LUÍSA 🌻
EU NÃO TINHA IDO VISITAR O MEU PAI E OS MEUS IRMÃOS NO FINAL DE SEMANA DEPOIS DO CARNAVAL.
Ele também não tinha me procurado.
Eu estava com medo.
Tinha certeza de que a Mirela já tinha destruído todo o amor e carinho que o meu pai poderia ter por mim, tinha certeza de que ela tinha até aumentado a história toda.
Evitei aquele dia o máximo possível, mas a insistência da Clara em ir para casa para almoçarmos todos juntos como a minha família sempre fez, me amoleceu.
Ao longo da semana, conversei com o Miguel e ele me garantiu de que se algo ruim acontecesse, eu já tinha uma casa para ir, um ombro para chorar e um irmão para me dar amor e carinho.
Quando cheguei na estação da Mooca, no domingo de manhã, não encontrei o meu pai a minha espera como toda semana. Caminhei os 15 minutos até a vila onde morei por anos da minha vida, logo que entrei percebi algumas vizinhas olhando para mim e cochichando, com toda a certeza, elas já sabiam.
Destranquei o portãozinho baixo e caminhei a passos lentos até a porta de madeira gasta. Com a mão trêmula encaixei a chave na fechadura, respirei fundo, virei a chave e coloquei um sorriso falso no rosto, aquele sorriso mecânico que já tinha dado tantas vezes, mas com motivos diferentes.
Quando entrei em casa, encontrei o meu pai enterrado na poltrona com uma expressão séria para a televisão, Clara estava sentada à mesa fazendo um trabalho da faculdade e Davi estava deitado de bruços no chão desenhando alguma coisa.
– Oi, cheguei. – Falei tentado disfarçar o nervosismo em minha voz.
– Oi, Lu. – Clara me cumprimentou e veio em minha direção para me abraçar. – Tá tudo bem? – Sussurrou em meu ouvido e não sabia se era por conta do afogamento ou se ela já sabia de alguma coisa.
Apostei na primeira opção.
– Estou, pode ficar tranquila.
Davi veio em minha direção e permitiu que eu desse um abraço rápido e um beijo em sua bochecha.
Meu pai não se mexeu, continuou na mesma posição, apenas me olhou de soslaio.
– Clara, voce não quer terminar isso lá em cima? – Meu pai disse se levantando, mas ainda sem me olhar nos olhos. – Davi, não quer treinar um pouquinho de piano?
Meus irmãos desconfiaram, mas concordaram.
– Ele anda estranho desde quinta passada. – Minha irmã sussurrou para mim antes de subir a escada.
Ficamos apenas eu e o meu pai, cara a cara.
Não me lembro de nenhum momento em que tenha tido medo do meu pai, ele sempre foi uma pessoa tão calma e compreensível, sempre soube que podia contar qualquer coisa para ele, mas quando comecei a trabalhar no Paradise, alguma coisa dentro de mim me disse que era melhor não lhe contar isso para evitar uma decepção.
– Oi, pai como você...
Meu pai levantou uma das mãos com a palma virada para mim, pedindo que eu me calasse.
– Só abra a boca se for para me dizer que você não é uma puta. – Ele disse ríspido. – Só me diga que o que a sua irmã me disse não é verdade.
O meu silêncio foi a resposta que ele temia.
– Puta, Luísa? Você é a porra de uma puta? – Meu pai aumentou alguns tons da sua voz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
EntreVidas 🌙
TeenfikceLuísa é uma garota de programa que odeia o que faz, ela entrou nessa vida pela necessidade, todos os dias espera se livrar do emprego, até que descobre que há algo muito errado com o clube em que trabalha. Vitor tem o emprego perfeito, a família per...