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“Eu não acho que vai dar pra mim.” Sooyoung respondeu melancólica. “Eu não tenho uma guitarra, não tem como eu fazer esse teste.” Ela concluiu triste.
“Poxa, mas você não tem como conseguir uma pro teste? Depois a gente dá um jeito de conseguir alguma pra você.”
“Não é coisa fácil, Kahei.” Sooyoung falou, bastante entristecida com o fato de não poder participar daquele teste. “Eu agradeço pela ajuda, mas, não vai rolar.”
“Não desiste fácil assim, eu vou falar com a Jin Sol, digo pra ela esperar uns dias, e nesse meio tempo nós damos um jeito de conseguir uma guitarra pra você.”
“Não adianta...”
“Para com esse pessimismo, Sooyoung, você nunca foi do tipo que desiste sem tentar, né? E também sempre quis fazer parte de uma banda, não é? Então, a chance tá aí. Você vai deixar mesmo que umas pedrinhas atrapalhem seu caminho?”
“Não são pedrinhas, são pedreiras.” Ela murmurou, cruzando os braços e se reencostando no banco.
“Está com frio?” A chinesa perguntou e Sooyoung assentiu manhosa.
“Com sono também.” Respondeu sincera, então Kahei abriu um sorriso carinhoso e passou a mão no rosto da amiga.
“Eu vou te levar pra casa.” Ela disse e deu um beijo delicado no rosto da mais nova.
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“Mãe, me desculpa pelo o que eu disse ontem?” Hyejoo falou para Gyuri enquanto todas tomavam café-da-manha.
“Tudo bem, minha filha, eu aceito suas desculpas.” Gyuri respondeu fazendo a caçula abrir um pequeno sorriso.
A matriarca da família estava mais calma naquela manhã, e até um pouco arrependida pela agressividade na noite anterior, mas a situação em que ela se encontrava não era das mais fáceis. A vida de uma mãe solteira com duas filhas adolescentes era extremamente pesada, ainda mais com Sooyoung e Hyejoo brigando feito cão e gato o tempo todo.
“A senhora pode, por favor, devolver o meu celular?” A garota perguntou e a mãe suspirou.
“Se vocês se comportarem bem nos próximos dias eu posso pensar em encurtar esse castigo.” A mulher respondeu e levantou-se da mesa. “Não demorem.”
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Ao chegarem na escola, Sooyoung e Hyejoo foram direto conferir o ranking dos alunos, que havia sido atualizado.
“Puta que pariu, eu não acredito que caí 15 posições.” Sooyoung murmurou, estarrecida em ver que estava ocupando a posição 82 naquele momento. “Minha mãe vai me matar.”
“Você é burra mesmo, hein, Sooyoung? Na próxima atualização você não vai tá nem nos 100 primeiros.” Hyejoo zombou da irmã, rindo.
“Cuida dessa sua vidinha chata e me esquece, Hyejoo.” A mais velha respondeu, sem paciência para as provocações infantis da caçula.
A mais velha se afastou e foi para a sala, onde teria uma aula de matemática. Sentou-se em uma das últimas carteiras e com menos de 20 minutos já estava cochilando.
Esse era o grande problema de Sooyoung: suas saídas noturnas com Kahei lhe deixavam bastante cansada no dia seguinte, e assim ela acabava dormindo nas aulas e não conseguindo notas boas nas provas.
“Ha Sooyoung!” A professora chamou seu nome, mas a menina continuou dormindo. “Ha Sooyoung!” Ela falou num tom mais alto, fazendo a jovem acordar assustada e todos os seus colegas de turma rirem. “A senhorita está sendo chamada na diretoria.”
“Ih, se deu mal, hein, Bela Adormecida?” Um rapaz metido a engraçadinho falou e Sooyoung aproveitou que a professora estava de costas para lhe mostrar o dedo do meio.
A garota saiu da sala de aula e foi direto para a diretoria, onde ela teve uma surpresa bastante desagradável: sua mãe havia sido chamada na escola para ser informada sobre seu baixo rendimento.
Estava, sim, muito encrencada.
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“Eu estou tão decepcionada com você, Sooyoung.” Gyuri começou uma bronca na filha após ouvir uma série de reclamações que os seus professores repassaram ao diretor da escola. “Não entendo o que você está pensando, dormir na aula? Responder professores de forma grosseira? Se desentender com seus colegas? Eu não te eduquei pra ser um projeto de marginal!”
“Mãe, tudo tem uma explicação...” A adolescente tentou argumentar.
“Eu não quero ouvir desculpas, eu quero que você se torne uma aluna melhor!” Gyuri a cortou de forma agressiva. “Eu me senti tão humilhada. Suas notas estão horríveis e você pode até ficar retida! Você tem noção do que é isso?”
Sooyoung havia sido dispensada da aula naquele dia e sua mãe a levava de volta para casa.
O celular de Gyuri tocou, e ela atendeu.
“Fala, meu bem.” Pelo tratamento a jovem soube que era Donghae. “Eu não posso falar agora, tô dirigindo. É, tô voltando pra casa. Não, não aconteceu nada comigo, foi a Sooyoung, ela foi dispensada da aula hoje. Depois eu te explico direito, até mais, beijo.”
Ao ouvir aquela conversa, a adolescente olhou para a mãe com os olhos semicerrados.
“Mãe, para de falar da minha vida pra esse cara! Coisa chata!” Sooyoung chamou a atenção da mãe, que lhe deu um olhar feio.
“Mais respeito com o Donghae!” A mulher a repreendeu. “Depois que o Yangnam me deixou, ele foi o único que me estendeu a mão!”
“Olha, mãe, ele pode ser bom pra você, mas eu não quero um estranho se metendo na minha vida, porque é isso que ele é, um estranho!” A garota respondeu no mesmo tom alterado e agressivo.
“Cala essa boca!” A mulher vociferou.
“É sempre assim, né? Quando você não tem mais o que dizer, manda a gente calar a boca. Você não sabe conversar com as suas filhas.” A garota acusou a mulher, que já estava ficando vermelha.
“A sua sorte é que eu tô dirigindo, senão eu juro que quebrava a sua cara, pra você aprender a respeitar a sua mãe.” Gyuri disse e a garota deu os ombros e abriu um sorriso irônico.
“Pancada não conquista respeito.” Ela murmurou, e isso foi o suficiente para que Gyuri lhe desse um tapa na cabeça, fazendo o sorriso se transformar em lágrimas de revolta com a violência.
O resto do caminho foi um silêncio sepulcral. Sooyoung chorava em silêncio e Gyuri estava se sentindo mal pela agressão e também bastante preocupada com a vida escolar da filha mais velha.
Quando elas chegaram em casa, Sooyoung saiu do carro e bateu a porta com violência, até estremecendo o veículo e foi direto para o quarto, também batendo a porta com ódio e se jogou na cama, libertando seus sentimentos e chorando copiosamente.
Queria muito que estivesse com seu celular ali, pois gostaria muito de falar com Kahei. A chinesa era a única que conseguia lhe acalmar em momentos como aqueles.
Ficou abraçada ao travesseiro e não demorou para molhar a sua fronha azul claro com as lágrimas de tristeza que rolavam por seu belo rosto.
Por conta do cansaço que estava sentindo, Sooyoung acabou adormecendo ali, e acordou ao ouvir o som da campainha. Pensou em nem se levantar e fingir que não havia ninguém em casa, afinal, Hyejoo ainda estava na escola e Gyuri no trabalho, mas ela ficou curiosa sobre quem poderia ser, então se levantou e deu uma ajeitada rápida nos cabelos negros esparramados e foi até o banheiro dar uma lavada no rosto inchado para disfarçar um pouco a situação, coisa que não adiantou muito.
E após o terceiro toque sem resposta, Sooyoung afastou um pouco da cortina da janela que dava acesso para a rua e viu que tocava a campainha era Jiwoo, e a mesma já estava caminhando em direção ao rua.
Ficou irritada ao ver aquela menina ali, mas soube que provavelmente foi sua mãe quem havia pedido para a garota ir até a sua casa, e ficaria ainda mais brava se ela não a atendesse, por isso ela correu até a porta, e a abriu, vendo a outra já na calçada.
“Jiwoo, espera!” Chamou pela mais jovem, que parou imediatamente e olhou para ela, abrindo um sorriso amigável. Sooyoung andou até ela, e a garota a cumprimentou se curvando. “Desculpa a demora, eu estava cochilando.”
“Tudo bem, não tem problema, Sooyoung.” A garota respondeu simpática. “Eu pensei que não estivesse em casa ou não quisesse me receber.”
Na verdade, Sooyoung não queria receber ela mesmo, não, mas a garota não tinha culpa do que estava acontecendo em sua vida, então não era justo tratá-la mal por estar chateada com Gyuri.
“Eu fui lavar o rosto.” Ela explicou. “Venha, pode entrar.”
Apesar do ocorrido da última vez em que estiveram juntas, Jiwoo não parecia guardar rancor, nem temerosa por ficar sozinha com a outra adolescente.
“Foi minha mãe quem mandou você aqui, não foi?” A morena mandou assim que a outra colocou os dois pés no interior da residência.
“Não, eu só queria... queria conversar com você.” Jiwoo respondeu, colocando as mãos nos bolsos da calça e desviando o olhar, demonstrando um leve incômodo enquanto falava.
“Está mentindo.” Sooyoung prontamente a acusou, deixando a garota levemente coradas. “Seus sinais corporais te entregaram, Jiwoo.”
“Por favor, não fique brava com a sua mãe, ela só está preocupada e quer o seu bem.” A menina disse, fazendo a outra rir com deboche.
“Que bonitinha a santinha.” Ela ironizou, fazendo Jiwoo suspirar e ficar pensativa, receosa do que falar. “Garota, não é por nada, não, mas faça o favor de me deixar em paz. Se tem uma coisa que eu não preciso é da ajuda de uma bitoladinha religiosa como você!”
“Eu não quis te ofender...” Jiwoo começou.
“Mas eu quis!” Sooyoung a cortou e caminhou até a porta, abrindo-a. “E quero que você vá embora da minha casa agora! Sai!”
Sooyoung encarou Jiwoo, que até se encolheu diante da agressividade da outra.


You're my sunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora