Crise dos mísseis (parte 2)

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N/I: O anúncio que o Nikita faz neste capítulo é real, foi passado em todas as televisões americanas em 1962 (segundo o Wikipédia).

Fato histórico: A crise política entre Estados Unidos, União Soviética e Cuba teve início no dia 14 de outubro quando uma aeronave espiã norte-americana descobriu a presença de mísseis atômicos soviéticos na ilha, a quase 300 quilômetros de Miami. A Casa Branca queria evitar a todo custo esta situação e por alguns dias, as superpotências ficaram na iminência da guerra nuclear.
A União Soviética concordou em retirar os mísseis de Cuba em troca de garantias de que os EUA não invadiriam a ilha e também moveriam os seus projeteis nucleares da Turquia e do sul da Itália.

Fonte Operamundi





Olhei para a porta do meu quarto, era a quarta vez que batiam nela. Eu não fazia ideia do por quê eu enrolava tanto para pegar meus documentos oficiais, só sabia que o aperto em meu peito ficava cada vez pior.

Marieta estava de braços cruzados, ela também parecia angustiada.

– Vamos senhorita? - ela perguntou com a voz fraca.

Acenei positivamente com a cabeça e peguei uma espécie de bolsa com meus documentos. Marieta abriu a porta e uma vai e vem crescente de pessoas me deixou agoniada.

Há meses tudo era tão calmo e olha só como estamos agora, todos os nossos convidados indo embora às pressas e os poucos que ficaram estavam apavorados.

Eu entendia alguns que ficavam, achavam que Nikita e Fidel fossem vencer e ao ficar subiriam na vida - era arriscado de fato, mas era melhor do que pensar que talvez Havana não existisse mais num futuro próximo.

Eu pensara na proposta de Justin o tempo inteiro...

– Vivian? Você ouviu o guarda? - sai de meus pensamentos ao ver um homem alto na nossa frente.

– Perdão. - falei simples.

– Irei acompanhar vocês duas por hoje. - sua voz também era simples.

Acenei positivamente e acompanhei o fluxo de pessoas. Os guardas gritavam e uma sirene soava pelo fundo, tudo aquilo parecia me deixar tonta.

– Se sente bem? - ouvi uma voz distante perguntar e acenei positivamente outra vez, eu não sabia se era capaz de dizer em voz alta.

Em pouco tempo, descíamos escadas e chegávamos ao abrigo anti bombas.

Caminhei até onde eu ficaria, camas eram distribuídas numa forma que a tv fosse vista por todos, um rádio grande estava logo ao lado. Dois armários continham primeiros socorros e comida. Eu não localizei onde estava a água, mas ao perguntar o guarda ao meu lado, ele disse que estava nos armários.

Respirei fundo e percebi que aquele abrigo me sufocava. Eu queria estar na sala de reuniões, onde toda a equipe Castro e Krushev estavam nesse exato momento negociando.

Duas horas mais tarde, o abrigo possuía burburinhos e pequenas risadas. Eu permaneci sentada em minha cama, trocando poucas palavras com as corajosas pessoas que me abordavam.

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