LUÍSA 🌻
EU ESTAVA NAMORANDO.
Era só isso que importava.
Depois de três anos sozinha, repetindo para mim mesma que não precisava de uma pessoa ao meu lado para me sentir feliz, que eu era autossuficiente e que não permitiria que ninguém mais se aproximasse de mim daquela maneira, eu estava namorando.
E com o melhor cara do Universo.
Eu já sabia que Vitor fazia o tipo do romântico-brega, mas não imaginava a intensidade disso, admito que até gostava do seu jeitinho exagerado.
Não contamos aos nossos amigos naquele dia que estávamos juntos, mas com certeza, eles perceberam algo diferente entres nos dois.
Miguel iria me matar por não lhe contar no mesmo dia.
Eu já estava cansada de procurar algo descente naquela televisãozinha (sério, os canais abertos estão indo de mal a pior), o bip repetitivo estava me irritando, aquele cateter no meu braço estava meio dolorido e tinha deixado o meu braço inchado, a cama era meio dura e os travesseiros meio murchos, isso sem contar que ainda não tinham me contado o que tinha acontecido comigo.
Miguel, Laura, Samuel, Clara e Vitor iriam passar a noite comigo, ou melhor, a madrugada. Eu já sabia que tinha ido para um hospital público, mas Vitor conseguiu transferência para o Santa Mônica, já sabia que tinha ficado mais ou menos 36 horas apagada, mas ainda não sabia o que tinha me levado até aquele lugar.
Os meus amigos conversavam entre si, por volta das 2h00m, um magrelo alto e careca adentrou a sala. Ele possuía um sorriso simpático em seu rosto e logo notei que ele tinha o hábito de empurrar seus óculos pelo seu longo nariz.
– Olá, Luísa, eu sou o doutor Marcio e estou cuidando do seu caso. – O magrelo se apresentou, esperava que tivesse uma boa desculpa por demorar tanto para aparecer. – Desculpa a demora, mas tivemos um caso de apendicite e não tinha ninguém para operar, então acabou sobrando pra mim.
Ok, era uma boa desculpa.
Eu já tinha tido apendicite na adolescência e sabia como a dor era insuportável.
– Que bom que acordou, se lembra de algo? – Prosseguiu a dizer procurando alguma coisa em meio à sua papelada.
– Não e eles não me contaram nada. – Respondi olhando torto para os meus amigos.
– Perfeito. – Ele disse e eu o encarei com uma sobrancelha levantada. – Não por você não se lembrar, mas por eles não terem te contado. – Dr. Marcio explicou se atrapalhando com as palavras, mas logo se localizou e leu alguma coisa na ficha em suas mãos. – Certo, eu também não irei te contar o que aconteceu, irei estimular o seu cérebro a lembrar, mas se não conseguir, está tudo bem, a memória vira mais cedo ou mais tarde. Pronta?
Eu concordei com a cabeça, desconfiada, aquele médico parecia meio maluco e eu não estava gostando nada daquela conversa.
– Qual a última coisa que se lembra antes de acordar aqui no hospital? – Perguntou.
Não precisei pensar antes de responder, já que a enfermeira já tinha me perguntado a mesma coisa algumas horas antes.
– A gente tava na casa de praia do Samuel jogando Imagem e Ação. – Respondi. – Ah, e o meu time ganhou.
– Certo, vocês confirmam essa afirmação? – O médico indagou os meus amigos que estavam calados.
– Sim. – Foi Miguel que respondeu.
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EntreVidas 🌙
Teen FictionLuísa é uma garota de programa que odeia o que faz, ela entrou nessa vida pela necessidade, todos os dias espera se livrar do emprego, até que descobre que há algo muito errado com o clube em que trabalha. Vitor tem o emprego perfeito, a família per...