Tem algo para me contar?

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VIVIAN CASTRO



Respirei fundo e forcei um sorriso para o espelho. Não era tão difícil aparentar um sorriso, certo?

Eu fingia há anos que as coisas ao meu redor não me incomodavam, podia muito bem fingir que a rejeição de Justin não me atingiu.

Meus olhos procuraram pelo frasco e passei meus dedos sobre o líquido pastoso. Rita tinha razão, eu havia mudado na aparência e agora gostaria de mudar meu comportamento também. Queria me esforçar mais, mostrar para papai e para Justin que eu não era um completo desastre que eu tanto aparentava ser.

Respirei fundo e dei uma última arrumada, estava perfeito na medida do possível.

Sai do quarto e uma corrente de ar passou por mim, me fazendo arrepiar.

– Sentindo frio senhorita? - a voz grossa, o olhar transbordando emoções.

Justin estava lindo como sempre.

– Não, foi só uma corrente de ar. - respondi naturalmente.

Alguns guardas nos olhavam.

– Posso lhe acompanhar? - falou formal e eu me senti impaciente, tínhamos passado desse estágio a um tempo.

– Claro. - sorri tentando parecer natural.

Assim que descíamos alguns degraus para a sala de entrada, antes de chegar a sala de jantar, onde estávamos a sós, Bieber tocou no assunto.

– Fez o que eu mandei? - falou rápido e por pouco entendi.

– Sim. - falei simples.

– Ótimo. - falou grosso e eu o olhei incrédula.

– O que está acontecendo, de verdade? - falei preocupada e nos parei.

– Está ficando louca? - sussurrou.

– Ainda está com raiva pela viagem? - falei tentando controlar meus nervos.

– Águas passadas. - falou sínico - Sabe que meu mundo não gira em torno de você.

Olhei para ele cansada.

– Você está me magoando desse jeito e mal entendo o que lhe fiz. - me virei para sair, mas seu braço me agarrou.

– Acha que não estou magoado? Acha que não tenho sentimentos? - falou contido.

– Tenho certeza que tem, mas não está demonstrando muito no momento. - falei sentindo que estava ficando nervosa.

– Você me conheceu assim, está querendo me mudar por quê? - falou petulante.

– Nós podemos conversar outra hora? Com bastante calma! Porque eu não estou entendendo e não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós. O que aconteceu...

– Vivian você tem razão. - baixou seu olhar - Eu preciso acalmar meus nervos, mas não sabe a fúria que me desperta ao pensar que seu pai fez tudo pelas minhas costas. Isso não é só sobre nós, tem haver com Cuba.

– As vezes esqueço que seu compromisso é com o mundo e não só conosco. - seus dedos faziam carinho em meu rosto.

Nós olhamos por alguns segundos, era óbvio que estávamos evitando falar sobre o que nos afligia. Porém parecia que aquele momento não era apropriado e talvez fosse melhor engolir algumas palavras a troco de ninguém nós ver discutindo no meio da escada.

CUBA • JBOnde histórias criam vida. Descubra agora