"Caralho, você roubou um banco pra conseguir dinheiro pra comprar essa guitarra?" Kahei perguntou, extremamente surpresa, do outro lado da linha. "Essa bicha é cara pra caralho."
Assim que saiu da igreja, Sooyoung correu para um telefone e ligou para a sua melhor amiga, torcendo para a vaga de guitarrista na banda da Jin Sol ainda estar disponível.
"Seria melhor roubar um banco do que entrar pra uma banda gospel, mas a gente precisa fazer alguns sacrifícios pra conseguir o que quer nessa vida." Sooyoung respondeu e depois sorriu lembrando da situação ridícula em que se encontrava. "Mas é temporário, eu vou dar um jeito de juntar uma grana e comprar minha própria guitarra."
"Vai sim, e você sabe, eu tô aqui pro que der e vier." Kahei a lembrou e Sooyoung sorriu novamente, com imenso carinho pela chinesa. "Eu vou falar com a Jin Sol sobre você de novo, mas hoje, eu queria poder sair com você, sabe? Quero te levar pra um lugar especial."
"Esse lugar é legal, né? Não vai ter gente usando droga lá não, né? Porque se eu for pega fazendo merda de novo, minha mãe vai me matar. É sério. Ela já tá no limite comigo." Sooyoung apenas ouviu o riso solto de Kahei do outro lado.
"Você acha que eu te levaria em um lugar pra você ficar encrencada, minha linda?"
"Eu não sei, às vezes te acho meio liberal demais." Sooyoung respondeu sincera.
"Não vai ter rolo nenhum, Soo, pode ficar tranquila." Kahei lhe garantiu. "Vou ter que desligar agora. Beijinho e até a noite."
"Até a noite, Kahei." Sooyoung se despediu e desligou o telefone.
Só esperava que Kahei estivesse falando a verdade e não lhe arrumasse problemas, porque senão era capaz de Gyuri lhe arrancar o couro com a mão.
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Quando Sooyoung entrou em casa, encontrou Hyejoo jogada no sofá, mudando de canal completamente desinteressada.
"Fodeu muito a crentezinha lá na igreja do pai dela?" A caçula perguntou desdenhosa.
"Você tá lendo hentai de novo, é?" Sooyoung retrucou. "Se a nossa mãe fica sabendo disso, vai te dar outra coça." Ela soltou um risinho debochado.
Hyejoo tinha uma coleção secreta de HQs pornográficas, que acabaram por ser descobertas por Gyuri, que deu uma surra na filha mais nova e queimou todas as revistas logo após. Não deu tempo nem pra garota se explicar.
"Quem vai apanhar dessa vez vai ser você, porque na escala de pecado, ser sapatona é bem pior do que ver pornografia." Hyejoo provocou, fazendo Sooyoung lhe olhar com os olhos semicerrados.
"Vai se ferrar." Suspirou e caminhou para o quarto, fechando a porta.
"Você não engana ninguém, Sooyoung, dá pra sentir de longe o cheiro de couro." Hyejoo gritou para a irmã, que se enfureceu e chegou a colocar a mão na maçaneta pra voltar até a sala e dar umas porradas em Hyejoo, mas ela pensou direito, respirou fundo e tentou se acalmar, percebendo que a violência não valeria a pena e era exatamente o que a pilantra mirim queria.
Ela tirou a guitarra das costas, conectou os fios necessários a caixa amplificadora, e sentiu-se viva novamente.
"Ah sua belezinha, agora você vai saber como é ser usada pra tocar música de verdade." Sooyoung falou para a guitarra, passou a língua pelos lábios e começou a tocar as notas de 'Helter Skelter' dos Beatles.
Na sala, Hyejoo aumentou o som da televisão e bufou.
"Vai começar de novo esse inferno." Ela sussurrou e revirou os olhos.
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Finalmente a madrugada havia chegado, e com ela, a fuga de Sooyoung para encontrar Kahei na esquina de sua casa.
A chinesa abriu um largo sorriso ao ver a outra, e as duas se cumprimentaram com um beijo no rosto.
"E então, conseguiu falar com a sua amiga sobre o teste lá pra mim?" Sooyoung perguntou animada e ansiosa e Kahei suspirou.
"Achei que estava com saudades de mim, mas pelo visto só interessa o tal do teste da Jin Sol." A garota de cabelos coloridos brincou, ligando o carro.
"Ah qual é? Eu tô muito ansiosa pra isso. Essa é uma ótima chance pra mim, posso conseguir uma grana pra comprar uma guitarra pra mim, ou quem sabe até alçar voos mais altos e até sair daquele inferno de casa."
"Bom, a Jin Sol já encontrou uma guitarrista." Kahei respondeu e Sooyoung até murchou diante daquela informação.
"Poxa..." Murmurou, completamente desanimada.
"Calma, que eu ainda não terminei." Kahei falou, fazendo uma chama de esperança renascer na outra. "Mas como eu tenho um excelente poder de persuasão, eu convenci a minha amiga a te dar uma chance, porque você sabe, uma banda pode ter mais de um guitarrista." A coreana voltou a sorrir. "Além de que ela disse que tão precisando de uma backing vocal e você tem uma voz legal, né?"
"Eu já disse que eu te amo?" A chinesa riu ao ouvir aquilo.
"Pode dizer de novo e de novo, eu adoro ouvir isso." Ela disse toda confiante. "Mas se lembra de que eu disse sobre te levar pra um lugar especial?"
"Claro, e onde é esse tal lugar especial?" A morena perguntou.
"Calma, nós já vamos chegar lá, e aí você vai poder retribuir esse favorzinho que eu te fiz." Ela sorriu para a amiga e lhe deu uma piscada.
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"Kahei, você não tem medo de ser demitida, não, sua louca?" Sooyoung perguntou, assim que entrou no rinque de patinação, no qual a chinesa havia começado a trabalhar há poucos dias.
"É só não roubar e não quebrar nada que tá tudo de boa." Kahei deu os ombros. "Vamos colocar os patins e dar uma patinada nessa pista maravilhosa."
Kahei caminhou até o armário onde os patins ficavam e pegou dois pares de patins, entregando um para Sooyoung e um para ela.
As duas meninas vestiram seus patins e foram para o rinque, e Sooyoung quase caiu ao se desequilibrar, mas foi salva pela amiga chinesa que a segurou pela cintura.
"Salvei essa bundinha linda de se espatifar no chão." A garota brincou.
"Eu não sou boa nisso, Kahei." Sooyoung disse, com as pernas bambas.
"Relaxa, eu vou te ensinar." Ela sussurrou bem próximo da orelha esquerda da morena.
Com aquela proximidade toda, Sooyoung pôde sentir o perfume de sua amiga. E era um aroma extremamente agradável.
"Seu perfume é gostoso." Sooyoung comentou e Kahei sorriu.
"Garanto que não é só o meu perfume que é gostoso." Kahei falou maliciosa, e virou Sooyoung de frente para ela.
A morena sentiu a respiração pesar e o coração dar uma acelerada após ouvir aquelas palavras.
"Você é tão linda, Sooyoung." Kahei sussurrou, fazendo a outra corar violentamente, envergonhada. "Eu realmente quero te beijar agora."
"Vo... você tá falando sério, Kahei?" Sooyoung perguntou, completamente atônita.
"E por que eu não estaria? Você é tão linda, e eu super sinto uma atração por você." A mais velha respondeu, fazendo a outra engolir em seco, um tanto nervosa. "Eu quero muito beijar essa boquinha linda... seus lábios parecem tão macios."
Sooyoung sorriu nervosa. Ela era muito tímida e nunca havia se envolvido romanticamente com ninguém. Na verdade, isso era algo que não passava por sua cabeça.
"Mas eu não sei se eu sou... se eu gosto de... de meninas." A jovem argumentou.
"Se rotular é bobagem, só aproveite o melhor das pessoas." A outra respondeu, e colocou as duas mãos no rosto de Sooyoung, antes de se aproximar e lhe dar um beijo rápido nos lábios. "Gostou?"
"Isso foi bem rápido, acho que vou precisar de uma segunda vez pra poder ter uma opinião sobre." Kahei riu da resposta.
"Agora vou te beijar de verdade." A garota sussurrou e tomou os lábios carnudos de sua amiga com volúpia, invadindo sua boca com uma voraz, que não pediu passagem para isso.
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"Ai, caralho..." Sooyoung gemeu ao sentir a língua quente de Kahei deslizar por seu pescoço.
O que começou com um beijinho no rinque de patinação tinha evoluído para um amasso quente no banco de trás do carro da chinesa, que estava sentada no colo da amiga, lhe beijando de forma passional e tocando partes de seu corpo.
"Pegue nos meus peitos." Kahei pediu com a voz manhosa e Sooyoung prontamente a obedeceu, segurando nos seios da mais velha, por cima de suas roupas.
Ela não sabia que precisava tanto daquele contato com a amiga, até vivenciá-lo. Kahei era tão quente e sabia exatamente o que fazer para tirar a inibição da inexperiente coreana.
Os beijos, carícias e amassos estavam deixando uma certa região no corpo de Sooyoung úmida, coisa que só acontecia quando ela se divertia sozinha em casa. Mas apesar de seu corpo querer ir mais além, seu lado racional não conseguia se imaginar transando com sua melhor amiga, mesmo com aquele beijo bom e aquele corpo quente incendiando o seu.
Sooyoung era rebelde, mas uma rebelde com limites.
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Após alguns longuíssimos minutos, os amassos cessaram e Kahei levou Sooyoung de volta para sua casa, onde a jovem teve uma grande dificuldade para pegar no sono, devido aos acontecimentos recentes daquela noite.
Por mais que Kahei tivesse aquele jeitão todo despojado e desapegado, ela nunca tinha imaginado ser capaz de beijá-la daquela maneira. Sentia que seu coração estava batendo mais forte e mais rápido que o normal, e ficou aliviada por ser madrugada de sexta pra sábado, portanto ela poderia dormir um pouco mais na manhã seguinte.
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"Já chega de dormir hoje, Sooyoung." A voz de Gyuri, unida aos raios de sol que invadiram o quarto assim que a mulher abriu as cortinas, fizeram a garota despertar. "Já passam das nove horas, e você e Hyejoo precisam arrumar esse quarto."
Sooyoung se sentou na cama, bocejou e coçou os olhos, sentindo-se bastante cansada.
"O que é isso?" A pergunta veio de uma atônita Gyuri, que olhou para a filha mais velha e viu que seu cabelo estava para o lado, expondo uma marca roxa pequena em seu pescoço. "Que marca é essa no seu pescoço, Sooyoung?"
"Marca?!" A adolescente perguntou e colocou a mão próxima de onde sua pele estava roxa, sentindo seu corpo inteiro gelar de medo. Ela engoliu em seco, e então sentiu Gyuri agarrando seu braço, e fazendo-a se levantar bruscamente.
"Quem foi que fez essa marca em você?" Gyuri perguntou em um tom agressivo e autoritário.
"Mãe, eu..." Sooyoung começou, mas não sabia nem o que dizer. Não podia entregar Kahei, caso contrário, ficaria muito difícil para ela ver a chinesa outra vez, sem contar que era capaz de sua mãe surtar totalmente se soubesse daqueles beijos e amassos seus com outra garota.
"Sua depravada!" Gyuri gritou e jogou Sooyoung na cama, tirando a cinta que estava usando, e a jovem comprimiu os lábios, já esperando pela surra. "Depravada!"
A primeira cintada veio com força e acertou as costas da garota, que gemeu baixo. E assim foi a segunda, a terceira, e todas as outras que ardiam cada vez mais, que Sooyoung até parou de contar.
Quando Gyuri se cansou de bater na garota, jogou a cinta no chão, cruzou os braços e respirou fundo, olhando a menina deitada na cama, chorando baixinho.
Estava com medo de ouvir quem havia deixado aquela marca em Sooyoung, afinal, a única pessoa com quem ela havia estado fora de sua família era justamente Jiwoo, e ela nem saberia como levar esse problema para Donghae.
Sooyoung chorava mais de raiva do que pela dor ardida em suas costas. Estava cansada de ser tratada com aquela violência toda, e então ela decidiu encarar Gyuri e falar tudo o que estava preso em sua garganta.
"Você é uma hipócrita." A garota falou bastante séria, para o espanto de Gyuri. "Foi mãe solteira, e nunca me deu a chance de conhecer meu pai, pra me tratar assim por causa de uns beijinhos?"
"Cala essa boca!" Gyuri ordenou, segurando-se para não agredir a filha outra vez.
"Hipócrita. Hipócrita...sua hipócri...argh!" Um tapa violento acertou a face de Sooyoung, e Gyuri a empurrou na cama, lhe atacando com com tapas por todos os lados.
"Você nunca mais ouse a falar comigo dessa maneira!" A mulher ordenou, enquanto estapeava a filha.
A violência foi tamanha, que Hyejoo, que não se importava muito com a irmã, ao ouvir o barulho vindo do quarto, correu lá para acudir Sooyoung.
"Mãe, para!" Ela disse, e tentou segurar Gyuri, que estava irada.
"Sai daqui, Hyejoo, ou vai sobrar pra você também!" Gyuri alertou a caçula, e continuou a agredir a jovem.

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You're my sunshine
FanficHa Sooyoung é uma jovem de gênio forte e vinda de uma família problemática que quer viver apenas fazendo o que ama: tocar guitarra Sua vida, no entanto, vira de pernas pro ar quando sua mãe se casa com o reverendo Kim, e ela passa a conviver diariam...