Capítulo 10 - O dia dos Deuses

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Cada região acreditava em uma força divina diferente, isso por conta da cultura e do modo que foram sendo habitadas ao longo dos séculos. Os fiéis acreditavam que àquela determinada divindade tinha descoberto sua região e que a protegia contra coisas malignas, inclusive de elementares. Aconteceram muitas intrigas e rebeliões por culpa de religião até que Palladino decidiu apenas aceitar que cada pessoa tinha direito de escolher seu próprio destino, sua própria crença.

Em Lua Nova respeitavam o Deus Oluros, responsável por todas as belezas existentes como a música, dança e literatura. O que explicava o porquê de a região ser tão obcecada por festas, cores e criatividade.

A primeira região, a fonte de vida de Palladino, Lua Crescente, acreditava na "mãe natureza". Por terem toda uma conexão com a natureza eram capazes de dar sua própria vida para salvar uma floresta ou um animal indefeso. A natureza estava acima de tudo e todos, afinal, sem ela ninguém sobreviveria, o mundo é da natureza.

Eclípcia, o centro de comando e principal região de Palladino, não eram tão fiéis como Lua Nova e Lua Crescente. Eles simplesmente deixavam o destino guiar tudo com liberdade, os Deuses do Destino, que sabiam exatamente o que fazer e quando fazer.

Então, vieram os diferenciados, mais conhecidos como Lua Azul e Lua de Sangue. As únicas regiões que não acreditavam em nenhuma divindade. Lua Azul por sua incrível tecnologia, descobertas sobre o mundo e estudos da humanidade acreditavam apenas na lógica, na evolução dos seres, sem envolver fantasias mirabolantes. Lua de Sangue, com sua grosseria e agressividade, preferiam o livre arbítrio, onde todos são livres, sem divindades ou qualquer coisa sobre destino interferindo em suas vidas.

Enfim, o objetivo de toda essa explicação é que, mesmo com cada região acreditando em suas próprias ideias, existiam dois Deuses que até mesmo os piores e mais descrentes guerreiros tinham fé. Os Deuses da criação, Sol e Lua.

Todo início do ano é comemorado o Dia dos deuses, onde, além de festejar seus próprios deuses, também há uma enorme reunião em Eclípcia pelo Sol e pela Lua.

Hoje era o dia dessa tão aguardada comemoração, da qual Apolo pouco se importava.

Passando pelas calçadas movimentadas, ruas estreitas e perigosas e por entre lojas e casas o jovem adulto, magrelo e exageradamente alto, se virava sozinho. Dificilmente saía do conforto de sua região, porém, essa era uma questão especial, e não, não tinha nada a ver com os deuses e sim com o que é mais importante em sua vida: sua querida irmã, Merópe Maia.

Desde o dia estranho em sua casa, onde viu água surgir no porão e depois desaparecer, não sossegou. Reorganizou suas antigas pesquisas, refez seu quadro de pistas, andou em mil bibliotecas para achar novos livros e foi atrás de informações e de homens considerados loucos pela sociedade por serem excêntricos.

E todo o seu esforço resultou em apenas no nada. Não era surpresa alguma para Apolo, mesmo pesquisando tanto e estudando sobre diversas mitologias tinha consciência que se houvesse algo realmente importante naqueles papéis Austin Black já teria saído de sua bela mansão e queimado todas as preciosas pistas, mas não iria desistir.

Por isso estava ali, enfrentando um caótico trânsito e o vai e vêm de pessoas. Soube pela sua vizinha, dona Marlene, muito fofoqueira, porém, de bom coração, que um menininho de Eclípcia estava sofrendo fortes alucinações, dizendo sobre outros mundos e sobre um adolescente que se jogou no portal. Apolo, ouvindo com atenção, não perdeu tempo e arrumou tudo para sua busca que, infelizmente, caiu logo no dia dos deuses.

Claro que Apolo, sendo morador de Lua Crescente, tinha uma fé forte e inquestionável, entretanto achava desnecessárias tantas festas do estilo. Para ele só serviam para causar brigas e atrapalhar vidas.

O Tempo é o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora