Capítulo 25 - O perdão

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As horas se arrastavam lentamente, tão lentamente que davam a sensação que o dia seria infinito. A capital sem vida de Mercurinonis e sua precariedade contribuía para a existência de pensamentos negativos nos adolescentes.

Lorrayne, assim que notou os primeiros sinais da manhã, propôs aos seus amigos de saírem um pouco da escuridão e solidão que o subsolo proporcionava e, possuindo um espantoso incentivo de Adrian, conseguiu obrigar os elementares a segui-la.

Todavia a garota já começava a odiar sua própria ideia desde o momento que teve de ser carregada por Bruno, porque não tinha recuperado totalmente os seus movimentos, e precisou aturar a conversa intensa de Frederick e Adrian sofrendo com a fome e sede que seu organismo não estava aguentando.

― Não que eu esteja reclamando, mas... ― Adrian retrucou cauteloso. O homem da antiga lenda dos mundos utilizava sua máscara mesmo após todos terem visto sua aparência resultante da maldição dos deuses, usando a justificativa de que ficava mais confortável na frente de outras pessoas dessa maneira. ― ... pensei que você tivesse conversado a noite inteira com o meu irmão. Ainda não tirou todas as suas dúvidas? Frederick, você e seus amigos precisam de descanso depois de ontem.

Maia estirada no chão contemplava o céu nublado, pelo menos era isso que ela deixava os outros pensarem, sua mente estava muito além daquelas nuvens escuras, estava em Palladino, em seu irmão e na sua mãe. Desde a noite caótica em que recebeu a notícia que seria impossível voltar para seu mundo e seu lar a garota de olhos azuis rebeldes entrou em uma tristeza profunda porque, não sabendo explicar como, sentia com todo o seu ser que se não fosse o mais rápido possível até o seu irmão a família Moore teria um fim trágico.

Lorrayne notou que o sentimento forte que o gênio gordinho sentia pela garota distraída era o seu atual combustível de pesquisa, até Bruno com todo seu estresse tinha parado para prestar atenção nisso, a única a não perceber esse incrível e indiscutível detalhe era Merópe com seus pensamentos tempestuosos. Estava bem explícito para qualquer um que o motivo de tanta pressa em suas curiosidades era criar novos cálculos para achar novamente o portal para o mundo vizinho para, assim, o gênio ver sua Merópe Maia voltar ao normal e seu sorriso belíssimo retornar.

Ou talvez Frederick estava apenas insistindo por sua curiosidade mesmo, nunca se sabe com precisão o que realmente um gênio pensa...

― Castiel não me foi de grande ajuda, ele parecia mais perdido que qualquer um de nós nessa história toda. ― Frederick respondeu, sendo ignorante e apressado. Seus olhos escuros e pequeninos encaravam a máscara de Adrian e Castiel com determinação, deixando bem claro que insistiria em seu questionamento. ― Até porque o irmão que entende de magia é você.

― Mas não fui eu quem construiu um portal magico para outro mundo em uma praça pública. ― Adrian exclamou, rindo logo em seguida. Provavelmente fazendo uma evidente indireta para seu irmão adormecido.

― Não importa, eu tenho certeza que você deve saber como Castiel fez isso.

Uma brisa forte balançou o longo cabelo loiro de Lola, que já estava infelizmente todo ressecado pela falta de cremes decentes, e arrepiou sua pele. Descontente teve que se encolher pelo frio momentâneo e por alguns segundos deixar de escutar a conversa dos dois, fora dessa forma que pôde sentir um olhar sob ela e, interessada, virou levemente sua cabeça.

Estavam no lugar que aparentava já ter sido um beco entre prédios e escadarias, que no momento só restou escombros de cimento e bastante poeira, apesar dos detalhes ruins era o único local que se era possível sentar-se e manter as costas apoiadas em algo. Era uma cidade fantasma, onde não havia nem uma árvore para disfarçar o ambiente ruim de rachaduras e até mesmo o céu parecia descontente com o cenário.

O Tempo é o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora