Capítulo 19 🌙

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VITOR 🎈

LÁZARO ME DEU UM SORRISO ÁCIDO, MECÂNICO. Talvez não estivesse acostumado a lidar com clientes com a língua afiada, talvez todos se submetessem a ele, mas eu não era como os outros.

– Muito bem, então, vamos começar de novo. – Lázaro disse e me estendeu sua mão. – Lázaro Teixeira, dono da maior rede de sex club do país, o Paradise.

Estiquei minha mão novamente e peguei a sua. Lázaro apertava a minha mão com força como se quisesse quebra-la por tê-lo desmerecido em frente a duas funcionárias, mas não me abalei e apertei com mais força a sua mão.

– Vitor Guimarães, analista de investimentos. – Falei sisudo.

– E filho de Rogério Guimarães, o dono do Hospital Santa Mônica. – Lázaro complementou.

– Eu sou filho da Beatriz Borges Guimarães também, que é a verdadeira herdeira de uma parte do hospital, o meu pai só deu sorte de se casar com ela e de se tornar presidente. – Retruquei.

Existia quatro coisas que me irritavam profundamente: primeira, quando focavam nas posses das minhas famílias; segunda, quando se aproximavam de mim pelo dinheiro que os meus pais possuíam; terceira, quando desvalorizavam a minha mãe apenas por ela não ter feito medicina, mas publicidade; e quarta, quando esqueciam que a minha mãe era a verdadeira herdeira do hospital.

Tudo bem que o meu avô escreveu em seu testamento que a parte da minha mãe iria para o meu pai, mas ninguém sabia disso além da minha família, então ninguém tinha o direito de desmerecer a minha mãe.

– Certo, sinto muito. – Lázaro disse, mas eu sabia que ele não sentia nada, estava apenas falando para me agradar. – Então, você quer alugar uma das minhas garotas.

Alugar.

A palavra me deu ânsia e senti nojo daquele homem na minha frente, acho que nunca tinha sentido nojo de alguém em toda a minha vida.

Como ele era capaz de tratar seres humanos como objetos? Objetos de prazer ainda por cima, provavelmente os via como maquinas feitas para transarem até não poderem mais, provavelmente se esquecia que dentro daqueles corpos esbeltos existia um cérebro pensante ou um coração pulsante ou uma alma aflita ansiando pela liberdade.

Eu conseguia ver nos olhos da Luísa, do Miguel e de outros garotos e garotas que eles já estavam no seu limite, que por trás daquelas máscaras com sorrisos perfeitos, existiam mentes conflitantes e corações agoniados, mas Lázaro via apenas uma coisa: dinheiro.

O dinheiro que esses rapazes e moças lhe proporcionavam, o dinheiro de um bêbado querendo sexo, o dinheiro de um show de strip, o dinheiro mais sujo que eu já vi.

– Eu não quero "alugar" nenhuma das "suas" garotas. – Finalmente respondi a sua pergunta fazendo aspas com os dedos nas palavras alugar e suas. – Eu quero contratar os serviços de acompanhante de luxo de uma das suas funcionárias, que no caso é a Luísa.

– Para que você precisa de uma acompanhante de luxo? – Lázaro perguntou direto.

– Irá acontecer alguns eventos importantes no hospital dos meus pais e eu terminei com a minha noiva recentemente, então para não ir sozinho a esses eventos, decidi que era melhor contratar alguém para ir comigo. – Eu tinha a resposta na ponta língua.

Samuel e Felipe me ajudaram a formular perguntas para aquele momento e qual seria a melhor resposta. Passamos a noite anterior quase inteira fazendo isso.

– Muito bem, então você veio ao lugar certo. – E lá estava o sorriso que de dava arrepios novamente.

Lázaro fez um sinal para Jaqueline e ela saiu da sala. Ele se voltou para mim e para Luísa ainda com aquele sorriso asqueroso.

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