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“Você está linda.” Gyuri falou com um largo sorriso, assim que fechou o zíper nas costas do vestido lilás clarinho que a filha vestia. Seu comprimento era abaixo dos joelhos, tamanho adequado para uma igreja, e tinha um babado no busto. “Vamos lá fora pra você ver no espelho.”
As duas saíram do provador, e logo encontraram a vendedora que esperava por elas.
Mas ao ficar de frente para um dos espelhos no corredor, a garota fez uma careta.
“Eu tô horrível.” Hyejoo falou sem ânimo algum e depois virou-se para a mãe. “Eu tô me sentindo um travesti.”
Ao ouvir aquilo Gyuri colocou a mão no rosto, envergonhada, enquanto a vendedora ficou sem graça e sem saber o que dizer.
“Hyejoo, não diga uma coisa dessas, você está maravilhosa.” A mulher falou, mas a garota continuou de cara fechada.
“Sim, você pode estar se sentindo estranha agora, mas no dia da cerimônia você vai usar sapatos adequados, maquiagem, um penteado lindo, vai até se parecer com uma princesa, você é muito bonita, menina.” A vendedora disse com um sorriso simpático, tentando animar a menina, que não se convenceu.
“Vocês não têm nada preto aí?” A garota questionou.
“Nós temos alguns modelos...” A vendedora começou de forma simpática.
“Não, não precisa se incomodar, ninguém vai usar vestidos pretos nesse casamento, a cerimônia vai ser durante o dia por isso as vestimentas serão claras e leves. “Explicou para a vendedora e depois se voltou para a filha. “Nada de vestido preto.” Gyuri falou impaciente e a garota revirou os olhos. Já tinha explicado a situação para Hyejoo três vezes desde que chegaram na loja.
“Eu não quero esse vestido, tô me sentindo ridícula nele.” Hyejoo bateu o pé e cruzou os braços, voltando a olhar para o espelho.
Gyuri suspirou, mas se aproximou, e segurou no cabelo da filha, levantando-o como um penteado.
“Com um coque você vai ficar elegante, minha filha, e a maquiagem vai dar um toque especial.” Gyuri tentou contornar a situação, mas Hyejoo não se contentou com isso, apenas bufou e revirou os olhos.
“Pelo visto não vai ter outro jeito, né? Então que seja.” Respondeu dando de ombros e depois voltou para a cabine, chutando o chão.
Gyuri e a vendedora se entreolharam, e a primeira estava morrendo de vergonha.
“Me desculpa por isso, ela tá numa fase terrível, muito rebelde.” Ela justificou meio sem jeito.
“Não se preocupe, senhora.” A jovem vendedora respondeu, e então Gyuri seguiu para a cabine, para ajudar a filha a se despir.
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“Precisava falar daquele jeito lá na loja?” Gyuri questionou Hyejoo assim que elas pisaram na rua. “Foi de uma má criação que me deu até vergonha.”
“Eu só falei a verdade, não é minha culpa se as pessoas não estão preparadas pra ouvi-la.” A adolescente respondeu de forma arrogante.
“Hyejoo, até a vendedora concordou que você estava linda naquele vestido.” Gyuri argumentou e a jovem soltou um risinho debochado.
"Opinião de vendedor não é parâmetro pra nada, eles falam isso pra todo mundo. Quanto mais vendas, mais dinheiro, é o trabalho deles.” Ela rebateu, fazendo Gyuri balançar a cabeça.
Era estranho, mesmo com tantos problemas, ver que a sua filha de apenas 15 anos tinha tanta amargura dentro de si. E mais difícil ainda era saber que parte disso era sua culpa por ter sido uma mãe longe do ideal.
E ela já não estava mais sabendo como contornar a situação.
“Está com fome?” Gyuri mudou o assunto e a garota apenas negou com a cabeça, sem muito ânimo. “Eu vou precisar dar uma passada em um caixa eletrônico, por que você não me espera no fliperama? Pelo menos você se diverte com algo nesse passeio.”
Naquela rua havia um fliperama onde Hyejoo adorava ir, mas quase sempre na companhia de Chae Won, porém, ela aceitou a sugestão da mãe e estendeu a mão para pegar as moedas para comprar as fichas.
Mãe e filha se separaram, e a garota seguiu para a casa de jogos, onde logo na entrada havia uma dessas máquinas de garra onde você tenta pegar alguma coisa. A dali era repleta de pelúcias.
