76

129 27 0
                                    

Narrado por Sophia:

É claro que ela mexe comigo quando faz essas coisas, mas não posso deixar ela me vencer, não pode.

Estou a poucos dias do rodeio em Houston, treinando pra valer, Breno e Lena vão conosco são mais de 14 horas de viagem, alugamos duas camionetes pra levar os cavalos em reboques, saímos amanhã e voltamos daqui uma semana. Estamos na fazenda de Fleur colocando feno nos reboques. Um carrão preto acaba de entrar de pau, levantando poeira da entrada até onde estávamos na frente da casa da Fleur.

—São meus pais!—disse Lena nervosa.

O carro freou e um mulher alta com cabelo loiro, salto alto e roupa social.

—Entra no carro Helena!

—Oi pra você também mãe!—disse ela indo em direção a mãe.

—O que faz neste lugar?

—Este é o meu lugar!

—Entra no carro, não quero discutir com você na frente de pessoas que não conheço!

—Então pode entrar em seu carro e ir embora Hellen!—disse Fleur saindo na frente da casa.

—Sua bruxa nojenta!

—Não fala assim com a minha avó!—disse Lena indo se posicionar em frente a Fleur. Caminhei até elas.

—Avó? Minha mãe é sua avó, essa mulher não é nada sua!

—É minha avó!

—Não se preocupe meu amor!—disse Fleur.—Já estou acostumada.

—Seu pai tem vergonha dela...

—Eu não tenho, vergonha tenho de vocês como pais!

Ela partiu pra bater em Lena e eu a empurrei.

—Que isso?!

—Você está doente!—falei.—Vai bater em sua filha porque sabe que não tem razão!

—Quem é você pra se meter, vai cuidar da sua vida sua mijada!

—Vai pra sua casa mãe!

—Você vai comigo!—ela voltou a querer pegar Lena e mais uma vez a empurrei.

—Vá embora você!—falei.—Sua filha pode não te bater, mas não vou vê-la apanhar quieta!—a empurrei novamente.

—Sua...

Ela bem que tentou levantar a mão pra mim, mas tudo o que conseguiu foi seus pulsos preso em minhas mãos. Cheguei mais perto.

—Nesta fazenda só entra coisas boas e você não foi convidada, pegue seu carro e vá embora!

—Me solta!—ela puxou os pulsos e eu a soltei, ela cambaleou e bateu as costas no carro dela.—Garota você não sabe com quem se meteu!

—Uma cobra a mais, uma à menos não me faz diferença!

—E você...—Apontou ela para Lena que chorava nos braços de Breno.—Você é uma ingrata, tudo o que eu e seu pai fizemos por você...

—Está jogando em cara algo que é de responsabilidade de vocês, por favor pegue seus sapatos caros e retire-se deste lugar sagrado.—falei mais uma vez.

—Sagrado!—disse ela com desdem.—Vocês vão tudo pro inferno, e você esquece que é minha filha, pra mim você morreu!

Lena começou a chorar, e eu abri a porta do carro pra ela entrar.

—Pode ir, não tem nada pra você aqui.

Ela fez a volta e entrou no carro.

—Não vou esquecer do seu rostinho lindo querida, cuidado ao andar a pé, pode ser atropelada.

—Humm... Se acha que isso é uma ameaça espere só pra ver o seu bonequinho de vudoo que tem lá dentro, eu posso arrancar a cabeça dele sem querer sabia.—fiz menção com a mão como se eu tivesse arrancando a cabeça de um boneco invisível.

—Você é o capeta em pessoa.

—E vou te levar pra dar uma volta comigo no inferno, vem?—estendi a mão pra ela e ela ligou o carro e partiu, fui até Lena e a abracei.

—Não pode chorar por quem não te merece Lena, sabe rezar não é?—ela assentiu.—Então acho que Deus ouviu aquela parte que diz ''livrai-me de todo o mal''. Lena sorriu em meio as lágrimas. limpei seu rosto e o peguei em minhas mãos. —Sabe, deve erguer sua cabeça e se orgulhar de si, e esquece tudo que ouve aqui e vamos nos divertir no rodeio.

—Vamos!—disse ela sorrindo em meio ao choro.

. . .

Ninguém está sabendo de nossa viagem pra Houston, saímos na madrugada do apartamento, sem sinal de ninguém, deixamos a Ranger na fazenda e saímos juntos de lá, compramos oquitoques e íamos falando bobagens durante o caminho.

*Nem acredito, nosso primeiro rodeio juntos, nem acredito que to no Texas.—disse Lena animada.

—Bem vinda a Houston!—falei a Lena assim que entramos na cidade.

Chegando ao rodeio meus avôs já nos esperavam com o acampamento montado, deixaram o lugar certinho para os reboques. Os abraçamos e quando comecei a montar a barraca, percebi que tinham outras barracas viradas pra nós, uma fogueira semi-pronta.

—Vovô acho que estamos invadindo espaço de outras pessoas.

—Acho que não.

Ele apontou para minha família chegando com sacolas. Meus sogros, vovô, meus pais, Will com Valentim, Saimon.

—Estão todos aqui?!—falei indo os abraçar.—Não acredito que estão aqui.

—Não perderíamos isso por nada!—disse meu sogro.

—Amo vocês tanto.

Esmaguei Saimon e peguei Valentim no colo. Sam Lena e Breno cumprimentaram a todos. eu estava muito emocionada com isso, estou realizando um sonho com todos que eu amo. 

—Por que chora filha?—perguntou meu pai.

—Parece um sonho, ver vocês aqui, nunca imaginei, até você vovô...

Ele riu.

—Sempre quis acampar em família, você me deu essa oportunidade.—disse vovô me abraçando de lado. 

. . .

—Caramba!—disse Sam.—Jamais imaginei essa cena.

Todos em volta de uma fogueira conversando e assando carne e milho, Dev e minha mãe preparavam guloseimas em potes, Meu avô Leko contando causos, Saimon, Lena e Breno estavam focados na história, meu sogro, papai e vovô e Will e vovô Rick, estavam jogando truco na mesa improvisada de feno, eu estava sentada no tronco ao lado de Sam que balançava Valentim num movimento leve.

—Nem eu imaginei, mas está sendo o melhor momento da minha vida.

—Você consegue unir as pessoas, consegue protegê-las.

Sorri. Enquanto Sam falava Valentim sorria. Dei um beijo em Sam e fui até o violão do vô Leko que estava calçado contra a barraca, voltei pro meu lugar e comecei a dedilhar o violão, Valentim gargalhou nos primeiros acordes, fazendo todo mundo parar pra ouvi-lo.

—Você gosta de música bebê?!—falei e ele riu, dedilhei outra vez e ele gargalhou.

"Own"

Comecei a cantar Love of my life e todos se juntaram pra cantar, Valentim fechava os olhinhos com um sorriso bobo. Descobrimos que Saimon canta muito bem.

Olhe  Dentro de mim...Onde histórias criam vida. Descubra agora