Capítulo 28 - Cálculos errados

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Cerca de duas semanas tinham se passado desde que a maldição dos gêmeos fora resolvida, pelo menos era esse período de tempo pelas contas de Frederick, mas era difícil ter certeza se não eram mais dias que isso.

Como esperado, Frederick tinha conseguido com sucesso alcançar seus objetivos planejados. Estava com seus óculos novos, o que adiantou muito no processo da montagem do portal, e a cadeira de rodas totalmente resistente já era usada pelo dono que deslizava entre seus amigos jogando verdades que ninguém queria ouvir.

Todos estavam contentes pelo retorno de Sayla e até mesmo os mais orgulhosos agradeceram com sinceridade a atitude tão inesperada da parte de Dmitri, contudo, logo notaram a proximidade e intimidade que estavam um com o outro, o que gerou piadas e perguntas para o desespero da timidez da garota.

Merópe Maia tentava inventar receitas variadas com a fruta desconhecida, que era o único alimento que tinha sobrevivido depois da explosão de poder descontrolado de Bruno, para passar o tempo, uma vez que o gênio tinha dispensado sua ajuda com a mecânica. Mas era inevitável, todos odiavam o sabor enjoativo, mas tinham que engolir para sobreviver.

Lorrayne e Dmitri, apesar de estarem mais unidos do que nunca, não tocavam no assunto do mistério de Hector. Lola desconfiava que o garoto tinha percebido pela última conversa na floresta que ela já achava improvável o cadeirante fazer algo grave porque não tinha motivos para isso, mas conversavam a maior parte do tempo, o que deixou possível os dois saberem das novidades um do outro, desde magia até sentimentos novos.

O desaparecimento de Ônix já causava preocupação em todos do grupo. Era certo que o bichano costumava sumir durante um tempo, mas não tanto tempo como estava sendo e Dmitri era o que mais sofria pela falta que o seu amigo felino o fazia, principalmente nas madrugadas onde todos dormiam e ele era o único que continuava de olhos abertos, no completo tédio.

Bruno cantarolava por todos os cantos e locais em que passava, estava feliz e tranquilo pela primeira vez em anos da sua vida e o porquê era óbvio. Com todos tão ocupados e atarefados nos últimos dias ninguém tinha realmente tempo para discutir com ele ou o desafiar e o resultado disso era um Bruno completamente diferente. Ele apreciava o céu ao acordar, cantava suas músicas favoritas, brincava e ria atoa, além disso sua cabeça não doía, dormia todas as noites com facilidade e até seus olhos cinzas pareciam mais brilhantes do que nublados.

O nome disso era paz.

Mas claramente existia Lorrayne, um pontinho de caos no meio de sua tranquilidade temporária. Os dois evitavam um ao outro a qualquer custo, mas quando não era possível o clima estranho predominava por culpa de palavras que tinham que ser ditas, mas nenhum dos dois queria dizer.

Então, naquela manhã estranha, onde sentiam calafrios por ser um clima abafado, mas com ventos frios, o gênio falava com convicção que seria o seu último dia em Mercurinonis porque o tão ansiado portal estava quase pronto, apenas com alguns detalhes para acertar.

Observando o trabalho estavam Lorrayne, Dmitri, Hector, Frederick e Sayla. O portal estava majestoso, porque era ali que tinham depositado todas as suas esperanças e trabalho em equipe.

Consistia em um grande círculo de ferro visto de longe, como uma estranha obra de arte em pé no meio de tantos prédios e demais construções devastadas. Em sua base lisa escondia em seu interior diversas engrenagens que juntas formavam um só motor, como em um relógio em que cada peça, por menor que fosse, era essencial. Um monumento que mais parecia sem fundamento, do qual um arco firme apenas mostrava o outro lado do asfalto quebrado do espaço em que estavam.

— Tem certeza que isso vai funcionar? Ainda parece muito simples... — Lorrayne disse o que lhe veio em mente, nem ao menos se preocupando com os sentimentos do gordinho que os encarava com expectativa.

O Tempo é o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora