VITOR 🎈
– VALEU, MANO, POR ME DEIXAR FICAR POR AQUI ESSES TEMPOS. – Agradeci pegando algumas caixas que estavam no carro.
– Imagina, cara, você é tipo um irmão, não podia te deixar na rua. – Felipe respondeu me ajudando. – E não se preocupe em ir embora, você pode ficar o tempo que precisar.
Nós subimos com parte das minhas coisas e colocamos no meu quarto provisório. O lugar estava com um pouco de poeira e atacando a minha rinite, mas nada que uma limpeza não resolvesse. Pegamos os produtos e materiais de limpeza e começamos a faxina.
– Onde você estava dormindo nesses dias? – Felipe perguntou passando pano na prateleira.
– Em um hotel.
– Ah, mas eu não acredito. – Ele se virou para mim e uma mecha do seu cabelo loiro comprido caiu sobre os seus olhos. – Por que você não veio para cá logo na segunda?
– Eu não queria incomodar. – Respondi envergonhado. – Já estou me sentindo muito abusado com você me ajudando a limpar o meu quarto temporário.
– O seu quarto oficial, você quer dizer. – Felipe falou tacando o pano cheio de poeira em cima de mim, me fazendo espirrar sem parar. – Nós vamos dividir as contas, não vamos? – Eu concordei. – Então, esse quarto é seu e esse apartamento também.
Eu assenti com um sorriso. Quando terminamos de limpar, comecei a arrumar a cama com um lençol que roubei do meu antigo apartamento.
Bem, na verdade, se fui eu que paguei, então ele me pertence, logo não foi um roubo, foi uma retomada de posse.
É, acho que a Luísa tinha razão, eu sou materialista, pensei me surpreendendo com com o que acabou de passar pela minha cabeça.
Coloquei boa parte das minhas coisas no seu devido lugar, ainda bem que a Thalia fazia shiatsu de quarta a noite e eu pude pegar o restante dos meus pertences, tudo bem que depois recebi uma mensagem de voz dela chorando desesperada, mas foi só bloqueá-la que deu tudo certo.
Perto do meio dia, avisei Felipe que iria almoçar com a minha família como em todo domingo e parti do Brooklin para o Jardins.
🎈
Como em todo domingo, eu e minha família estávamos sentados à mesa, esperando o almoço ser servido, meus pais estavam em pontas opostas se encarando de maneira estranha, alguma coisa estava errada.
Havia um silêncio esquisito, eu e os meus irmãos nos olhávamos, mas não dizíamos nada, a tensão na sala chegava a ser palpável.
Com o olhar tentei perguntar para o meu irmão mais novo, Vicente (o único que ainda morava nessa casa) se ele sabia o que estava acontecendo, mas a única resposta que recebi foi um dar de ombros de "Não faço a mínima ideia", mas também poderia ser "Eu não estou entendendo o que você está querendo dizer."
Minha mãe pigarreou chamando a nossa atenção, ela deu um sorrio forçado, enquanto dona Cícera servia a comida.
– Então, como foi a semana de vocês, meninos? – Minha mãe perguntou.
Revirei os olhos, essa era a parte mais chata do almoço em família de domingo, o resumo da semana, geralmente era sempre a mesma coisa, Vinicius se gabava dos casos que tinha ganhado, Vicente dizia como tinha sido um saco suas aulas e que não, ele ainda não tinha conseguido uma namorada, depois eu falava da minha semana tumultuada no Bovespa, meu pai fazia uma análise de cada paciente que passou pelo seu consultório e por fim, minha mãe nos contava as fofocas do restante da família e do condomínio em que morava.

VOCÊ ESTÁ LENDO
EntreVidas 🌙
Novela JuvenilLuísa é uma garota de programa que odeia o que faz, ela entrou nessa vida pela necessidade, todos os dias espera se livrar do emprego, até que descobre que há algo muito errado com o clube em que trabalha. Vitor tem o emprego perfeito, a família per...