Capítulo 26 - O futuro

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O martelar de ferro contra ferro ecoava por toda a terra da capital, que antes só podia ser escutado o zumbido do vento batendo nos estilhaços. Apesar de muito irritante e indesejável o barulho que Frederick produzia por estar empenhado na construção do portal era inevitável.

Desde bem cedo, coisa rara quando se tratava do gênio gordinho, o barulho iniciou despertando sem permissão e de forma desagradável todos no subsolo. Mesmo Dmitri que não tinha acordado, uma vez que nem tinha dormido, se incomodou por ter tido sua leitura e aprendizado arruinados.

E isso não era tudo, Frederick decidiu por seu próprio consentimento que estaria na liderança nesse dia. A cada uma hora ele mandava cada um de seus amigos fazer uma função diferente para o ajudar e com uma organização impecável tudo caminhava em poucas horas, desde o mistério da maldição de Castiel até a construção.

Mas os barulhos de ferros, rochas, madeiras e as reclamações de todos não eram os únicos destacados.

A novidade de Dmitri ter finalmente voltado à atividade foi recebida sem grande surpresa por já ser de conhecimento de seus colegas elementares a sua estranha habilidade de cura, mas isso não se referia ao fato da repentina reaproximação dele com a sua antiga melhor amiga, isso sim causou surpresa em todos.

Os cochichos e risadinhas dos dois espantava a todos que tinham presenciado nas últimas semanas o quanto eles estavam afastados. Ninguém entendia o que acontecia porque da última vez que Dmitri estava acordado Lorrayne o encarava com ódio e mágoa.

E, obviamente, nenhum dos dois perdeu tempo para explicar para alguém o que tinha ocorrido na noite anterior.

— Está até parecendo que voltamos para o deserto, quando esses dois não ficavam longe um do outro. — Merópe comentou ao ver novamente a loira e o problemático conversando ao invés de estarem trabalhando e colaborando como todos faziam.

— Merópe! — Frederick apareceu de repente na visão de Maia, sua face gorducha e cansada se tornando a única coisa visível para ela. — O que está fazendo? Esse encaixe não é daí!

Ele gritava furioso e por esse motivo a garota se levantou bruscamente afastando as barras de ferro que estavam em seu colo, causando uma comoção desnecessária e chamando atenção dos outros ao redor. Ela admitia que não estava em seu melhor estado, ainda lutava contra o sono e seus pensamentos, mas da sua própria forma tentava ajudar, então não achava justo que o gênio a tratasse de tal maneira, ninguém além dele entendia de mecânica ou matemática.

Por isso, inconformada, ergueu sua cabeça para fitar os olhos escuros de Frederick e, por alguns segundos, duvidou de suas próprias memórias porque o garoto arrogante em sua frente não se parecia nem um pouco com àquele que tentou a ajudar e declarou de forma sincera os seus sentimentos.

— Todos nós estamos na mesma situação aqui e sim, sabemos que o único capaz de construir algo assim é você, mas isso não dá o direito de nos tratar mal ou achar que é superior! Estamos tentando fazer a nossa parte e nem estamos reclamando de suas ordens, mas não esqueça que você também precisa da gente para continuar os seus planos. Deixe de ser ignorante!

— Não é a minha intenção agir dessa maneira. — Frederick se defendeu, gesticulando suas mãos diversas vezes tentando se explicar, completamente nervoso pelo mal entendido. — Mas ninguém para de conversar quando eu peço silêncio e ninguém me obedece quando eu digo para não tentar...

Lorrayne e Dmitri cuidavam das moldagens dos ferros, ou pelo menos era isso o que eles deviam estar fazendo. O poder elementar mais adequado para derreter os materiais era o da loira e o melhor para moldar com suas próprias mãos o objeto em temperatura altíssima era o Dmitri, afinal, o garoto problemático não sentia dor e por se curar rápido o fogo não lhe causava nada além de cócegas temporárias.

O Tempo é o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora