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“Star-crossed lovers: tradução “amantes de estrela cruzada”, é um conceito sobre duas pessoas que estão destinadas a se amar, mas que por forças externas, não podem ficar juntas. Exemplos: Romeu e Julieta de Shakespeare, Jack e Rose de Titanic, Anakin e Padmé de Star Wars.” Heejin leu um trecho do livro que tinha pegado na biblioteca, enquanto estava sentada na mesa de um café, na companhia de Jiwoo, que havia lhe convidado para sair.
O convite não veio de forma gratuita e aleatória, pelo contrário, Jiwoo estava há dois dias sofrendo mais que um cachorro de rua e já estava prestes a alcançar seu limite, e se isso acontecesse era bem capaz de ter um surto nervoso e acabar em um hospital tomando ansiolítico, o que estragaria a semana do casamento de seu pai, que já tinha demonstrado preocupação com a filha, indagando o porquê dela estar aparentemente triste e mudado seu comportamento. A garota tentou desconversar e alegou aquilo ser apenas uma impressão, tratando de sorrir e fingir uma animação que estava longe de ser verdade para não magoá-lo.
Mas sorrir sem vontade era uma das coisas mais dolorosas que já tinha feito na vida. Era como se seus músculos da face ficassem totalmente danificados e a sua alma apodrecesse um pouco mais a cada gesto falso.
“Por que está dizendo isso?” A garota indagou, sentindo aquela definição doer pessoalmente, não conseguindo não pensar em Sooyoung, já que elas poderiam criar sentimentos uma pela outra, mas nunca poderiam ficar juntas devido a forças externas muito maiores do que elas.
Era realmente fascinante e assustador como tudo parecia posto em seu caminho para fazê-la pensar ou se lembrar de Sooyoung.
“É que eu peguei esse livro sobre abordagem do amor no cinema e encontrei essa definição, que achei muito linda, mas triste.” Heejin explicou, e então fechou o livro para dar toda a sua atenção para a amiga. “Mas você disse que precisava me falar algo, o que é?” Perguntou, sem imaginar o tipo de sofrimento que Jiwoo estava passando e que tinha se acentuado desde o último domingo, após a ligação de Sooyoung.
Jiwoo respirou fundo, sentindo-se bastante tensa com aquela pergunta. Era a hora de desabafar e tentar buscar um pouco de conforto ou pelo menos um alívio. Estava tão cansada que parecia que carregava toneladas em suas costas e já não sabia mais quanto tempo iria suportar aquilo.
Pelo bem de todos, concluiu que era melhor abrir o coração para Heejin e se expor para uma pessoa que havia confiado nela para um segredo também bastante condenável, do que guardar aquilo consigo, se descontrolar e fazer um estrago no casamento de seu pai.
Bom, na verdade, ela iria contar metade do problema, escondendo que a pessoa que estava lhe fazendo perder a cabeça era uma garota. Era melhor do que nada.
“Eu nem sei como começar a dizer isso, porque é uma coisa que aconteceu de uma forma tão... É bastante vergonhoso.” Jiwoo respondeu, procurando palavras que pudessem explicar seus atos de uma maneira não muito chocante. “Eu não queria que isso acontecesse, mas não pude evitar.”
“Não é nenhum crime, não? Se for eu não quero ficar sabendo, não tô pronta pra servir de testemunha em tribunal nenhum.” Heejin falou rindo pra tentar descontrair o clima e deixar Jiwoo menos atenciosa, se bem que a expressão de Jiwoo era tão pesada que parecia até que ela ia confessar ter assassinado uma pessoa.
Não funcionou.
“Pelo o amor de Deus, Heejin,  isso é uma coisa séria!” A filha do reverendo a repreendeu, não achando a mínima graça naquela piadinha, porém, tinha que admitir que a culpa nem era de Heejin, mas sim dela própria por estar uma pilha de nervos e se irritar facilmente com tudo e todos. “Desculpa, é que eu tô me sentindo mal com isso tudo o que está acontecendo.”
“Bom, então seja lá o que for, pode me dizer, prometo que não vou te julgar.” Heejin garantiu.
“Olha, não me leve a mal, por favor, mas eu vou ser bem direta e sincera com você: você não tem medo de ir pro inferno?” Jiwoo perguntou deixando Heejin até surpresa e soltando um risinho com a pergunta que parecia tão descabida.
“E por que eu teria medo de uma coisa dessas?” A jovem questionou genuinamente.
“Heejin, longe de mim querer te julgar, esse nem é o meu papel, mas você sabe, eu falo sobre você quebrar o seu voto de castidade, isso é grave.” Jiwoo esclareceu, um tanto quanto envergonhada. “Me desculpa se isso te constrange.”
“Jiwoo, pra ser sincera, isso não me constrange, não se preocupe.” Heejin falou calma e então se deu conta de onde aquela conversa poderia chegar. “Jiwoo, você... Você quebrou seu voto de castidade?” Ela questionou, imaginando que pudesse se tratar de algo com o garoto do encontro. “Foi com aquele menino do outro dia?”
“Não, eu não fiz isso.” A garota logo respondeu e suspirou ao se lembrar de Myungjun, outro problema em sua vida.. “Eu cometi sim um pecado da carne, mas foi... foi sozinha.” Confessou, sentindo uma enorme vergonha.
“Jiwoo, é por isso que você tá tão nervosa?” Heejin perguntou, tentando não parecer desrespeitosa com a questão da amiga. “Você está assim porque se masturbou?” Questionou com o tom de voz mais baixo, pra ninguém ouvir.
Jiwoo corou violentamente, se entregando diante da questão. A confirmação de seu pecado veio de forma não verbal.
Que palavra horrível era aquela, com uma aura pesada, parecia até um crime.
“Jiwoo, se o problema for esse, relaxa.” Heejin falou com tranquilidade e confiança, mas Jiwoo não podia esperar nada muito diferente, afinal, pra alguém que estava fazendo sexo antes do casamento, uma coisa dessas não era nada grave. “Olha, eu vou te contar uma coisa, mas você tem que me prometer que não vai contar nada pra ninguém.”
Quando Heejin falava isso, Jiwoo já ficava nervosa. Lá vinha bomba.
“Os garotos da banda têm um chat secreto no Telegram. Um chat onde eles trocam fotos de mulheres de lingerie e biquíni, e pra ser sincera, acho que coisas até mais pesadas.”
Jiwoo piscou algumas vezes, assimilando o que tinha acabado de ouvir.
“E garotos usam esse tipo de coisa pra fazer aquilo.” Heejin completou arqueando as sobrancelhas e um gesto com as mãos, indicando masturbação.
“E como você sabe disso?” A menina questionou, perplexa.
“Bom, um dia o Wonpil estava dormindo e eu peguei o celular dele e então vi que tinha um monte de foto de mulher com pouca roupa lá, e por óbvio que eu fiquei furiosa, achei que ele estava me traindo, trocando nudes com outras meninas, nós tivemos uma briga feia e aí ele me confessou que as fotos não foram mandadas pra ele por essas garotas e sim por esse chat.” A jovem explicou. “E sim, ele me mostrou o chat, e todos os bonitinhos estão lá, até o Chris  Bang. O único que saiu foi o Wonpil, e só porque eu obriguei ainda, ameaçando terminar tudo se ele não parasse de ficar recebendo essas fotos.”
Jiwoo estava perplexa por descobrir o segredinho sujo de seus colegas de banda, que pareciam todos tão certinhos e corretos, mas na surdina cometiam esse pecado da luxúria, aparentemente, sem nenhuma culpa, enquanto ela se autoflagelava mentalmente e até perdia o sono por cometer atos semelhantes.
Estava se sentindo uma grande  idiota.
“Jiwoo, por isso que eu tenho minhas dúvidas se eles realmente são virgens, porque eu não sei quem eram aquelas garotas, se eles pegam essas fotos em sites ou se elas são conhecidas deles que mandam as fotos, sem nem imaginar que eles compartilham nesse chat.” Heejin explicou calmamente, e cada vez tudo parecia mais horrível para Jiwoo.
Será que essas garotas eram de maiores de idade? Será que elas sabiam que suas fotos estavam sendo compartilhadas em um grupo de garotos para eles se masturbarem? Será que isso não se enquadrava em algum tipo de crime?
Jiwoo não podia negar que estava com uma vontade gigantesca de contar isso para o seu pai só de raiva da hipocrisia, mas seria um escândalo tão grande e sem precedentes na igreja, que era capaz até de atrapalhar o casamento do reverendo, já que os garotos iriam tocar na cerimônia no próximo fim de semana.
Mas ainda assim, não conseguiria mais olhar para eles da mesma forma, agora sabendo que eles não eram tão ingênuos quanto pareciam, e não confiaria mais neles, sabendo que eles, provavelmente, imaginavam coisas indevidas dela e das outras meninas da comunidade.
Era um desrespeito.
“Jiwoo, eu sei que eles não estão certos, mas não dá para culpá-los cem por cento por isso.” Heejin continuou, deixando a filha do pastor ainda mais atônita. “É difícil crescer num ambiente onde você é podado o tempo inteiro, e não pode conversar com ninguém sobre coisas que são naturais, você mesma tá sentindo isso na pele agora.” De certa forma, não dava pra negar que ela tinha alguma razão. “Nós somos humanos, temos necessidades, entre elas o prazer sexual. Não seria muito melhor que os nossos pais chegassem, sentassem e conversassem com a gente sobre isso, ao invés de nos tratarem como pecadores que vão arder no inferno por sentirmos vontade de transar? De nos tocar? Nós não temos outra opção a não ser fazer tudo escondido, sem nenhum apoio familiar e torcendo pra que ninguém nunca descubra, se não vamos ser castigados e humilhados dentro do ambiente que mais deveria nos acolher: nossa própria família.”
Jiwoo abaixou os olhos e suspirou. Ela entendia bem como era aquele sentimento, apesar que no seu caso tinha um agravante, que ela preferiu esconder.
“Você tem razão, é difícil mesmo passar por isso.” Jiwoo concordou. Era difícil e como era.
“Pra mim não faz sentido essa questão de “isso é uma provação”, “o caminho dos céus é difícil e sofrido”, sabe? Deus nos ama. Jesus nos ama e veio a Terra para que ninguém mais fosse condenado ao sofrimento, por que nós ignoramos isso e vivemos tendo que forjar uma pessoa totalmente pura, casta, com valores morais de milênios atrás?”
Não dava pra negar que Heejin tinha razão, mas ainda assim, era complicado pra Jiwoo mudar a sensação de culpa que sentia toda vez que pensava em Sooyoung.
Aquilo podia até não ser nenhum crime ou até mesmo um pecado, mas certo também não era. Seus valores cristãos estavam arraigados em sua alma e arrancá-los, talvez, fosse tarefa impossível.
“Mas agora me fala, você está mesmo gostando daquele garoto? É por causa dele que você anda tendo esses desejos?” Heejin mudou o assunto, tentando entender o que realmente se passava com Jiwoo, para poder ajudá-la.
A filha do reverendo, no entanto, corou violentamente ao ouvir o questionamento, apesar de estar ali para falar justamente sobre isso.
“Não é ele.” Limitou-se a responder tímida e cabisbaixa, para a surpresa de Heejin. “É outra pessoa.” Preferiu usar o gênero neutro naquela sentença, sentindo que estava mentindo menos. “Uma pessoa que eu jamais poderia gostar, pelo menos não dessa forma.” Desabafou, sentindo-se muito culpada e envergonhada.
Heejin ficou pensativa ao ouvir aquelas palavras que eram praticamente uma confissão e que estavam carregadas de dor e desolação. A alma de Jiwoo devia estar um fiapo e isso era de partir o coração.
Era estranho até imaginar o quê ou quem poderia lhe deixar daquela forma tão miserável.
“Pessoa?” Heejin perguntou para si mesma, em voz baixa, de certa forma estranhando aquela neutralidade, quando algo lhe veio à mente, mas ela logo rechaçou a ideia, balançando a cabeça negativamente e dando uma risadinha de si mesma, por pensar em algo tão descabido.
Mas isso foi o suficiente para atrair os olhos de Jiwoo para si, fazendo-a ficar séria novamente. Não queria passar a impressão de que estava debochando do sofrimento da amiga.
“Por que estava rindo?” Jiwoo questionou, sentindo-se tensa, com medo de que Heejin tivesse percebido que ela falava de Sooyoung, sabe-se lá como, e achou graça naquela situação toda.
“Não é nada, Jiwoo, só que quando você falou pessoa, veio na minha cabeça a ideia de você não estar falando de um garoto, acha? Que coisa mais absur...” Heejin nem terminou a sua frase, uma vez que ao ouvir aquilo, Jiwoo arregalou os olhos e abaixou a cabeça, completamente culpada, deixando claro que o pensamento de sua amiga estava longe de ser absurdo.
O sorriso de Heejin desapareceu no mesmo instante, e ela se sentiu tensa também, não tanta quanto Jiwoo, mas gelou por dentro.
Aquilo foi algo totalmente inesperado. Um plot twist dos grandes.
“Jiwoo?” Tentou formular uma pergunta pra confirmar sua teoria, mas só conseguiu falar o nome de sua amiga. “Você... você está gostando de uma... de uma garota?”
“Eu não sei.” Jiwoo respondeu quase chorando, mas não deixando mais nenhuma dúvida quanto a isso.
A garota mais nova nem tentou negar o óbvio, porque além de ser ridículo, seria também inútil. Heejin não era nada boba, e tinha sacado tudo bem mais rápido do que ela imaginou.
Heejin ficou sem palavras e tomou um longo gole de seu café, tentando pensar em algo coerente para dizer em uma situação tão incomum para ela.
“Jiwoo, essa menina... essa menina sou eu?” Heejin perguntou segurando a respiração, com medo da resposta, fazendo a outra jovem levantar a cabeça e revelar seus olhos lacrimejando.
“Não!” Jiwoo respondeu com firmeza e até meio ofendida. “Que pergunta é essa, Heejin?”
Dessa vez foi Heejin quem abaixou a cabeça envergonhada. Tinha que reconhecer que aquela pergunta era sem noção e até mesmo insensível.
“Desculpa, eu não quis ofender, só pensei que talvez você quisesse me dizer algo mais pessoal.” Tentou disfarçar e até abriu um sorriso, na esperança de amenizar a atmosfera tempestuosa que se formou ali.
As reações totalmente desconcertadas de Heejin só estavam mandando maus sinais para Jiwoo. Se ela, que era a garota mais liberal e mente aberta da igreja, estava agindo dessa maneira, imagina os outros? Iam querer exorcizá-la ou até mesmo jogá-la em uma fogueira, tal qual os católicos fizeram com Joana D´Arc por acharem que ela, além de “bruxa”, era lésbica.
“Na verdade, eu não sei se eu realmente gosto dela, o tempo todo eu penso que isso pode ser um plano de Satanás pra destruir a minha vida.” Jiwoo confessou, falando de seu maior medo. “Isso é uma coisa muito grave, se alguém descobrir vão arruinar a minha vida e a do meu pai por tabela.”
Era visível o quanto Jiwoo estava apavorada com aquilo, e isso era bastante agoniante de se ver, e não era para menos, afinal, a Bíblia era categórica ao definir a homossexualidade como um pecado gravíssimo e uma abominação aos olhos de Deus, mas também o sexo antes do casamento, a masturbação e mais uma infinidade de coisas como trabalhar aos sábados, cortar o cabelo, se divorciar e até mesmo comer frutos do mar e carne de porco eram atividades proibidas no livro sagrado, e no entanto, a maioria dos fieis as faziam sem peso na consciência.
Heejin nunca pensou a fundo sobre esse assunto, porque não imaginava que alguém próximo a ela pudesse ser gay ou lésbica e isso nem era só por causa da religião, mas também pela sociedade sul-coreana e seu conservadorismo que nunca enxergou com bons olhos pessoas que não fossem heterossexuais.
“Olha, isso foi uma coisa inesperada pra mim, não vou mentir, mas talvez não seja nada disso que você está pensando. Ninguém escolhe por quem se apaixona, isso simplesmente acontece.” Heejin tentou consolá-la e afastar aquela ideia de plano satânico de sua cabeça.
Não era segredo que ser filha do líder da comunidade botava Jiwoo em outro patamar, diferente dos demais jovens, e a pressão era muito maior sobre ela, que vivia no fio da navalha. Um passo fora da linha e o tombo poderia ser fatal.
“Eu só queria acordar e ver que tudo isso não passou de um pesadelo.” Jiwoo disse, já não contendo as lágrimas e desabando emocionalmente. “Eu não sei lidar com isso que eu tô sentindo, parece tão maior e mais forte do que eu, sinto que estou enlouquecendo.” A garota colocou as mãos sobre o rosto.
Era difícil não se compadecer por Jiwoo diante daquela situação. Heejin a conhecia há tantos anos e ela era uma ótima menina, sempre alegre, amiga, companheira e disposta a ajudar a todos a sua volta. Não seria nem um pouco justo a condenarem por algo assim, mas era inevitável de acontecer, dado o ambiente religioso e as regras rígidas que lhes eram impostas.
“Jiwoo, calma.” Heejin pediu, não sabendo nem direito o que falar. Não podia dizer que ia ficar tudo bem, porque seria uma grande mentira, e também tinha consciência de que não poderia dizer para ela se afastar ou tentar algo com essa menina, que ela nem sabia quem era.
Era uma situação bastante delicada, da qual Heejin nem tinha muito o que fazer.
“Me desculpa por te envolver nessa confusão, eu só precisava desabafar, colocar essa coisa toda pra fora, senão eu sentia que poderia explodir.” Jiwoo disse, após se acalmar um pouco.
“Está tudo bem, você não precisa se desculpar, amigos servem pra isso.” Heejin lhe assegurou e abriu um sorriso simpático.
“Você não está com nojo de mim depois de saber disso? Digo, ainda quer ser minha amiga?” A mais nova perguntou, com certo receio e insegurança e Heejin balançou a cabeça.
“Nada muda pra mim, e eu nunca deixaria de ser sua amiga por uma coisa assim.” Heejin respondeu e conseguiu arrancar um sorrisinho meio murcho, mas um sorriso, da outra. “Não importa o que aconteça, eu vou ficar do seu lado.”
Jiwoo sentiu seu coração se aquecer com o gesto, mas infelizmente, tinha consciência de que Heejin era uma exceção no ambiente da igreja.
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Os dias da semana iam se passando rapidamente, e na tarde de quarta, Hyejoo convidou Chae Won para lhe ajudar a arrumar as coisas para a mudança, já que o caminhão contratado levaria todo o resto das coisas da família para a casa do reverendo Kim na sexta-feira.
A loirinha seguiu direto da escola para a casa da amiga.
Hyejoo tinha a permissão de Gyuri pra fazer isso, já que estava mais comportada nos últimos dias. Desde que Sooyoung falou sobre a sua ideia de que sua mãe poderia ter sido vítima de um abuso sexual há muitos anos, ela não conseguia mais enxergá-la da mesma maneira.
E também estava mais na dela, pra se aproveitar que sua mãe parecia ter deixado de lado, pelo menos por hora, a ideia de lhe mandar para a Espanha viver com seu pai.
Toda vez que ela olhava pra Gyuri, sentia uma tristeza profunda e uma sensação ruim, talvez culpa e arrependimento pelo seu comportamento tão rebelde e que chegou a fazer a mãe a parar no hospital com uma crise de enxaqueca.
Porém, se Hyejoo tinha dado sinais de melhora e calmaria, Sooyoung por sua vez, estava no caminho oposto. A garota, que passou as últimas semanas se comportando relativamente bem, agora apresentava humor irritadiço, impaciente e agressivo.
Parecia que para a família “funcionar” maneira equilibrada, alguém que tinha que estar fora do eixo, se não fosse Hyejoo, então era Sooyoung, e vice-versa.
Eram o Yin e Yang da vida de Gyuri.

You're my sunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora