Intimidades

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Fato histórico: Após a Revolução de 1959, Cuba se tornou oficialmente um ateísmo de estado e a prática religiosa restrita.

Fonte Wikipédia


VIVIAN CASTRO



Acariciei a mão de Justin e depositei um beijo. Bocejei e me levantei da cama, amarrei meu roupão e fui até a casa de banho.

– Nossa. - sussurrei ao ver a minha aparência.

Depois do banho de mar, só tive tempo para tomar um curto banho, nada como deixar o cabelo secar antes de dormir, o que seria mais que apropriado.

Pela primeira vez, desde que meus olhos cruzaram com os de Justin ontem, pensei no que Tio Raul disse. Quais consequências seriam essas? Me lembro perfeitamente dos livros de química, dos cientistas vindo de fora, mas o que estariam tramando?

O que minha família teria que pagar por abrigar o ministro da união? Qual seriam as consequências de Justin, ou elas nem chegariam a atingi-lo por seu alto posto?

Me olhei no espelho e notei que, ou eu confrontava Justin ou casaria com um estranho. O noivado, tinha o propósito dos noivos se conhecerem, saberem suas reais personalidades. Justin teria que entender que eu não seria dessas esposas enganadas, eu iria querer equidade em nosso relacionamento ou eu iria acabar como Dalila...

Olhei para trás e Justin ainda dormia feito pedra, corei só de imaginar ele lendo meus pensamentos.

Escovei meus dentes e sai do quarto, será que minhas malas já haviam chegado?

Desci as escadas de madeira e alisei o belo papel de parede com os dedos, ao lado da porta três malas esperavam para serem carregadas. Não era como se fosse um grande esforço, só seria três viagens.







– Amor? - sussurrei no ouvido de Justin - Vamos acordar, o almoço já está pronto.

Já se passava do meio dia e meu noivo não tinha dado um sinal de vida, a não ser sua respiração.

– Vivian. - ele reclamou e esfregou os olhos com certa força - Que horas são querida?

– Meio dia e vinte. - Justin suspirou e passou as mãos pelo rosto.

– Por que me deixou dormir tanto? - ele resmungou e foi cambaleando até a casa de banho.

Eu quase ri de seu jeito atrapalhado.

– Você sempre acorda antes de mim. - falei dando de ombros - O almoço já está na mesa.

Eu tinha passado uma parte da manhã arrumando minhas peças de roupas e na outra arrumando nossa bagunça da noite anterior, o almoço não levou muito tempo.

– Bendita seja a cozinheira que já deixou tudo pronto. - Justin falou e pude ouvir o barulho da água.

Uma pontinha de surpresa passou por mim ao notar que Justin não tinha fechado a porta, não era incômodo algum a ele.

– Estarei esperando lá em baixo. - falei tranquila e sai do quarto, seria no mínimo curioso dividir uma casa com Justin até o final de semana.

Me sentei na sala e me peguei observando o dia lindo que nos esperava.

– Amor? - escutei sua voz após os minutos de silêncio.

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