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Capítulo 20:
“Chae Won, escuta só essa.” Hyejoo abordou a amiga, totalmente animada, durante a saída da aula. “Eu tive uma ideia incrível pra acabar com esse casamento da minha mãe, quer dizer, pra ela nem chegar a ir pro altar com aquele mala do reverendo Kim.”
“Hyejoo, como você vai fazer isso? A sua mãe parece gostar muito dele.” A outra perguntou e Hyejoo sorriu.
“Fácil, eu vou descobrir algum podre dele e revelar tudo pra minha mãe, aí ela não vai querer mais querer se casar com ele.” Respondeu confiante. “Eu sei que é algo bem simples, mas vai ser eficaz, eu conheço a minha mãe.”
“Pode ser, mas vai ser difícil você conseguir encontrar algo dele, ele me pareceu um homem muito correto.” Chae Won argumentou e a sua amiga revirou os olhos.
“Ninguém é santo, Chae Won, todo mundo tem seus segredinhos sujos, e ele não é diferente só porque lê a Bíblia todos os dias.” Ela retrucou. “Além de quê, eu já tenho uma ideia: eu vou hackear o celular dele.”
Chae Won ficou surpresa e um pouco assustada com aquela informação.
“Isso não é crime, e tipo, muito errado?” Perguntou genuinamente e Hyejoo riu.
“O governo faz isso o tempo todo, Chae Won.” Ela respondeu dando os ombros. “Além de quê, eu não vou pegar o número do cartão de crédito dele pra comprar nada, só vou procurar alguma conversa suspeita, alguns lugares estranhos que ele possa ter estado, fotos comprometedoras, esse tipo de coisa.”
“Eu não sei se essa ideia é tão boa assim, e pra ser sincera, acho que você não deveria fazer isso.” A loira aconselhou, mas Hyejoo balançou a cabeça negativamente. “Pense que existe a hipótese de você não encontrar nada e se descobrirem o que você fez, você vai arrumar uma encrenca das grandes com a sua mãe.”
“Pensei que você fosse minha amiga.” Hyejoo acusou, irritada e frustrada com a reação da outra garota, da qual ela esperava apoio para seu plano.
“Mas eu sou sua amiga, Hyejoo, e é por isso que eu estou sendo sincera com você.” A jovem se defendeu.
“Pois guarda essa sinceridade toda pra você!” Hyejoo rebateu, com o dedo em riste e dando um passo para frente, de uma forma um tanto agressiva, que fez Chae Won engolir em seco. “Quer saber? Eu vou fazer isso sozinha, você é uma cabeça oca que não sabe nada mesmo, só ia me atrapalhar!”
“Ah é?” e Chae Won perguntou, alterando a voz, visivelmente magoada, mas disposta a dar uma resposta à altura das grosserias de Hyejoo. “Eu sou cabeça oca, e você é uma cabeça dura que faz tudo errado e depois fica reclamando da vida e se fazendo de vítima, sendo que você é a maior culpada de tudo!”
Aquela resposta surpreendeu Hyejoo, que ficou sem reação por alguns segundos.
“E você é uma falsa!” A morena atacou.
“E você é uma grossa!” Chae Won falou mais alto.
“E você é uma burra!” Hyejoo rebateu, sobrepondo sua voz a da outra. “Quero só ver quem vai te explicar as piadas lá na escola, já que você nunca entende nenhuma!”
“E quero ver quem vai te aguentar reclamando da vida, já que essa é a única coisa que você sabe fazer!” Ao ouvir aquilo, a vontade de Hyejoo foi de pegar sua mochila e jogá-la na cara de Chae Won, mas se conteve com certo esforço, já que isso poderia aumentar seus problemas.
Na verdade, ela havia ficado muito magoada, já que ela considerava a loira sua melhor amiga e confidente, e as palavras ditas pela outra, haviam lhe dado a impressão de ser apenas um estorvo que ninguém nunca suportaria.
“Estou de mal de você e não quero que você volte a me dirigir a palavra.” Chae Won falou bastante séria, mas Hyejoo soltou um riso debochado, para ocultar suas lágrimas.
“Tô de mal de você nhenhenhem.” Repetiu fazendo uma voz fina, imitando a de sua, agora, ex-amiga. “Tô nem aí!” Deu os ombros, e então Chae Won se virou e atravessou a rua, mudando seu caminho, enquanto Hyejoo ficou parada por alguns instantes, digerindo o que tinha acabado de acontecer, mas seguiu em frente.
“Eu sou um lobo solitário, tenho que lidar com isso.” Falou para si mesma, e enxugou uma lágrima que escorreu por seu rosto, enquanto retomou o caminho de casa.
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Após sair da escola, Jiwoo recebeu uma mensagem de Heejin no WhatsApp lhe convidando para tomar um milk-shake, e como ela tinha a tarde livre, decidiu aceitar, acreditando que seria bom sair de casa e falar com outras pessoas, para, pelo menos por um tempo, se esquecer de todos aqueles problemas que estava vivenciando.
Era visível que Heejin ainda estava bastante chateada pelo rompimento com Wonpil, mas ela já parecia um pouco mais à vontade para sair e se distrair do que nos últimos dias.
Foram em uma sorveteria nas proximidades e sentaram-se uma de frente para a outra na pequena mesa, mas mesmo em um novo ambiente, as preocupações não deixavam Jiwoo em paz, e tudo se refletia diretamente em seu comportamento.
“Jiwoo, você está um tanto calada, estou até estranhando.” Heejin comentou.
“Eu falo demais, né?” Jiwoo brincou e riu pela primeira vez no dia.
“Não é isso, é que você é sempre tão animada e parece que tá meio pra baixo hoje.” A outra esclareceu de forma simpática. “Aconteceu alguma coisa?”
Jiwoo suspirou e desviou o olhar. Confiava muito em Heejin e se sentia bem mais à vontade falando com ela do que com Yeojin e Hyunjin, primeiro por ela ser mais velha e mais centrada, e também por ela não ser um membro de sua família, como era o caso da segunda, mas ainda assim, temia em falar sobre o que realmente estava acontecendo.
“Eu acho que essa história de casamento do meu pai está tirando um pouco da minha paz.” Confessou, um pouco sem-graça, porque falar do casamento de Donghae era indiretamente falar de Hyejoo, a causa dos problemas da outra. “Eu tentei ao máximo apoiar o meu pai, porque eu realmente acho que ele tem todo o direito de ser feliz com uma mulher, mas é uma situação difícil porque ele escolheu uma mulher com duas filhas... Complicadas.”
“Eu posso te dar um conselho?” Heejin perguntou e Jiwoo assentiu. “Você está certa sobre o seu pai ter direito de seguir com a vida dele e ter um novo amor, mas sabe quem também tem esse direito? Você.”
Jiwoo até corou ao ouvir aquilo e depois balançou a cabeça.
“Olha, Jiwoo, você tem o direito de encontrar um garoto legal, de sair, sabe? Não tô falando pra você fazer um monte de coisa errada, só dizendo que você tem o direito de ter um namorado também.” Heejin explicou calmamente. “Se você começar a fazer isso, com certeza vai se aborrecer menos com essas garotas.”
“Talvez você tenha razão.” Jiwoo concordou, considerando aquela possibilidade. “Mas eu não acho que o meu pai aceitaria eu namorar um rapaz de fora da igreja. Não dá pra confiar nos rapazes que foram criados com as ideias do mundo e não pensam que fazer...” Ela ficou tímida e pensou um pouco antes de prosseguir “... fazer aquilo antes de casar é pecado.”
“Os rapazes da igreja não são tão diferentes.” Heejin comentou, fazendo Jiwoo se assustar e até ficar de olhos arregalados com aquela afirmação e o que ela poderia indicar. “Não conte pra ninguém, por favor.”
Jiwoo ficou até um pouco atordoada ao saber de um segredo tão íntimo de sua amiga.
Ninguém na igreja poderia imaginar que ela e Wonpil haviam quebrado seu voto de castidade, já que eles eram vistos por todos como uma espécie de casal modelo dentro da igreja. Se isso viesse à tona, seria um escândalo enorme e Donghae seria obrigado a expulsá-los da congregação, causando uma terrível vergonha para suas famílias, especialmente a de Heejin, já que as mulheres sempre carregavam o peso maior da culpa por esse tipo de pecado, como Eva.
“Eu não vou contar nada pra ninguém, prometo.” Jiwoo assegurou, ainda atônita com aquela informação.
“Eu sei que isso chocaria qualquer pessoa da igreja, ninguém acreditava que iríamos quebrar nosso voto de castidade, mas nós estávamos muito apaixonados e na hora não pareceu errado, foi apenas amor.” Heejin se justificou, e era óbvio que falar de Wonpil era difícil pra ela. Seus olhos e o tom de sua voz a entregavam. Era mais claro do que água que Heejin ainda estava muito apaixonada por Wonpil e sofrendo por aquele término.
“Olha, sei que essa é uma decisão só sua, e eu não estou aqui no papel de advogada de ninguém, mas eu acho que você deveria ao menos conversar com o Wonpil, porque é compreensível que você tenha se aborrecido, mas ele realmente não fez nada com a Hyejoo, não deu espaço algum para as investidas dela.” Jiwoo argumentou e Heejin abaixou a cabeça por alguns segundos, pensativa.
“Ele me decepcionou, naquele momento eu esperava que ele fosse capaz de me entender, depois de eu ter me entregado pra ele, eu esperava que ele fosse capaz de ficar do meu lado e não me acusar de infantil.” Confessou sincera. “Mas eu ainda gosto dele e confesso que eu já não estou mais sentindo tanta raiva.” Ela deixou um risinho escapar, e Jiwoo lhe acompanhar.
“Eu espero que vocês voltem logo, porque vocês são o meu casal favorito na igreja.” Jiwoo confessou com um sorriso fofo, no momento em que seu celular tocou indicando uma mensagem no WhatsApp.
Jiwoo puxou o aparelho e corou levemente ao ver até era uma mensagem de Kim Myungjun, o garoto que havia demonstrado interesse romântico nela, mas que ela havia se afastado nas últimas semanas devido ao turbilhão de coisas acontecendo em sua vida.
“Essa carinha entregou tudo.” Heejin provocou, e Jiwoo corou ainda mais e riu sem-graça. “Pode me falar quem é? Prometo que guardo segredo.”
“É o Kim Myungjun, um garoto lá da escola.” Jiwoo respondeu não querendo ficar dando muitos detalhes, até porque ela gostava dele, mas não tinha certeza sobre quais sentimentos estavam envolvidos, portanto não queria meter os pés pelas mãos e acabar machucada ou machucando o rapaz. “Ele perguntou se está tudo bem, porque tem me achado estranha nos últimos dias.”
“Bom sinal, mostra que ele realmente se importa e presta a atenção em você.” Heejin a animou sorrindo, mas Jiwoo balançou a cabeça.
“Nós somos só amigos, Heejin, não viaja.” Jiwoo respondeu sorrindo tímida e com as bochechas púrpuras enquanto digitava uma resposta.
“Você deveria chamar ele pra sair, sei lá, tomar um sorvete, dar uma volta no shopping, coisas de jovens, sabe?” A mais velha sugeriu e Jiwoo balançou a cabeça.
“Meu pai nunca me deixaria sair sozinha com um menino de fora da igreja, e eu também não sei se me sentiria confortável fazendo isso.” Jiwoo respondeu sincera com toda a sua insegurança.
“Olha, você pode fazer um teste, chamar ele pra vir com você nessa sorveteria mesmo, aí vocês conversam e você vê como ele é fora do ambiente escolar. Se você gostar dele, marca de novo, se não gostar, vida que segue.” Heejin explicou de forma simples. “Ou você pode esperar até completar 40 anos e assim seu pai te deixar sair pra encontrar rapazes.”
“Acontece que eu não quero mentir pro meu pai.” Jiwoo insistiu e Heejin riu. “Ele confia em mim, e se eu tentar enganá-lo e ele descobrir, isso vai acabar.”
“E quem disse que você precisa mentir? Fale a verdade, o seu pai vai ter que aceitar que você já tem 17 anos e isso iria ter que acontecer em algum momento da vida.” A mais velha argumentou.
Por mais que Jiwoo tivesse consciência de que Heejin estava sim com a razão, ela ficava bem aflita só de pensar em ter um encontro romântico com um rapaz, mesmo achando Myungjun um gatinho fofo, pois não sabia como o seu pai iria reagir.
Todos os pais pareciam ser bem protetores com suas filhas, e as mães pareciam exercer o papel de equilibrar a dinâmica e ajudarem os pais a aceitarem os namorados de suas filhas, e justamente era essa pessoa quem faltava na relação entre ela e Donghae. Estava certa de que Gyuri não poderia fazer esse papel, portanto ela teria que lidar com o tigre-pai sozinha.
“Do mesmo jeito que você considerou os sentimentos e as necessidades dele, ele tem que considerar os seus, Jiwoo, não é porque você é a filha que você não tem direito a tomar suas próprias decisões e fazer suas escolhas.” Heejin completou.
“Eu vou pensar nesse assunto.” Jiwoo falou, sem muita determinação, mas olhou para a mensagem enviada por Myungjun novamente, antes de começar a digitar uma resposta.
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Hyejoo chegou em casa e foi direto para o quarto, se trancando em sua zona de conforto, onde iria procurar um jeito de hackear o celular do reverendo Kim e ter um pouco de paz depois da briga com Chae Won, porém, para a sua infelicidade, a tranquilidade não durou muito, já que Sooyoung pegou a sua guitarra e começou a praticar com ela.
A primogênita estava fazendo isso na sala, mas como elas moravam em uma casa pequena, nem a porta fechada era capaz de conter aquela cantoria irritante de músicas arcaica.
Quando a mais velha começou a cantar “Crying” de Roy Orbinson, Hyejoo não aguentou aquela melodia depressiva e decidiu fazer algo a respeito, uma vez que por algum motivo aquela canção estava lhe fazendo se lembrar de sua amiga que agora não queria nem lhe ver.
“Yes, now you're gone, and from this moment on, I'll be crying, crying, yeah crying.”
“Sooyoung, para com isso!” A garota gritou, fazendo a irmã, que estava concentrada na canção, se assustar e errar uma nota, parando no mesmo instante e olhando para a irmã caçula. “Isso parece uma música de velório, tá até me deixando deprimida.”
“Não enche, eu tenho que ensaiar.” Ela respondeu pensando no show na festa de Bodas de Ouro dos avós de Haseul, e voltou a tocar algumas notas no instrumento, enquanto Hyejoo cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
“Ensaiar pra quê?” A mais nova indagou. “Você ensaia tanto e não venha me dizer que é por causa da tal bandinha lá da igreja, porque eles não tocam essas músicas.” Perguntou com um sorriso provocador. “Aliás, pra onde você vai todo sábado a tarde, pra casa daquela carolinha é que não é.” Falou se referindo a mentira que Sooyoung contava sobre ensaiar com Heejin.
“Não é da sua conta, Hyejoo, a minha vida é problema meu.” A mais velha respondeu sem dar muita atenção para a outra.
“Não é da minha conta, mas é da nossa conta da nossa mãe.” Aquelas palavras fizeram Sooyoung olhar para Hyejoo no mesmo instante. “Ela não vai gostar nada de saber que você anda mentindo pra ela.”
“Qual é, Hyejoo? Não tem motivo pra você fazer uma coisa dessas comigo.” Ela apelou para o lado humano que a caçula fingia não ter, mas que estava ali.
“Tenho sim, essas suas músicas de velho já me encheram a paciência.” Hyejoo respondeu. “Vai lá tocar na entrada do metrô, quem sabe alguém se compadece e te dá uns troquinhos pra ajudar a manter sua arte.” Completou ácida, para total ojeriza de Sooyoung.
“Você parece uma velha ranzinza, credo.” Sooyoung protestou, mas decidiu parar para evitar que Hyejoo lhe entregasse para Gyuri e tivesse destruída s as suas chances de tocar com as outras garotas.
A mais velha se levantou bufando e guardou a guitarra em sua capa, enquanto Hyejoo observava tudo sorrindo satisfeita e depois voltou para o quarto, determinada a encontrar um modo de destruir o casamento de sua mãe.
Sem nada mais pra fazer, Sooyoung ligou a TV e ficou assistindo um filme qualquer até Gyuri chegar do trabalho, enquanto Hyejoo permaneceu trancada no quarto em absoluto silêncio, mas para a surpresa da mais velha, a sua mãe não foi preparar o jantar como sempre fazia, mas sim sentou-se a mesa da cozinha com um papel e uma caneta em mãos.
“Tá fazendo o quê, mãe?” Ela perguntou, indo para a cozinha e se acomodando em outra cadeira.
“Estou tentando escrever os meus votos de casamento.” Gyuri respondeu sem tirar os olhos do papel. “Demorei tanto pra escrever os do meu casamento com o Yangnam e acabei nem gostando do resultado. Vai ver que foi por isso que o meu casamento não deu certo.” Concluiu com certa amargura. “Nunca fui boa com palavras.”
Sooyoung voltou para a sala, enquanto Gyuri permaneceu ali, focada no objetivo de escrever aqueles votos durante a próxima hora, até decidir descansar por um tempo e como não havia feito o jantar, pediu uma pizza.
Só quando a comida chegou foi que Hyejoo saiu do quarto para jantar com sua família, com cara de poucos amigos e sem falar nada.
“Meninas, eu já marquei pra irmos ver os vestidos que vocês vão usar no casamento amanhã a tarde.” Gyuri informou as garotas, então Sooyoung se lembrou que sábado era dia de ensaio com a banda, e ela não poderia faltar de maneira alguma.
“Amanhã? Tem que ser amanhã?” Sooyoung perguntou.
“Sim, eu já faltei um dia no trabalho para entregar convites, meu patrão não vai entender se eu precisar faltar outra vez.” A mulher explicou. “Por quê? Algum problema pra você?”
“Na verdade, eu... Eu tenho um compromisso.” Ela respondeu, enquanto tentava pensar em algo, já que Gyuri, obviamente, iria lhe indagar sobre qual compromisso era aquele. “Marquei de fazer um trabalho com uma colega, é pra ajudar a recuperar minha nota de química, que está muito ruim.”
Gyuri ouviu com atenção e assentiu, enquanto Hyejoo balançou a cabeça e conteve o riso, sabendo que aquilo era uma grande mentira.
“Isso é importante, você precisa melhorar suas notas.” A mulher concordou.
“Precisa mesmo, eu que não quero estudar na mesma sala da minha irmã, porque ela é uma burra repetente. Todo mundo vai rir da minha cara.” Hyejoo provocou, recebendo o olhar reprovador de Gyuri que fez sinal para ela se calar.
“Eu vou ver o que eu posso fazer quanto a isso.” A mulher falou para Sooyoung, até surpreendendo a garota pela sua compreensão. Era notável o esforço que Gyuri estava fazendo para se tornar uma mãe melhor.
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Após o jantar, Sooyoung seguiu para o quarto, acomodando-se em sua cama e iniciando uma conversa com Kahei pelo WhatsApp.
A chinesa estava falando que ela e Haseul ainda não haviam voltado a se falar, apesar de suas tentativas, e isso a estava deixando frustrada.
Não demorou e Hyejoo chegou ali, subindo até sua cama.
“Não vai me agradecer pela ajuda, não?” A caçula perguntou, e Sooyoung arqueou uma sobrancelha, confusa.
“Ajuda?”
“É, meu xingamento lá na cozinha ajudou a mãe te liberar de ir ver a porcaria do vestido amanhã, e eu sei que você não vai estudar na casa de ninguém.” Hyejoo falou debochada. “Eu não queria tá na sua pele quando ela descobrir as suas mentiras, já imaginou a surra que você vai levar?”
“Não me enche.” Sooyoung respondeu com certa impaciência, mas sabia que sua irmã tinha certa razão. Quando Gyuri soubesse que ela estava lhe enganando e fazia parte de uma banda de rock, com certeza ficaria furiosa, mas Sooyoung não podia deixar de lutar pelo direito de fazer o que mais gostava. Não era nenhum crime.
“Cara, é impressionante a nossa mãe é burra, se a gente engana ela com tanta facilidade, imagina o reverendo Kim? Aposto que ele faz ela de palhaça.” Hyejoo falou na esperança de atrair a atenção de Sooyoung, para quem sabe ela lhe ajudar a encontrar algum podre de Donghae, já que ela não tinha mais Chae Won ao seu lado.
“Eu não sou a favor de um casamento tão rápido assim, mas isso não quer dizer que o reverendo Kim seja um pilantra mentiroso.” Sooyoung argumentou. “E também se não der certo eles podem se divorciar, assim como ela fez com o Yangnam.”
“Ela não se divorciou do meu pai, ele é que foi embora!” Hyejoo respondeu irritada ao se lembrar do dia em que viu seu pai sair de casa, algo que ela ainda não tinha superado. “Se dependesse dela, meu pai ainda tava aí na sala assistindo futebol e bebendo cerveja.”
“E um gritando com o outro, feito dois loucos.” Sooyoung completou, lembrando-se das horríveis discussões diárias que Gyuri e Yangnam tiveram nos últimos meses em que estiveram casados. Nesses momentos as duas meninas ficavam trancadas no quarto, acuadas e tensas esperando os ânimos se acalmarem. Sem dúvidas, aquele havia sido o período mais turbulento da vida da família.
“Olha, Hyejoo, esse casamento também não me agrada por vários motivos, mas a gente não pode fazer nada pra evitar, nossa mãe é uma mulher adulta.” Sooyoung falou, tentando acabar com aquela conversa, enquanto Hyejoo bufou descontente, entendendo que ela teria que seguir com seu plano sozinha.
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Jiwoo estava sentada no sofá da sala de sua casa, matando o tempo assistindo uma série na TV, enquanto Donghae estava há alguns metros falando com Gyuri ao telefone.
A conversa com Heejin naquela tarde ainda ecoava em sua cabeça, e não só pelo choque por descobrir que a amiga havia quebrado seu voto de castidade, mas também por seus conselhos em relação a garotos. Aquela conversa franca e a revelação de algo tão íntimo da vida da outra estava fazendo Jiwoo pensar se Heejin poderia compreender toda a sua situação com Sooyoung.
Apenas a lembrança de Sooyoung já deixava Jiwoo tensa. Seu corpo todo esquentava e suas bochechas pareciam que estavam em chamas de tanto que ardiam.
Estava sentada no mesmo sofá que há dias atrás Sooyoung havia se postado sobre ela e lhe beijado nos lábios. Um arrepio percorreu por todo o corpo da jovem, fazendo até com que ela estremecesse, como se estivesse com febre.
Respirou fundo e tentou mudar os pensamentos. Não, não poderia confidenciar aquilo pra ninguém, muito pelo contrário, deveria ser um segredo que levaria para o túmulo, até porque quando ela se lembrava daquele dia, sentia esses calores pelo corpo ao invés de repulsa, que deveria ser a reação natural para uma coisa daquelas.

Enquanto Jiwoo estava, mais uma vez, em um conflito interno e silencioso, Donghae voltou para a sala, totalmente alheio aquela situação e se sentou em outro sofá.
“Jiwoo, eu acabei de falar com a Gyuri, e ela me disse que a Sooyoung não vai poder ir amanhã com ela ver o vestido para o casamento, então, como você vai fazer isso na semana que vem, eu sugeri que vocês fossem juntas.” O homem começou, e aquelas palavras fizeram a garota gelar completamente e paralisar. “Algum problema?” Ele perguntou, notando algo estranho no semblante da filha.
“Não, problema nenhum, pai.” Ela assegurou, tentando disfarçar tudo o que estava sentindo naquele momento. Seu coração até acelerou e por um segundo parecia que ela iria explodir, mas ela ainda abriu um sorriso, tentando passar a impressão de que estava tudo bem e dentro dos conformes.
Só não sabia até quando iria conseguir sustentar aquela situação.















You're my sunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora