Capítulo 13 - Luzes vermelhas

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As sirenes ecoavam por todas as ruas, luzes vermelhas rodeavam o chão e as paredes. Vozes alarmadas se misturavam ao vento, o ar tinha um cheiro horrível do que parecia uma mistura de pólvora, álcool e mato queimado. As pessoas tombavam e empurravam umas às outras causando um alvoroço ainda maior, fazendo crianças e idosos ficarem em risco e inseguros.

Isso era uma noite comum de fiscalização em Palladino, dessa vez na Região Lua Crescente.

Pelo menos uma vez por mês seguranças do governo fiscalizavam as regiões em busca de deficientes escondidos, recém-nascidos sem utilidade para o futuro e possíveis elementares. No processo os homens armados de Austin Black aproveitavam a brecha e liberdade para aterrorizar todos e se divertirem pegando objetos que não lhes pertenciam.

Haviam várias regras que deviam ser cumpridas durante essas fiscalizações, como por exemplo, não ajudar nenhuma "aberração" e manter as portas e janelas abertas das casas para os seguranças terem o livre acesso no lugar.

Na opinião de Apolo regras foram feitas para serem quebradas e, com o seguinte pensamento, ele simplesmente ignorou a lei e trancou sua casa inteira. Não podia deixar àqueles caras invadirem seu lar assim, ainda mais com sua querida mãe dormindo tranquilamente no quarto. Tinha que proteger o que restou de sua família, a única pessoa que continuava do seu lado o tirando da terrível solidão.

Ele tentava, muito mesmo, ignorar o que acontecia do lado de fora, entretanto era impossível, a agonia que aquilo o trazia não podia ser ignorada. Era tão injusto! Tão injusto com as pessoas e com os trabalhadores, todos sofriam enquanto o comandante estava jantando em um lugar chiquérrimo em Eclípcia.

Andava de um lado para o outro no meio da simples sala da casa de madeira número 500. Era um milagre o chão continuar intacto e firme mesmo com os passos do rapaz. Estava pensando no que fazer, mas afinal, tinha o que fazer? Podia fazer algo? Certamente não...

Se jogou na velha poltrona cor vinho, que fazia um ruído barulhento toda vez que alguém se sentava nela, e fechou os olhos tentando se acalmar e aquietar sua mente. Não durou muito o seu momento de reflexão, a porta da sala começou a ser socada violentamente para o total desespero de Apolo.

Seria os seguranças? Teria ele cometido um terrível erro ao trancar a casa? E se fosse preso? Que burro! Criticando a si mesmo, sorrateiramente, arrastando seus pés de forma cuidadosa e lenta, se aproximou de uma das janelas para espiar. Afastou uma pequena parte da cortina com estampa florida e abriu uma mínima fresta do vidro escuro.

Um verdadeiro caos. Bombas de fumaça eram jogadas no povo, armas de choque assustavam as crianças e, no meio disso tudo, estavam uma mãe e um filho fugitivos. O menino era um deficiente físico, não tinha parte de seu braço esquerdo e, provavelmente, estava vivo até hoje graças a mãe guerreira.

Desde que nasceu a senhora não teve coragem de entregar seu lindo e amado filho para o governo e tirar a chance do menino de viver, então o escondia.

Eles eram os responsáveis pelos socos frenéticos na porta da casa de Apolo, que agora tinha uma decisão difícil em suas mãos. Podia ajudá-los a fugir do governo, mas se descobrissem tinha o grande risco de o menino ser enviado para Mercurinonis, a mãe ser morta e ele ser preso por não cumprir a lei.

Apolo escolheu seguir seu coração do que sua razão, então, apressado, abriu a porta. Apesar de não estar mais chorando, a mulher tinha o rosto completamente úmido e olhos vermelhos e segurava seu filho de forma protetora. Sua roupa era um simples vestido com um avental de cozinha por cima, o que provava que tinha fugido sem planejamento.

― Apolo Moore? ― Perguntou com a voz vacilante, com medo. A mulher tinha medo que ele não aceitasse e que batesse a porta na cara dela e de seu filho, seria o fim para ela e o seu menino...

O Tempo é o inimigoOnde histórias criam vida. Descubra agora