You're my sunshine

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"Bom te ver lendo Lutero, minha filha." Donghae comentou assim que entrou na cozinha trazendo consigo o jantar daquela noite: macarronada, uma de suas especialidades culinárias, e viu Jiwoo carregando o livro abordando as 95 teses criadas pelo monge alemão que deram origem a Reforma Protestante, que por sua vez, deu origem às seitas evangélicas atuais.

O reverendo havia passado a tarde toda na presença de seu irmão Jaesang, montando não apenas o beliche das meninas, mas também a nova cama que dividiria com Gyuri.

A cama de Donghae era a mesma desde que tinha se casado com Jinsu, e ele não achou muito boa a ideia de dormir com sua nova esposa no mesmo lugar que dividia com a falecida. A velha cama e o colchão foram doados para uma família com menos condições financeiras de dentro da igreja.

"Tem uma frase atribuída a ele que toda vez se mostra a mais pura verdade: "a mentira é como uma bola de neve, quanto mais rola, tanto mais aumenta"". Donghae comentou, enquanto a garota se servia do macarrão, e até gelou com as palavras e o tom usados por seu pai, que estava bastante sério.

Jiwoo olhou para ele, não entendendo direito o início daquela conversa.

"Quando se está no topo de uma montanha, você pode pegar um punhado pequeno de neve e fazer uma bolinha, tão pequena e insignificante que cabe na palma de sua mão, então, você a joga de lá de cima, e quando ela alcança o chão já se tornou uma verdadeira avalanche que engole e tudo e todos que encontra na frente. Uma mentira funciona exatamente da mesma maneira, por mais pequena e insignificante que possa parecer, ela tem um potencial devastador enorme, principalmente nas relações baseadas na confiança mútua." O reverendo prosseguiu com seu sermão. "Hoje eu fiquei sabendo que você escondeu coisas de mim."

Jiwoo ficou tensa, estava torcendo para Donghae não abordar o que ouviu de seu tio, mas infelizmente não foi o que aconteceu.

"Do que o senhor está falando?" Ela perguntou, se fazendo de desentendida.

"Por que não mencionou que aquele garoto com quem você esteve outro dia se tratava de um budista?" Ele a questionou e Jiwoo comprimiu os lábios e abaixou os olhos.

"Isso não é importante." Ela respondeu firme. "Ele não é uma má pessoa por ser de uma religião diferente."

"Eu não estou dizendo que ele seja uma pessoa ruim, mas que se trata de alguém com visões e valores bastante diferentes dos nossos, e eu não me sinto confortável de você sair com alguém assim." Ele respondeu e Jiwoo balançou a cabeça. "Eu não gostei de você ter escondido isso de mim, e agora estou pensando se existem outras coisas que você deixou de me falar."

Jiwoo engoliu em seco e amaldiçoou o seu tio em pensamento e também Hyunjin por ter ido fofocar de sua vida para o pai, ainda mais coisas tão pessoais como essa.

"É frustrante pra mim descobrir isso assim, através de outras pessoas, porque eu estou pronto para ficar fora da cidade por vários dias, acreditando cegamente que não existiam ruídos entre nós, e fui despertado com um balde de água fria." Donghae desabafou, após deixar-se envenenar pelas sugestões de seu irmão caçula. "Quem me garante que você não está agora planejando coisas para fazer pelas minhas costas porque vai ter uma semana inteira longa de mim?"

"Pai, eu ouvi o que o tio Jaesang falou pro senhor, e sei que é por isso que você está falando desse jeito comigo." Jiwoo falou sincera e triste e pegou Donghae de surpresa, principalmente pelo fato das palavras ditas naquela conversa serem tão pesadas. "Tudo bem que eu não deveria ter deixado de mencionar sobre a religião do Myungjun, mas é porque eu e ele não temos nada, eu nem gosto dele desse jeito, muito menos tenho planos de trazer ele para cá na sua ausência e fazer..." Jiwoo até deu uma leve corada para falar de sexo na frente do pai. "Fazer coisas indevidas."