Capítulo 16 - Luzes douradas

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Apolo e seu amigo atravessaram mais uma rua perigosa da Região Lua Azul. Ali o trânsito não era comum como os outros, por ter tanta tecnologia em um só lugar ficava ainda mais tumultuado. Homens de branco passavam por eles de cinco e cinco segundos, o que era comum, estavam na região dos cientistas.

Segurando uma garrafinha de água de forma protetora Apolo olhava admirado ao redor. Podia passar até mil vezes em Lua Azul, porém o sentimento de estar diante de algo extraordinário não o deixaria. Era tudo tão diferente de sua rotina, estava acostumado com casas simples de madeira, com árvores em cada esquina e crianças brincando pelas calçadas, então, quando tinha que visitar o lugar da tecnologia, se sentia em outro mundo.

Prédios de pelo menos oitenta andares, todos com janelas espelhadas e tintura viva. Os carros e ônibus pareciam foguetes que deslizavam rapidamente pela estrada de mármore puro. O centro de pesquisas e testes ficava do lado de fora da grande construção para, assim, os visitantes e turistas terem a honra de presenciar uma nova invenção ganhando vida.

Em compensação o ar era poluído, não existia uma única planta em lugar algum e as pessoas não olhavam para o que estava próximo delas por estarem hipnotizadas pelos eletrônicos em suas mãos além, é claro, do fato de ter mais robôs andando pelas calçadas do que humanos de verdade.

― Essa biblioteca ainda está longe? ― Reclamou o menino. ― Meus pés estão doendo!

― Então por que você veio? Eu disse para voltar para sua casa pois demora um pouco para chegar até lá. ― Falou pacientemente.

― E você acha que eu conseguiria ignorar minha curiosidade? Prefiro andar o dia inteiro do que ficar sem saber de algo. ― Resmungou.

― Veja! Chegamos. ― Apolo avisou apontando para uma casa amarela de construção antiga, o que a deixava estranha, parecia que a casa não pertencia àquela região.

Ansiosos para fazer a pesquisa o mais rápido possível, quando abriram a porta foram recebidos por um leve barulho do sino pequeno da entrada e o cheiro inesquecível de livros novos. Seus passos geravam ruídos no piso de madeira antiga, o ventilador do lugar soltava sons estranhos que indicavam que a qualquer momento poderia explodir e colocar fogo em tudo. As prateleiras, assim como em todas bibliotecas organizadas, tinham todos os livros em ordem alfabética, por cor e por gênero.

― Eu entendo que aqui tem bastante informação útil, mas como os livros vão nos ajudar com isso? ― Perguntou para Apolo. Como sempre, sendo uma criança extremamente desconfiada, olhou para a garrafa de plástico como se aquilo fosse um verdadeiro monstro de três cabeças.

Assim que saíram da sorveteria Apolo simplesmente puxou o menino de cachinhos e roupa estranha para a fonte sem lhe dar explicações. Os dois, com muita dificuldade, conseguiram uma garrafinha plástica nova e limpa para coletar um pouco da água mágica do portal para fazerem algumas pesquisas e analisar o que àquela água tinha de tão especial.

Se o governo não tinha coragem suficiente para analisar a fonte Apolo e seu amigo tinham.

― Apenas me siga, criança...

― Eu não sou criança! ― Berrou irritado. ― Tenho mais experiência de vida que qualquer um desse mundo.

Apolo riu e os dois começaram a caminhar calmamente por entre as prateleiras altas recheadas de livros de capas bonitas.

― A dona dessa biblioteca é uma velha amiga da minha família... digamos que ela gosta de colecionar muito mais do que livros. Talvez ela tenha algo que possa nos ajudar. ― Deu de ombros, como se não fosse importante. Parando em uma porta azul um tanto escondida, quase não dava para vê-la graças as pilhas de livros ao seu redor. ― Um equipamento tecnológico, por exemplo.

O Tempo é o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora