Capítulo 31 🌙

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LUÍSA 🌻

A MÚSICA ALTA QUASE ESTOURAVA OS MEUS TÍMPANOS, a bebida desacelerava os meus pensamentos, a nicotina corria pelas minhas veias, diferentes pessoas passavam suas mãos pelo meu corpo, mas, pela primeira vez, eu não me importava.

A única coisa que eu queria era não pensar.

Mas era o que eu estava fazendo, mesmo com a música alta, a bebida, a nicotina e as pessoas passando a mão em mim.

Era o meu aniversário e o Miguel deu a ideia de nós e nossos amigos irmos a uma balada na Baixo Augusta. Ele parecia com a cabeça tão cheia quanto a minha, mas nenhum dos dois parecia querer conversar sobre o que estava nos perturbando.

A única coisa que eu desejava nesse aniversário de 24 anos era poder voltar no tempo e impedir que Vitor me beijasse, ou melhor que ele nunca nem tivesse me procurado ou que aquela vadia filha de uma puta não o tivesse traído, aí eu não estaria no meio de uma balada bêbada para caralho e pensando no Vitor.

Argh! Por que eu não consigo parar de pensar nele?

Beijei algumas pessoas durante a noite, mas nenhuma delas chegavam nem perto da sensação deliciosa que era beijar o Vitor, algumas pessoas me tocavam, mas não era como os toques do Vitor e eu tentava relaxar, mas o Vitor não deixava.

Camila Cabello tocava no último volume, mas ela não conseguia calar meus pensamentos.

Laura me ignorava, Marina e Igor se pegavam em um canto, Rebeca beijava um cara que nunca vi na vida e Miguel chorava no ombro do barman.

Espera, Miguel chorava no ombro do barman?

Parei de dançar e olhei para a cena mais cômica da minha vida. Miguel estava sentado no balcão abraçado a um barman que não tinha uma cara muito amigável, mas que era muito bonito, diga de passagem, e chorava sem parar.

Me aproximei rindo como uma idiota, tentei segurar a risada, mas o álcool no meu sangue não ajudava muito.

– Oi. – Falei com um risinho.

– Desculpa, moça, mas não vou poder te atender agora. – O cara disse até que gentil, acho que só a cara era de mal educado.

– Ah, tudo bem porque o meu pedido é um bêbado chorão. – Ri da minha própria piada tosca, mas o moço continuou com a cara séria e empurrou Miguel até que ele se soltasse do seu corpo.

Com certa relutância, meu amigo se soltou do barman, mas ficou feliz em me ver. Ele se jogou em cima de mim e começou a chorar de novo.

Bêbado chorão é uma merda.

Decidi que era melhor não deixa-lo daquele jeito no meio da balada e o levei para o banheiro masculino que estava vazio. Tranquei a porta e me virei para Miguel que olhava para os lados tentando se localizar, sua boca formou um O perfeito e me encarou.

– Esse aqui é o banheiro masculino! – Comentou o óbvio.

– E o quê que tem? – Perguntei pensando se deveria me sentar ou não no chão.

– Você é menina!

– Jura? Nunca tinha percebido! – Respondi com ironia.

Miguel riu como se o que eu tivesse dito fosse a melhor piada do mundo e aquilo acabou me fazendo rir também, nos aproximamos e nos abraçamos e quando percebi estávamos os dois chorando um no ombro do outro.

– Quer conversar? – Perguntei o apertando.

Ele aceitou a minha ideia e fiz menção de se sentar no chão, mas Miguel me impediu.

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