não deixe as coisas mais confusas, por favor me deixa sozinha por alguns dias, eu preciso pensar. – Pedi e ele concordou.

Vitor caminhou o curto trajeto até a porta com uma cara tão confusa que não estava conseguindo processar.

– Falo com você outro dia? - Ele perguntou

– Eu te procuro. – Respondi e bati a porta na sua cara.

Me agachei no chão encostando a cabeça na porta.

Por que ele tinha que me beijar e me mostrar o quanto estava apaixonada sem nem mesmo nome dar conta?

🌻🎈

VITOR 🎈

Eu estava apaixonado pela Luísa.

Foi essa conclusão que tinha chegado.

Eu estava apaixonado pela Luísa.

Por que fui beija-la?

Por que respondi aos meus instintos mais primitivos?

Por que não fui racional como todas as outras vezes na minha vida?

Luísa era uma garota apaixonante, eu não podia negar isso, ela era especial e um pouco misteriosa com a sua vida pessoal, sem contar como ela colocava os outros acima de si.

Eu dirigia de volta para a minha casa com a cabeça na Luísa, com a alma naquele minúsculo apartamento, ali dentro do carro era apenas um corpo vazio indo em modo automático para seu apartamento fazer sabe-se lá o que.

Eu não entendia a reação da Luísa em relação ao beijo, ela tinha correspondido, ela estava tão entregue quanto eu, não tinha sido roubado, nos dois estávamos lá de corpo e alma, mas talvez sem nenhuma consciência.

Eu estava confuso, não tinha problema nenhum em admitir que estava gostando da ruiva, mas ela era o oposto, parecia tentar me empurrar para o mais longe possível naquele momento. Será que eu causava o mesmo sentimento nela que ela estava causando em mim?

Eu iria respeitar a sua decisão de me manter longe por um tempo.

Mas por quanto tempo?

Eu queria estar ao lado dela, queria ouvi-la me desafiar e fazer suas piadinhas sobre os meus gostos, mas ela parecia assustada em relação ao beijo.

Talvez quisesse aquilo, mas não conseguia admitir para si mesma ou tinha medo de admitir para si mesma.

Eu não sabia o que pensar, não sabia o que fazer.

Cheguei em casa e me joguei na minha cama. Eu só esperava que esse "tempo" não fosse longo demais.

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