Capítulo 61 🌙

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LUÍSA 🌻

PARECIA QUE NÃO EXISTIA NADA AO MEU REDOR, apenas a minha família sentada naquela mesa. Eles estavam felizes, estavam bem sem mim. Claro que eu estava feliz por ver que eles estavam seguindo em frente, mas também me machucava vê-los, já tinha 6 meses desde a última vez que os vi e eles não tinham mudado nada.

Meu pai continuava com a sua expressão calma, o mesmo ar de exaustão e o mesmo sorriso cansado, mas agora eu via uma ponta de tristeza em seus olhos castanhos. Davi ainda era aquele garoto fechado que não falava com ninguém, mas que estava sempre ali quando necessário, sempre sorrindo quando alguém dizia algo engraçado, ele ainda tinha o brilho no olhar, o ar de seriedade. Clara estava com o cabelo um pouco mais comprido, mas o seu jeito de garota tímida ainda estava lá, ela contava alguma coisa para os outros dois e seus olhos brilhavam de emoção, talvez fosse algo relacionado a sua faculdade.

Não estranhei o fato de Mirela não estar junto deles, nos últimos tempos, ela não dava muita atenção para a família mesmo, não duvido nada que estivesse se drogando em algum lugar.

– Luísa! – Miguel gritou ao meu lado me chacoalhando. – Garota, onde você tá com a cabeça?

– Desculpa, eu só... Podemos ir embora, por favor? – Perguntei ainda sem olhá-lo.

– Mas o que aconteceu que... – Miguel seguiu o meu olhar e encontrou a minha família se divertindo, então ele assentiu. – Claro, vamos embora, Lu.

Meu amigo passou os braços envolta dos meus ombros e eu abracei a sua cintura e andamos em direção a saída.

– Se você ainda quiser comer massa, conheço um ótimo restaurante italiano perto de casa. – Miguel falou e beijou a minha têmpora.

– Pode ser, eu ainda estou morrendo de fome e com vontade de comer lasanha. – Respondi com um risinho.

Nós continuamos a conversa até a saída, quando estávamos prestes a descer as escadas rolantes ouvi alguém me chamar e eu conhecia aquela voz fina muito bem, me virei e encontrei Clara correndo na minha direção.

Sai da frente das escadas e fui ao seu encontro, a abraçando com todas as minhas forças, como eu senti saudades da minha irmãzinha, como ela era importante para mim, quão bom era sentir seu perfume doce novamente, quão bom era sentir seus braços me rodearem com força como se me pedissem para que nunca fosse embora.

Eu me sentia em casa.

Nos separamos e percebi que estava chorando e Clarinha também. Seus braços continuaram na minha cintura, enquanto eu segurava o seu rosto e limpava suas lágrimas, eu sentia uma necessidade de observar cada detalhe do rosto da minha irmã, precisava saber o que tinha mudado nos últimos meses nela, precisava saber o que eu tinha perdido nos últimos meses.

– Oi. – Falei sorrindo que nem boba.

– Oi. – Clara disse sorrindo na mesma intensidade. – Como você tá?

– Digamos que bem, mas e você? O papai? O Davi e Mirela? Eu vi que ela não estava com vocês, aconteceu alguma coisa? – Derramei as perguntas que me atormentavam todos os dias.

Clara riu e se deitou a cabeça no vão entre o meu pescoço e o ombro.

– As coisas mudaram bastante lá em casa, você faz muita falta. – Ela disse quase em um sussurro. – Tantas coisas acontecerem desde o carnaval, nós precisamos conversar, Lu.

Clara se desencostou de mim e me analisou da mesma forma que eu estava fazendo minutos atrás.

– Podemos marcar um encontro, aí contamos tudo o que precisamos uma para outra, o que acha? – Sugeri e ela assentiu. – Perfeito, poderia ser na sua casa, Miguel?

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