Se lembrou de quantas vezes Chae Won havia insistido para ela jogar naquela máquina maldita e pegar uma pelúcia para ela, e também em quantas fichas ela já havia perdido por causa dessa insistência chata de sua amiga.
Ela fazia tudo pra agradar aquela otária, e quando precisou de apoio pra fazer algo sério, Chae Won lhe virou as costas.
Ingrata.
Hyejoo caminhou até ao balcão e comprou algumas fichas, indo direto para o seu jogo favorito dali: Street Fighter
“Oi, gatinha.”
Hyejoo levou um pequeno susto ao ouvir aquela voz masculina tão próxima, virando para trás imediatamente por reflexo.
Um rapaz alto, de cabelos arrepiado e descolorido, usando jaqueta de couro, calça jeans e all star, com uma pose bad boy total, estava sorrindo para ela. Hyejoo ficou embasbacada por um segundo, até sentindo um arrepio no meio das pernas.
Ele era lindo.
O rapaz se aproximou, colocou a mão no bolso da calça, tirou uma nota de dinheiro e a colocou sobre o painel do jogo.
“Aceita um desafio?” Ele perguntou, esbanjando confiança.
“É... Eu... Eu não tenho grana pra isso.” Ela respondeu, meio nervosa e cabisbaixa e ele riu baixinho.
“Se eu ganhar, vou querer o número do seu telefone.” Ele disse e deu uma piscadinha sugestiva. “Topa?” O rapaz estendeu a mão, e após alguns segundos, Hyejoo a apertou, concordando com aquilo, já pensando em perder de propósito para poder falar com aquele cara mais vezes. “Eu sou Kim Namjoon, e você?”
“Son Hyejoo.”
Eles colocaram suas fichas na máquina, e escolheram seus lutadores: Namjoon escolheu Chun-Li, já Hyejoo deu preferência para Ryu, seu crush dos games.
Assim que o jogo começou, a menina foi surpreendida pelo rapaz se mostrando um exímio gamer e perdeu o primeiro round sem quase nem acertar um só golpe na sua lutadora. Ele riu alto quando isso aconteceu.
Já no segundo round, Hyejoo se mostrou mais ligada e equilibrou a partida, mas por questões de detalhes, acabou derrotada novamente e recebendo o sonoro “YOU LOSE” da tela do jogo.
“Parece que eu vou te ligar mais tarde hoje.” Namjoon brincou, e virou-se para encarar a garota, que mesmo derrotada, manteve uma pose confiante, na busca de impressionar o rapaz, assim como ele havia a impressionado.
“Você é velho, deve ser viciado nisso desde antes de eu nascer.” Provocou, tentando descobrir a idade do rapaz.
“Provavelmente, mas isso não torna a nossa proposta inválida ou você vai dar pra trás?” Ele respondeu a provocação, mas Hyejoo negou e passou o número de seu celular para ele. “Foi uma honra vencer você hoje, Son Hyejoo, vou adorar fazer de novo.”
“Na próxima você não vai ter tanta sorte, Kim Namjoon.” Ela afirmou, com toda a confiança do mundo e sorriu. “Eu tenho que ir agora, até mais.”
Hyejoo se despediu de Namjoon e saiu dali antes de Gyuri voltar, porque sabia que se sua mãe a visse conversando com aquele rapaz mais velho, iria começar a lhe encher a paciência e dificultar qualquer aproximação entre eles, sendo assim, a prevenção era o melhor remédio.
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Sooyoung já estava na casa de Jin Sol, ensaiando com suas colegas de banda um dos maiores clássicos do Rock, “Johnny B. Goode”, do deus da guitarra Chuck Berry.
A guitarrista já sabia que Haseul estava com raiva dela e de Kahei pelas conversas com a amiga chinesa, mas mesmo se a outra não tivesse mencionado nada, já que ao chegar ali, ela não foi cumprimentada pela vocalista, que lhe lançou um olhar com tanto ódio, que caso ela possuísse algum poder, Sooyoung seria desintegrada no mesmo instante, porém, mesmo diante das circunstâncias, Sooyoung tentou agir de forma cordial, como sempre fazia.
“... Go, go Johnny, go! Go, go Johnny, go!” Haseul cantava, até o momento em que Sooyoung acabou errando um acorde e desarmonizando com o resto do grupo. “Para, para, para!” E assim todas as outras meninas pararam de tocar.
Sooyoung suspirou fundo, já começando a ficar impaciente, pois era a terceira vez que ela errava na mesma parte.
“Você tá de zoeira com a nossa cara? Veio aqui com o intuito de atrapalhar o nosso ensaio?” Haseul perguntou de forma agressiva para Sooyoung, encarando a garota.
“Qual é? Não foi de propósito, não, eu, inclusive, peço desculpas por atrapalhar.” Ela respondeu, sentindo-se atingida pela acusação, mas com a impressão de que a motivação de Haseul não eram apenas os seus erros naquela tarde.
“Essa música é difícil mesmo, precisa de muita concentração pra não errar.” Yerim argumentou. “De novo, do começo, meninas.” Tentou retomar o ensaio.
“Tá na cara que a gente não vai conseguir tocar essa música inteira, melhor irmos pra outra.” Haseul disse, ainda em tom provocador. “Ao contrário de certas pessoas, eu estou aqui pra trabalhar, não pra passear.”
“Assim é mole, você ficou com a parte mais fácil, que é cantar.” Sooyoung retrucou, no mesmo tom.
“Meninas, parem com isso, não vamos nos desentender por besteira.” Jung Eun interviu, tentando inutilmente acalmar os ânimos.
“Parte mais fácil? Só porque você é incompetente e não consegue cumprir com as suas obrigações, não venha desmerecer o meu talento!” Haseul esbravejou, caminhando para perto de Sooyoung, de forma intimidadora. “Você não seria tão medíocre se treinasse com seu instrumento ao invés de ficar atrás da namorada alheia!”
“Então o problema é esse? A Kahei?” Sooyoung perguntou ofendida, mas não surpresa. “Deixa de ser babaca, nós somos só amigas!”
“Chega, porra!” Jin Sol gritou, batendo com as baquetas nos pratos de sua bateria azul, fazendo um barulho enorme que chamou a atenção de todas ali.
“Ninguém é obrigado a ser amigo de ninguém, mas se respeitem e não briguem por causa de boceta.” Yerim disse, surpreendendo as meninas com seu palavreado. “Se vocês querem que essa banda tenha um futuro, levem as coisas mais a sério.”
Haseul e Sooyoung se encararam em silêncio, mas decidiram por dar uma trégua e seguir com o ensaio.
“Do começo, meninas, 3 2 1, vai!” Yerim contou, e elas começaram mais uma vez a música lendária de Chuck Berry.
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Aquele tinha sido o ensaio mais cansativo de todos, e mesmo sabendo que Haseul havia lhe atacado motivada por ciúmes, Sooyoung não conseguia deixar de remoer aquelas palavras ditas tão duramente em sua cara.
Tocar guitarra era basicamente a única coisa que ela realmente gostava, mas, e se ela não fosse boa o suficiente pra isso, o que iria fazer de sua vida?
“Relaxa, Soo, você sabe que a Haseul só falou isso pra te magoar.” Kahei respondeu ao telefone.
Assim que entrou num vagão quase vazio do metrô, ela recebeu uma ligação da chinesa, perguntando como as coisas estavam, e acabou por contar sobre o desentendimento durante o ensaio.
“Mas e se ela estiver certa? E se eu não tiver mesmo talento pra me tornar uma música profissional?” A morena se questionou, com uma forte insegurança tomando conta de si.
“Ela não está certa, Sooyoung.” Kahei afirmou com veemência em resposta. “Você quer saber de uma coisa? A Haseul uma vez me falou que ela tinha te achado uma ótima adição pra banda, já que você era bastante talentosa e tinha a personalidade de um verdadeiro rockstar.”
Sooyoung não conseguiu não abrir um pequeno sorriso com aquelas palavras.
“Ela está magoada e quis transferir a mágoa pra você, mas não deixe isso te abalar, gata, no fundo você sabe que isso não é verdade.” Ela concluiu.
“Valeu, Kahei.” Ela agradeceu verdadeiramente, se sentindo um pouco melhor. “Falar com você sempre me faz bem.”
“Eu digo o mesmo.” A chinesa respondeu, arrancando mais um sorriso da outra.
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Ao chegar em casa, Sooyoung encontrou Hyejoo no sofá, vidrada no celular, coisa comum até, não fosse pelo sorriso bobo em seus lábios e a forma frenética que digitava mensagens, revelando que estava em uma conversa bastante animada, coisa que Gyuri teria notado, caso não estivesse na cozinha, com o telefone em mãos, andando de um lado para o outro, claramente nervosa e impaciente.
Sooyoung até se espantou, afinal, quando ela saiu de casa, tudo estava normal.
“Mãe, o que está acontecendo?” A mais velha questionou, e Gyuri desligou o telefone e respirou fundo antes de responder.
“O imbecil do Yangnam não depositou o valor da pensão da Hyejoo esse mês. Eu fui no banco e vi minha conta no vermelho.” Ela respondeu irritada. “Minha vontade é de matar esse desgraçado!”
Sooyoung até engoliu em seco, mas decidiu não dizer nada. O relacionamento de sua mãe com o ex-marido não era dos melhores, mas a garota preferia não tomar partido, já que o homem havia lhe criado e era a referência mais próxima que ela tinha de um pai.
“Eu vou tomar um banho.” Sooyoung disse e seguiu para o banheiro após guardar a guitarra e a caixa amplificadora em seu quarto. Os ânimos estavam exaltados em sua casa, e só um banho bem quente para ajudar a relaxar e a fugir um pouco dos problemas, fosse com sua mãe, fosse com Haseul.
Ficou ali durante alguns longos minutos, relaxando até ouvir os gritos de Gyuri, extremamente furiosa com Yangnam, porque além dele não cumprir com suas obrigações financeiras, ele ainda a estava ignorando propositalmente.
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Gyuri foi dormir enfurecida com aquele desleixo de Yangnam. Tinha plena consciência de que ele não tinha consideração por ela, e ela nem queria nada daquele homem, mas ele não podia deixar de contribuir financeiramente para o sustento de sua única filha, mesmo que a garota não estivesse em bons termos com ele.
Gyuri era uma mãe solteira, tendo que sustentar duas garotas com um salário de secretaria em um consultório de dentista. Sem o dinheiro de Yangnam isso se tornaria algo impossível, e se ele não enviasse a quantia mensal para a sua conta o mais rápido possível, ela acabaria tendo que pagar juros exorbitantes ao banco, e sua vida financeira se tornaria um verdadeiro caos.
Mas ao pegar o celular, ela viu que havia um áudio do ex-marido no Whatsapp, recebido na madrugada no horário coreano e noite na Europa. Ela diminuiu um pouco o volume e foi ouvir o que ele tinha para lhe dizer.
“Gyuri, para de me infernizar! Eu não enviei e nem vou enviar esse dinheiro de pensão, porque eu já tô sabendo que você tá de casamento marcado com outro homem. Se você acha que eu vou aceitar quieto você botar outro homem no meu lugar, pra minha filha chamar de pai, você está muito enganada! Eu sei muito bem que foi você quem fez a cabeça da Hyejoo pra ela não falar mais comigo, e isso é alienação parental! E que fique bem claro, que se esse filho da puta encostar um dedo na Hyejoo, eu pego um avião pra Coreia no mesmo dia e mato vocês dois! Entendeu? Sua vagabunda!”
O áudio terminou deixando Gyuri em um estado de choque sem reação alguma por alguns segundos, então, as lágrimas vieram.
Mais uma vez tinha sido humilhada por aquele homem, mesmo há milhares de quilômetros de distância. Não só humilhada, como também ameaçada de morte, simplesmente por estar usufruindo de seu direito de ter um novo amor e recomeçar sua vida, coisa que ele havia começado a fazer muito antes dela.
Estava com mais um problema pra resolver, mas não poderia deixar aquilo transparecer para Donghae, já que ele estava radiante com a proximidade da data de casamento, e ela não queria estragar a felicidade de seu noivo por causa do cavalo do seu ex-marido.
Tomou um banho e acordou Sooyoung e Hyejoo para irem a igreja naquela manhã de domingo. A maior parte do tempo ela ficou calada, ainda diluindo a ameaça e as ofensas de Yangnam em completo silêncio.
Ao chegar na igreja, ela viu o grupo dos jovens do coral, e em especial Heejin, Hyunjin e Yeojin, que estavam próximas e conversavam antes do culto começar.
“Hyejoo, aproveite que estamos aqui e vá lá pedir desculpas para Heejin.” Gyuri falou para a caçula, que estava de braços cruzados ao seu lado.
Hyejoo, no entanto não fez nada, ficou parada no mesmo lugar, observando aquele monte de pessoas chegando pro culto.
“Cara, eu não vou fazer isso aqui na frente dessa galera toda, vai ser muito mico.” A garota respondeu na defensiva, se recursando a cumprir a ordem de sua mãe e o combinado com Donghae.
“Primeiro que eu não sou “cara”, eu sou sua mãe, então você fale direito comigo, e segundo que ou você vai lá por conta própria ou eu vou te arrastar pelas orelhas, e aí você vai ver o que é mico de verdade.” A mulher a repreendeu de forma ameaçadora, impaciente e a garota bufou.
“Tudo bem, mas a Sooyoung vai comigo.” Hyejoo concordou e olhou para a irmã mais velha.
“Eu não vou nada, pra fazer merd...” Sooyoung começou e recebeu um olhar reprovador de sua mãe por conta de seu palavreado. “Quer dizer, pra fazer coisa errada, você vai sozinha.” Corrigiu de forma rápida, tentando contornar a situação.
“Vá com ela, Sooyoung.” Gyuri mandou, para a revolta da primogênita.
“Mas por que? Quem fez isso foi ela, eu não tive nada a ver com isso!” Sooyoung protestou inutilmente.
“Você sabia o que ela tinha aprontado e escondeu de mim, portanto, tem parte de culpa nessa história também.” A mulher respondeu, fazendo a garota bufar e Hyejoo dar uma risadinha.
“Vem, Hyejoo.” Sooyoung falou e seguiu com a irmã caçula em direção as três garotas, que conversavam e sorriam animadas, mas mudaram as feições assim que notaram as duas irmãs indo ao seu encontro. “Com licença, a Hyejoo tem uma coisa pra falar com a Heejin.”
Heejin fixou seus olhos na garota mais nova, que estava cabisbaixa, parecendo envergonhada.
“Desculpa.” Murmurou de um jeito quase inaudível e virou as costas para voltar ao lado de sua mãe.
Foi uma cena patética.
“Que desculpinha mais mixuruca, eu nem aceitaria uma coisa dessas.” Hyunjin falou alto, e isso fez Hyejoo e encarar a prima de Jiwoo.
“A desculpa não é pra você, não, é pra ela, vá procurar sua turma!” Ela respondeu de forma agressiva e Hyunjin chegou a abrir a boca para retrucar, mas Heejin pediu para ela não dizer nada.
“Deixa, Hyunjin, não tem problema algum, eu aceito as desculpas.” A mais velha falou de forma calma. “Como o Wonpil disse ela é mesmo uma criança, nós não devemos ser tão rigorosas.” Completou de forma até meio cínica e claramente para provocar a garota, fazendo as suas duas amigas rirem.
Ser chamada de criança por Heejin fez o sangue de Hyejoo ferver.
“Olha aqui sua...” Ela começou, mas Sooyoung lhe segurou quando ela ameaçou se aproximar das outras.
“Cala essa boca, Hyejoo, você veio aqui pra consertar as coisas e não arranjar mais problemas.” Sooyoung falou e praticamente arrastou a irmã dali, enquanto as outras três meninas riam.
“Que garota insuportável.” Hyunjin comentou venenosa, enquanto observava as duas irmãs se afastando.
“Suas primas.” Yeojin brincou, se referindo ao casamento do tio da amiga com a mãe de Hyejoo.

Ao longe Gyuri observava tudo, e tratou de ir ao encontro das filhas.
“O que aconteceu? Você estava discutindo com a Heejin?” A mulher questionou a filha mais nova.
“Não.” Sooyoung respondeu no lugar da irmã. “Ela pediu desculpas, a Heejin aceitou e agora está tudo bem.” Mentiu e sorriu.
“Ai de vocês se eu descobrir mais uma mentirinha, por menor que seja, aí vocês vão ver o bicho pegar de verdade.” Gyuri respondeu, não acreditando na resposta de Sooyoung, que abaixou a cabeça e não disse mais nada. “Agora vamos lá pra dentro.”
Sooyoung seguiu sua mãe em silêncio, pensando em como ela parecia um imã de encrencas. Não importava onde ela fosse, sempre havia uma confusão ao seu redor, e ela geralmente se dava mal, mesmo quando não tinha culpa.
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Após o culto, Sooyoung e Hyejoo foram direto para o quarto, uma vez que Gyuri recusou um convite de almoçar com Donghae, alegando estar com muita dor de cabeça. O reverendo ficou preocupado, mas a noiva o convenceu de que não era nada demais e tudo se resolveria com descanso e um analgésico.
“Achei nossa mãe muito estranha hoje.” Sooyoung comentou, deitando em sua cama. “
“Estranha? Estranha ela fica quando trata a gente bem.” Hyejoo respondeu, já pegando seu celular para iniciar uma conversa com Namjoon. “Ela tá com raiva do meu pai e fica descontando em mim.”
“Não acho que seja isso.” Sooyoung comentou e Hyejoo deu os ombros.
“Pouco me importa também, tô nem aí, por causa dela a gente é obrigada a ir naquela droga de igreja e ainda ter que ficar aturando desaforo das três patetas.” A garota reclamou, sorrindo ao receber mensagem do rapaz. “Como se o pastorzinho e a chata da filhinha dele já não fossem o suficiente.”
Sooyoung balançou a cabeça, se incomodando com a agressão contra Jiwoo.
“Acho que você tinha que maneirar nesse seu ódio gratuito, Hyejoo, a Jiwoo nunca fez nada pra você, para com isso.” A mais velha argumentou e a outra revirou os olhos.
“Você gosta tanto dela, né?” A mais nova perguntou, fazendo as bochechas da outra coragem e ela ficar sem resposta, mas Hyejoo não se deu conta daquilo, já que estava focada no celular. “Então fala a verdade pra ela.”
Sooyoung arregalou os olhos ao ouvir aquilo e sentiu a respiração pesar.
“Que verdade?” Ela questionou, com certo temor da resposta.
“Que você só entrou na porcaria da bandinha de crente dela, pra poder usar a guitarra da igreja.” Ela respondeu. “Eu não sei o que você faz, mas aposto que é algo com algum rockeiro drogado, é a sua cara isso.”
“Cala a boca, Hyejoo, impressionante como você não consegue ficar cinco minutos sem falar uma merda.” Sooyoung falou com certa impaciência.
“Impressionante é como você passa recibo e se entrega sozinha.” Hyejoo respondeu calma. “Quero ver se a Jiwoo vai ser compreensiva quando ela souber dessa história.”
Sooyoung suspirou, mas decidiu se manter em silêncio, já que não valia a pena levar aquela conversa adiante.
Já Hyejoo continuava a conversar com Namjoon, ainda irritada com aquelas crentezinhas por lhe chamarem de criança. Como não estava mais falando com Chae Won, ela só tinha o rapaz para desabafar, então decidiu o ocorrido mais cedo para ele.
Pegou seu fone de ouvido, já que ele estava lhe mandando áudio.
“Confesso que fiquei surpreso por saber que você é crente.” Ele disse e riu. “Mas na boa, te chamar de criança é foda. Você me pareceu bem madura. Quantos anos você tem? 18?”
“Não viaja, cara, eu tenho só 15. E você? Tem quantos?” Ela respondeu e logo mandou uma pergunta.
“Com quem você tá falando, Hyejoo?” Sooyoung questionou ao ouvir aquilo.
“Não interessa.” A caçula respondeu seca.
“Hyejoo, na boa, toma cuidado com quem você fica de papo aí, porque não dá pra confiar em ninguém, ainda mais na internet.” A mais velha falou preocupada e Hyejoo riu.
“Você fez uma amiga pela internet, não venha com hipocrisia pra cima de mim.” Ela respondeu, já se levantando pra sair dali e falar com Namjoom em paz.
“Só toma cuidado, tá bem?” Sooyoung falou, mas a sua irmã a ignorou por completo e começou a ouvir a resposta do rapaz.
“Jura que você é tão novinha assim? Caraaaaca... Bom, eu tenho 23, espero que não seja um problema pra uma menina tão madura assim.”
Hyejoo sorriu com aquela resposta, cada vez mais animada com o rapaz.
Talvez ela tivesse encontrado alguém que iria finalmente lhe entender.








































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