Olhe Dentro de mim...

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Os dois seguraram o vovô tentando o acalmar. Enquanto eu fui tirar Inês dali, a empurrei com as duas mãos.

-Saia, ouviu minha sogra, não é bem vinda aqui!

-A verdade dói não é mesmo Dev?

-Você é tão amarga que quer acabar com um casamento de anos?!-falei lhe dando outro empurrão.

-Marlon me queria, ele era meu e você o tirou de mim!-ela apontava para Dev.

Meu sogro deu gargalhada.

-Inês acho melhor ir cuidar da sua filha que você ganha mais!-disse meu sogro.-Minha nora já lhe disse pra sair não é mesmo, sabe onde fica a porta de saída!

-Seu castelo de cartas vai ser soprado pela falsa rainha ai!-disse ela a Marlon.

-Vá!-falei lhe dando outro empurrão.

Ela estava a mais dois empurrões da porta.

-Você vai me pagar garota, vou prestar queixa contra você pelo que fez a minha filha!

-Se você fizer isso Inês!-disse minha sogra vindo pra minha frente.-Vou denunciar sua filha por tentativa de homicídio, por ser receptora de drogas e mais algumas outras coisinhas!

-Grrraaa. . .-gritou Inês e saiu por conta própria batendo a porta atrás de si.

Dev me abraçou e chorou em meus braços, não deixei cair uma lágrima se quer.

-Obrigado por tudo filha!

-Por favor não me agradeça por eu ser um montro!

-Você não é um monstro filha!-ela pegou meu rosto em suas mãos me fazendo olhar em seus olhos.-Você é uma leoa, defende sua família, você é uma rainha!

Sorri ao ouvir aquilo, aquela sensação estranha passou assim que aquela mulher passou pela porta, e Dev me fez ficar tão pequenininha com suas palavras que me deu vontade de chorar, mas segurei. Dev foi até o vovô.

-Como está papai?-perguntou ela.

-Melhor filha, estou melhor!

-Sabe Sophi -disse Marlon se aproximando de mim.-Nunca gostei dela, nem mesmo quando ela achava que eu era dela!

-Terá de me contar essa história!-falei o abraçando.-Mas hoje temos um jantar muito importante!

-Vou cancelar o jantar!-disse Dev.

-Não filha!-disse vovô.-Sophi tem razão, é um dia importante vamos comemorar!

Dev olhou para Marlon que assentiu.

-Tudo bem, quero vocês arrumados em três horas!-disse ela se levantando.-Não quer ver um médico papai?

-Não amorzinho, foi apenas desgosto, não se preocupe, seu velho aqui tem mais alguns anos!

-Tem mesmo!-saltei.-Quero que conheça seus bisnetos, quem vai contar histórias pra eles?!

Vovô sorriu e meu peito aliviou.

-Ok, todo mundo indo se arrumar!-disse Dev batendo palmas para dispersarmos.

Sorri ao vê-la se alegrar.

-Sophia pode vir comigo?-perguntou Marlon.

-Claro!

Fomos ao escritório dele, sentei na poltrona que ficava de frente pra mesa dele, e ele sentou na mesa a minha frente.

-Quero lhe contar uma história!-disse ele.- Apenas meu pai e os pais de Dev sabem o que vou lhe contar!

-É segredo?

-Se poder guardar?!

-Claro!

-Quando eu era jovem, era um idiota como qualquer garoto daquela idade, eu o típico riquinho metido a besta -Eu ri com ele. -Conheci Inês na época da escola, nós tivemos um lance, como vocês dizem, "ficamos". Depois conheci sua mãe perdida no centro da faculdade, a ajudei e viramos aqueles amigos de meia dúzia de palavras pois não tínhamos tempo, ela trabalhava e estudava, mas sempre que tínhamos tempo conversávamos um pouco, principalmente no intervalo do almoço, certa vez sua mãe me apresentou a nova colega de quarto dela, Devlin, me encantei com seu sorriso, aquelas covinhas marcadas, tudo nela me encantou e, Inês me encontrou na faculdade e queria ficar comigo a todo direito, falei não todas as vezes, ela me irritava por andar atrás de mim, um dia em uma festa fiquei bêbado e Inês afirmava que havia lhe tirado a virgindade, e que eu deveria ficar com ela, estava tão perdido que aceitei, dois dias depois eu estava tão cheio de maus pensamentos, irritado comigo mesmo por ter aceitado, sai pra beber e encontrei Devlin sendo apertada a força por dois caras, quando gritei com eles um correu e o outro consegui pegar, fiquei cego, eu não via e nem ouvia nada além de um apito no ouvido, o soquei tanto, mas tanto que causei um traumatismo craniano nele, minha mão ficou fissurada em várias partes, Dev chorava com a roupa rasgada àquilo tomou conta de mim um ser maligno, que eu não conhecia, comecei a chutar o cara e Devlin me abraçou para eu parar, eu não queria parar até ver aquele cara morto, Devlin não viu outro jeito se não me beijar, quando isso ocorreu eu me senti nas nuvens, minha raiva passou e me dei conta do monstro que me tornei, o cara quase morreu, ficou em coma por meses, meu pai encobriu tudo com dinheiro, disse a Inês a verdade e que eu não poderia ficar com ela amando outra mulher, eu não sabia que eram irmãs, quando fui jantar na casa de Dev descobri isso e Inês fez um escândalo, disse que Dev tinha me seduzido e me roubado dela. Devlin era extrovertida, com o passar dos anos ela perdeu a essência e eu a minha, fiz coisas que não me orgulho Sophi, não sou uma pessoa boa, não gosto de quem me tornei durante esses anos, estou te contando isso porque quero que saiba que sei o que está sentindo, que por mais monstro que a gente se sinta, não nos arrependemos do que fizemos e faríamos tudo de novo se fosse preciso não é mesmo?!

Assenti.

-Mas quando você surgiu, quando Sam a trouxe aqui pela primeira vez, Devlin ficou maravilhada, acendendo aquela pequena chama, e toda a vez que você vinha, ela crescia dentro de Dev, pode se achar um monstro Sophi, mas resgatou a nós dois como pais, nos resgatou como família, descobri que minha essência só existia com a de Dev, nosso casamento estava acabado a pelo menos 10 anos, e você me fez lembrar, de tudo isso!

-Me desculpa. . .

-Não Sophi, foi bom, é como se eu acordasse, hoje eu sei que ainda amo a minha Devlin graças a você, e aprendi tanto com você que jamais imaginei, como a felicidade com coisas pequenas, você não precisa de um anel pra ficar feliz, apenas um jogo em família, um passeio ou assistir um jogo de baseboll. . .

-Fico feliz em saber disso.

-Sophi, você nos faz feliz o tempo todo!