Capítulo 9 - Estrelas diferentes

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— Está nos dizendo para sairmos por aí às pressas por culpa de um de seus pesadelos? Sem certeza alguma ou qualquer outra informação do que "o tempo está acabando"? Merópe, eu realmente acredito em você, porém, eu não vou largar tudo por um sonho! — Hector demonstrou, mais do que nunca, sua sinceridade, recebendo olhares raivosos em troca.

Maia acordou aos berros, sem controle de suas próprias ações, e seus amigos, juntos, tiveram que a acalmar e ajudá-la.

Sayla utilizou pela primeira vez seus poderes na frente de Lorrayne e Dmitri, que ficaram impressionados, pois, de uma hora para outra, Maia tinha passado de loucura e nervosismo para calmaria e tranquilidade. Além de sentir o que os outros sentiam Sayla podia mudar temporariamente os pensamentos, sentimentos e humor das pessoas. Um poder mental extraordinário que, pela opinião do irmão, era desperdiçado pelos "princípios" que ela tinha.

Merópe contou o aviso que recebeu em seu pesadelo escondendo partes pessoais e enormes do sonho, na realidade escondendo praticamente o sonho inteiro. Não estava sendo muito específica em nada tentando, assim, desviar o foco de todos do sonho para prestarem mais atenção no importante. Defendia que sua ideia era a melhor possível porque alguém precisava deles o quanto antes e não tinham muito tempo, ou seja, tinham que ir embora dali em busca do portal e da suposta pessoa em apuros.

— Concordo com Hector, precisamos pensar com lógica e estratégia. Aqui temos tudo o que precisamos para nos mantermos bem e vivos. Não há monstros, tem árvores e animais... até terminei a cadeira de rodas mais rápido porque o clima daqui ser mais favorável. — Frederick tinha seus olhos pretos o mais abertos possível e suas mãos apontavam para as árvores do local enfatizando o que disse.

— Desculpe, Maia, mas está mais do que óbvio que eles estão certos. — Bruno suspirou, seus olhos tristes fitando a grama. — Combinamos de ficar aqui apenas por alguns dias, entretanto... esse lugar é mil vezes melhor do que a torre era e nem sabemos se esse portal existe! Por mim ficaríamos por aqui em segurança.

Lorrayne e Dmitri estavam em silêncio. Sentados um pouco distante dos outros, dessa vez evitando participar da confusão, pois já tinham participado de muitas, tentavam ter, pelo menos, um dia de paz. Porém, com o pronunciamento de Bruno, a garota não pôde se controlar.

Era um absurdo! Tinha chegado até ali para nada? Parar tudo por culpa de medo? Lola ficava cada vez mais irritada conforme seus pensamentos apareciam.

Dmitri observava sua amiga e já sabia o que ela faria. Como se pudesse ler os pensamentos de Lola, disse, com um sorriso discreto.

— Arrasa com aquele idiota covarde. Se quiser posso até dar um belo soco na cara dele caso a coisa piore, ou melhor, vários socos...

— É exatamente o que eu farei. — Pronto, estava feito. O que Bruno tinha de paranoico e medroso Lorrayne tinha de determinação e coragem, só precisava de um empurrãozinho de Dmitri para fazer o que tinha vontade.

Ônix até parou de brincar com as folhas amareladas das árvores ao notar o novo movimento das crianças. Estava de pé apoiado somente em duas patas enquanto a coitada da árvore sustentava o seu peso, tentava assim alcançar as preciosas folhas no alto, porém, para assistir ao lado de seu dono o incrível e memorável momento, largou a sua importante ocupação.

Lola, em passos decididos, seguiu até a turma que estava em volta de Merópe. De cabeça erguida e com um discurso imenso em mente já possuía um sorriso presunçoso de vitória. Seu cabelo ondulado e brilhante voava conforme andava chamando atenção por o quão elegante e gracioso era. Todos já a encaravam atônitos.

— O que estava dizendo, Bruno?

Bruno respirou fundo e ergueu a cabeça para a encarar. Bem que estava estranhando que até o momento não tinha se estressado com nada, pelo visto era impossível ter um dia sem estresse em Mercurinonis. Seus olhos cinzas demonstravam o seu desinteresse.

O Tempo é o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora