Então essa é a sensação

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Abri meus olhos e pisquei, aqueles aparelhos pareciam piorar minha situação.

– Oi vovó. - a adolescente loira falou doce em minha frente, parecia meu retrato completo quando tinha sua idade - Eu achei mais de suas anotações, papai não ficou feliz por eu estar mexendo ali.

– Você não contou que eu estou pedindo para ler contou? - falei com dificuldade.

Aqueles papéis sempre machucavam quando eram lidos, mas eu era só uma garota solitária com um filho para criar e um homem em meu coração. Quem poderia me culpar por escrever minhas memórias mais felizes?

– Me dê. - tentei levantar minha mão, mas doeu.

– Tudo bem vovó, eu já as li antes de vir. Desculpe invadir sua privacidade, foi inevitável. - falou e eu sorri.

– Você é como a sua vó, só que mais inteligente eu espero. - falei e ela gargalhou.

– Você não foi burra por agir com seu coração, pelo contrário. Acho que você foi a mulher mais corajosa do mundo inteiro! - falou e lágrimas desceram pelo meu rosto cheio de rugas.

– Me de logo esses papéis menina, antes que seu pai se atreva a desligar os aparelhos e me mate de vez. - falei ansiosa para ler.

– Vovó. - reclamou e eu me endireitei na cama com sua ajuda.

Aquele bipe me irritava, mas pelo menos significava vida.

Coloquei meus óculos e sorri sabendo de que dia se tratava. Eu estava tão preocupada de que ele desistisse, coitada eu era. Nikita ou Justin, nunca desistia de algo que queria, não importava quantos corações teria que quebrar para isso.





VIVIAN CASTRO



Escutei os barulhos daquele relógio. Estavam cada vez mais irritantes! Tomei um gole de café, que eu tinha pegado escondido da cozinha. Eu teria que esperar e se nessa espera eu acabasse dormindo?

Não queria fugir do encontro com Justin, mais do que tudo, queria ir.

– Vamos lá. - bufei.

Por que as horas passavam tão devagar? Eu queria acabar logo com essa angústia. Justin estava ocupado nessa noite e por isso não estava presente no jantar. E se ele não aparecesse? E se fosse voltar só daqui uns dias?

Sua voz pedindo para que eu confiasse nele fez meus ombros relaxarem. Se ele estivesse lá seria uma tremenda felicidade de fato, se não estivesse eu poderia fingir que nada aconteceu na manhã seguinte.

Eu nunca disse que iria, não é?

Ele sabia que eu iria. Me conhecia o suficiente para isso.

Olhei para os lados. Ainda eram 11:30 da noite.

Todos estariam dormindo.

Menos eu e Justin.

CUBA • JBOnde histórias criam vida. Descubra agora