LUÍSA 🌻
– MEU DEUS, VITOR, VOCÊ VAI ACABAR PASSANDO MAL! – Eu alertei realmente preocupada com a saúde do seu estômago.
O cara dos olhos verdes riu e se encostou contra a cadeira.
– Relaxa, é um lanche de mortadela. – Vitor falou como se fosse um simples lanchinho natureba.
– É um lanche com mais de 300 gramas de mortadela! Você vai vomitar até mesmo as suas tripas!
Vitor se inclinou para frente com um olhar desafiador, apoiou os cotovelos na mesa e sorriu sapeca.
Lá vinha coisa.
– Que tal uma aposta? – Perguntou com um meio sorriso.
– Que tipo de aposta? – Questionei em resposta.
– Se eu conseguir comer o lanche inteiro e não passar mal, você me dá R$ 20,00, mas se eu não aguentar o lanche ou passar mal, eu te dou R$ 20,00. O que acha?
Eu analisei sua proposta. Era óbvio que Vitor iria por até a sua bile para fora, era quase meio quilo de mortadela, não tinha como perder.
Eu sorri de lado e estiquei a mão em sua direção.
– Fechado.
– Perfeito.
Ir ao Mercado Municipal de São Paulo para mim era sinônimo de nostalgia, quando criança, uma vez por mês, via a minha mãe indo a feirinha da madrugada e desejava ir com ela, mas só pude ir quando já tinha uns 12 anos e na volta, parávamos no mercadão para comer pastel e minha mãe contava da primeira vez que tinha carregado o meu pai até ali e como detestou o lugar por estar cheio de gente e nunca ter onde parar o carro.
Ir com Vitor era diferente, nos não fomos na feirinha, não compramos roupas de péssima qualidade, nem bijuterias que eu sabia que ficariam pretas no dia seguinte, ele não iria comer pastel e nem contar como Thalia odiava aquele lugar, invés disso, nós marcamos de última hora, e estávamos conversando bobagens sobre nossas vidas e vendo o quão diferentes e parecidas elas conseguiam ser, porque o ser humano é assim, igual em n coisas, mas diferente por outras n.
Estar ali com Vitor era bom, claro que não tinha aquela sensação de família, mas me trazia um sentimento que há muito tempo eu não tinha sentido: lar. Uma palavra tão pequena, mas com tantas emoções envolvidas, como uma pessoa que conhecia há menos de seis meses me fazia ter esse sentimento?
Uma bolinha de papel voou em minha direção e bateu na minha testa, me acordando do transe que tinha entrado.
Vitor riu da minha cara de assustada e inclinou a cabeça um pouco para o lado ainda sorrindo com aquelas covinhas.
Malditas covinhas.
– No que você está pensando? – Perguntou curioso. – Sua cabeça tava tão longe.
– Na minha mãe. – Respondi sincera. – Quando era menor, eu e minha mãe vínhamos aqui sempre e desde que ela faleceu, eu não vim mais.
– Sinto muito, Luísa, não queria te deixar triste. – Vitor falou com certa preocupação.
– Não é um sentimento de tristeza exatamente, está mais para uma nostalgia que há muito tempo eu não sentia.
Vitor ficou em silêncio, parecia ponderar as minhas palavras, pois tinha uma expressão séria no rosto.
– Eu queria dizer que entendo, mas eu e a minha família nunca fomos de fazer coisas juntos. – Vitor disse com uma expressão triste. – Isso é ruim? Não ter memórias em família?
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EntreVidas 🌙
Teen FictionLuísa é uma garota de programa que odeia o que faz, ela entrou nessa vida pela necessidade, todos os dias espera se livrar do emprego, até que descobre que há algo muito errado com o clube em que trabalha. Vitor tem o emprego perfeito, a família per...