EntreVidas 🌙

Capítulo 35🌙

LUÍSA 🌻

ACORDEI COM UM PENSAMENTO MARTELANDO A MINHA CABEÇA: ERA ANIVERSÁRIO DO VITOR.

Não tinha lhe mandado mensagem ainda porque queria dar pessoalmente, daria um jeito de vê-lo, parabeniza-lo e ainda tinha planejado uma surpresa para ele, mas o que eu não esperava era que o próprio aniversariante viria atrás de mim logo cedo.

Quando vi Vitor na minha frente em uma terça-feira antes das 10h00m fiquei confusa, mas o abracei e lhe dei o presente que tinha comprado.

O rapaz dos olhos verdes sorriu amarelo, mas abriu o presente com animação ficando muito feliz ao ver um par novos de all star e um moletom de FRIENDS que era a nossa série favorita.

Mas "Feliz" não seria uma palavra que usaria para descrevê-lo naquele dia, muito menos "Animado".

– Ei, o que foi? – Perguntei me sentando ao seu lado no meu sofá e tocando em seu joelho. – É o seu aniversário, deveria ser o melhor dia do ano inteiro!

Vitor deu um meio sorriso.

– Eu sei, mas não é fácil ficar feliz no seu aniversário quando seu pai te odeia e sua mãe finge que está tudo bem em relação ao divórcio, quando, na verdade, tá tudo um caos.

– Seu pai ainda não superou que o Vicente não o escolheu?

– Acho que ele nunca vai superar. – Comentou encarnado o chão. – Ele disse que eu fiz a cabeça do meu irmão contra ele, que eu o comprei para ir morar comigo, sendo que era ele que estava fazendo isso! Ser acusado pelo meu pai era a última coisa que eu pensei passar nessa vida.

Eu lhe dei um abraço meio torto, já que estávamos um do lado do outro, mas Vitor conseguiu deitar a cabeça em meu colo e eu fiquei fazendo trancinhas e desfazendo-as do seu cabelo negro e cacheado.

A conversa da tarde de Ano Novo tinha matado Vitor de varias maneiras, o pai dele era um grande babaca e não merecia o filho que tinha, ele havia acusado o Vitor de sedutor, disse que Vinicius se vendeu para o irmão do meio, chamou Vicente de cabeça fraca, xingou a mãe deles de vadia filha da puta e falou que o avô era um velho caduco que não sabia de nada que iria morrer logo.

Ah, e disse também que daria uma festa no dia da morte do ex-sogro.

Vitor me disse que o pai estava claramente bêbado, devia ter bebido todas as suas garrafinhas de pinga da sua coleção e acabou descontando a raiva de perder o melhor cargo do hospital nele e na sua família, mas depois desse showzinho, o cara pegou sua mala, foi embora e não deu mais notícias.

Vitor me ligou, desesperado na noite do primeiro dia do ano, conversamos por horas no telefone e eu acho que consegui acalma-lo um pouco. Mandei mensagem para Samuel e Felipe e os dois já sabiam o que havia acontecido e estavam indo para casa do amigo.

– Por que você não está trabalhando? – Perguntei para puxar assunto.

– É o meu dia de folga. – Respondeu sem mais detalhes.

Era estranho conversar com o Vitor Depressivo, ele não puxava assunto, não me dava os detalhes da sua vida, não me perguntava como tinha sido a minha noite e o meu dia anterior, apenas ficava em silêncio encarnando alguma coisa com o pensamento longe.

Toda aquela tristeza estava me dando agonia, então achei melhor fazer alguma coisa para anima-lo.

– Já que você está aqui, por que não fazemos alguma coisa juntos? – Perguntei.

– Tipo o que?

– Tipo ir para algum lugar. – Falei e pensei por alguns instantes. – Que tal a Galeria do Rock? Você já foi lá?