O Tempo é o inimigo

Capítulo 11 - Tempestade fluorescente

Em cima de uma alta rocha estava Lorrayne, com postura firme e a mão na cintura. Seu cabelo, que costuma sempre estar solto, dessa vez estava preso em um perfeito rabo-de-cavalo. Berrava aos ventos um belo discurso motivacional, fazendo movimentos dramáticos com o braço direito. Era engraçado como as mechas douradas de seu novo penteado acompanhavam seus movimentos, balançando de um lado para o outro.

— Não vai dar certo. — Hector interrompeu a loira, como sempre direto em demonstrar sua opinião de sinceridade brutal. — Tudo bem que você e Merópe estão animadas, porém, você não teve um treinamento bom o suficiente com seus poderes para sair por aí querendo enfrentar qualquer coisa.

— Totalmente correto. — Frederick levantou de seu lugar chamando atenção. — Eu não tive tempo o suficiente para a treinar. Com tantos acontecimentos ultimamente...

— E precisamos de força total para seguir em frente em segurança. — Bruno fez um sinal positivo com a cabeça.

— Eu não estou com disposição para caminhar o dia inteiro. — Dmitri falou por preguiça, dando de ombros. Deitado de forma relaxada com Ônix e Sayla ao seu lado como companhia ele observava o andamento das decisões. — Preguiça sabe... — Bocejando, falou, seu gesto fez com que Lorrayne o encarasse com irritação.

A verdade era que ninguém estava com animação o suficiente para caminhar e ir atrás do possível portal para Palladino. O clima pela primeira vez mudou drasticamente, o sol quase não aquecia, pois, nuvens feias e carregadas o escondia e uma tempestade ameaçava cair, o vento forte causava frio em todos os elementares, raios e trovões já davam sinal de existência no céu nublado e escuro. Todos esses fatores, juntos, explicava o desânimo do grupo.

Também tinha a questão de Merópe Maia que, mesmo tentando o possível e impossível para dormir, não conseguiu nem ao menos um cochilo. Agora as olheiras fundas em seus olhos voltaram e a garota se sentia mais deprimida e impotente do que nunca. A única coisa que tinha que fazer para tentar mais alguma informação útil para os outros era dormir e nem isso era capaz de fazer...

Frederick e Bruno ficaram a madrugada inteira acordados discutindo sobre a nova teoria do gênio enquanto, ao mesmo tempo, vigiavam o redor, ou seja, os dois tinham sono acumulado, o que aumentou o mau humor de Bruno e as críticas do gordinho.

Todavia, Lola não queria aceitar. Tinham combinado no dia anterior que iriam caminhar até de noite se fosse o caso, então, lá estava a loira querendo convencer os outros que, mesmo com o clima desfavorável, tinham que continuar com o plano.

Merópe era a única que a apoiava.

— Não estamos com tempo para preguiça! Frederick, você mesmo confirmou que estou certa, precisamos começar o quanto antes. — Maia disse um tanto indignada. — Fui avisada que...

— Que tem uma pessoa em perigo e que precisa de nossa ajuda. Nós sabemos, Maia, mas você nem sabe se é verdade. — Frederick acrescentou, a interrompendo descaradamente e corajosamente.

Merópe, preparada para retrucar e recomeçar uma confusão entre eles, se levantou, mas Bruno apavorado foi mais rápido interrompendo os dois para, assim, proteger sua mente de mais uma dor prolongada.

— Vamos deixar Sayla decidir, ela está quieta desde que acordou. Quem melhor que ela para decidir o que devemos fazer, não é?

Foi assim que todos fitaram Sayla com expectativa.

A linda morena refletiu por alguns segundos ponderando qual das escolhas era a mais sábia para se seguir. Por um lado, os garotos estavam certos, mas todos eram fortes e tinha certeza que podiam enfrentar uma chuvinha. Lorrayne e Merópe tinham razão, eles não têm um tempo infinito para gastar brigando atoa e dormindo.