Capítulo 18 - Decisões

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Dmitri, ao ter conhecimento sobre o sonho de Merópe Maia, contou para todos sobre o cheiro de flores que ele sentia constantemente por toda parte. Sem mais pistas para seguir e desesperados por algum caminho escolheram confiar no garoto e seu animal de estimação para os guiar para algum destino através do misterioso cheiro doce no ar.

Saíram cedo da caverna de diamantes para seguir o caminho longo de obstáculos difíceis, como a forte nevasca que queria os derrubar e o medo que permanecia intacto na mente de todos sobre alguma criatura aparecer de repente e causar algum mal para o grupo.

Cada um deles, sem exceção, percebeu a tensão e tristeza entre Sayla e Dmitri. Os dois estavam evitando ficar perto um do outro e isso estava obvio demais.

Dmitri ainda conseguia disfarçar muito bem como ele estava se sentindo, afinal, tinha anos de experiência, todavia Sayla era o contrário, acostumou tanto a lidar com sentimentos, com os sentimentos dos outros, que quando chegava a vez dos seus sentimentos serem interpretados ela ficava perdida.

Ainda mais sentimentos tão fortes por alguém que ela parecia conhecer muito bem e ao mesmo tempo não. Um sentimento que ela não sabia o que era. Infelizmente não tinha como usar seus poderes em si própria, era o que a garota gentil queria no momento.

― Tomara que você seja mesmo a pessoa entre nós capaz de nos guiar por Mercurinonis, caso contrário estamos enfrentando esse frio atoa. ― Lorrayne falou abraçando seu próprio corpo numa tentativa de se aquecer. Seu poder resolveu desaparecer logo na hora que precisava mais dele para conseguir manter-se quente. Fitou Dmitri que mantinha um sorriso brincalhão em sua direção.

― É fácil para você, parece que não sente mais frio ou calor. ― Continuou a resmungar. ― Dmitri, eu sei que você está escondendo algo e, de alguma forma, está ligado com o fato de ter se afastado de Sayla. O que é que está acontecendo? ― Seus olhares se encontraram para o total desesperado do garoto problemático. Ela já estava desconfiando e não iria demorar muito para saber da pior forma. O mais sensato a se fazer seria dizer toda a verdade sobre seus poderes e sobre a discussão com Sayla.

Mas ele, novamente, fez a má escolha de mentir. Era automático, parecia estar impregnado em seu ser e quando percebeu já estava ali, mentindo de novo para sua melhor amiga.

― Não é nada demais. Sayla somente descobriu que eu não sou a melhor companhia para ela, na verdade para ninguém...

― Pare de dizer bobagens. ― Lorrayne revirou seus olhos e seu amigo apenas deu um esboço de sorriso. ― Eu sou sua amiga até hoje, deve ter um bom motivo.

― Mas o seu motivo é claro, você me ama. ― Dmitri riu apertando a bochecha de Lola que o encarou com fúria. Fez questão de afastar a mão de seu amigo do seu rosto vermelho.

― Podemos descansar um pouco e aproveitar que parou de nevar? ― Bruno perguntou. Seu cabelo, agora, além de incomodar seus olhos, possuía pontinhos brancos que se destacavam por seus fios serem escuros e, ao questionar em um tom de voz neutro, tinha um peso estranho no peito por olhar o quão perto Lola e Dmitri estavam, o que de fato não tinha sentido algum.

Neve. Nenhum deles sabia o que era até Frederick analisar e explicar. Em Palladino não existia um inverno muito rigoroso, em nenhuma das regiões nevava. Ninguém sabia como o gênio descobriu tal coisa há alguns anos atrás quando ainda estavam no deserto e tudo o que sentiam era calor. Merópe Maia não pôde deixar de se lembrar dele com tanta neve ao redor deles e pequenas lágrimas indesejadas escorreram de seus olhos azuis, o pior era assistir seus amigos conseguindo seguir em frente enquanto sua dor só sabia crescer mais e o vazio em seu peito aumentar sua proporção.

O Tempo é o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora