31

231 19 7
                                    



“Sooyoung, você precisa ir mesmo? Ainda é tão cedo.” Kahei perguntou, mas Sooyoung apenas assentiu, colocando a mochila nas costas e caminhando até a sala, seguida pela amiga.
“....Mas você não pode ficar fazendo piada com gay. Só gay pode fazer piada com gay, é a regra.” Jin Sol, que já estava um pouco recuperada de seu porre, discutia com Yerim.
“E quem disse isso?” A guitarrista questionou.
“Foi a própria comunidade LGCT quem decidiu isso.” A mais nova morena respondeu, arrancando risos de todas. “O que foi?”
“Você quis dizer comunidade LGBT.” Haseul falou e a garota.
“Na verdade é comunidade LGBTT, lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.” Jungeun corrigiu a colega.
“Você entendeu, não é?” Haseul respondeu.
“Mas eu não tô falando disso, eu tô falando da comunidade LGCT: Liga das Gays Canceladoras do Twitter.” É claro que essas palavras ocasionaram outra onda de risos.
“Que porra é essa?” Yerim questionou.
“É um raciocínio muito simples: se você for gay e dizer uma piada com gay é muito de boa, mas se você for hétero e fizer isso vão te cancelar, e então ninguém mais vai te dar apoio, comprar seus produtos, comprar seus álbuns, só vão te mencionar pra falar mal. É tipo uma morte em vida, uma coisa horrível demais.”
“Mas eu não posso falar aqui nem uma coisinha do avô gay hippie da Kahei? Fala sério, ter um avô hippie já é difícil, agora ter um avô hippie e gay é quase impossível, tipo ganhar na loteria, uma chance em um milhão pra menos.” Yerim explicou. “Agora um avô hippie, gay e com uma coleção de discos raros igual a essa deve ser caso único no mundo.”
“Eu sou uma pessoa de sorte mesmo, não é?” Kahei concordou. “Mas o meu avô não é gay, ele se casou com uma mulher e tá casado até hoje, esse negócio de ficar rotulando as pessoas também já tá ultrapassado, as pessoas são o que são, ninguém deveria se adequar pra caber numa caixinha. Se a pessoa quer chupar um pau, beleza, mas se outro no outro dia ela quiser chupar uma buceta, ótimo também, ninguém tem nada a ver com isso.”
“Eu concordo.” Jin Sol se pronunciou.
“Ah você não vale, Adam, enganou todo mundo aqui falando que gostava de homem.” Jung Eun provocou.
“Mas eu gosto mesmo, só que também acho interessante dar uns amassos em garotas, principalmente nas cheirosas e que beijam bem.” Jin Sol aproveitou o momento e piscou para Sooyoung, que ficou vermelha e deu uma risadinha tímida, desviando o olhar.
As outras meninas, no entanto, começaram a rir do flerte escancarado da baterista.
“Mas a Jin Sol está totalmente certa: venha para o lado bi da força, e descubra o melhor dos dois mundos.” Kahei brincou e Haseul baixou os olhos. Não tinha gostado muito de ouvir aquilo, lhe dava um gostinho meio amargo, mas sentia que precisava controlar um pouco o ciúmes que sentia em relação a outra.
“Enfim, essa conversa tá muito boa, mas eu preciso ir embora.” Sooyoung falou.
“Bom, Sooyoung, a gente pode conversar com você um minuto?” Haseul perguntou, parecendo levemente nervosa e a outra jovem assentiu, meio receosa.
Depois da discussão que tiveram naquele ensaio, Sooyoung acabou ficando meio ressabiada com qualquer coisa vindo da jovem cantora.
“Eu queria te pedir desculpas pelo meu comportamento rude e grosseiro do outro dia.” Ela falar se levantando. “Todas as coisas que eu te falei não eram verdade, você é uma música talentosa e uma pessoa incrível, e como eu te agredi na frente de todo mundo, eu também quero me desculpar aqui, pra todo mundo testemunhar que não sobra rancor nenhum de minha parte.”. Ela sorriu ao terminar de dizer aquilo e estendeu a mão para selar o acordo de paz.
“Está tudo bem, vamos botar uma pedra em cima disso e fingir que nada aconteceu.” Sooyoung respondeu, apertando a mão da colega de grupo, sob aplausos e comemorações das outras garotas.
Pelo menos por hora a paz estava selada entre as garotas.
/=/=/=/=/
Após o pedido de desculpas de Haseul, Sooyoung acabou convencida a ficar mais um pouquinho, pouquinho de quase 3 horas, pra ver um filme, que não viram, porque elas reviraram o catálogo inteiro da Netflix e não entraram em consenso sobre nada, só comeram pipoca e salgadinho e tomaram refrigerante a rolê.
Sooyoung, mesmo contrariada, acabou por aceitar o Yves (sem o DJ, claro) como nome artístico. A maioria venceu por imposição, mas tudo bem, depois de um tempo ela se acostumou com o “novo” nome e estava começando a achá-lo legal.
Depois disso, ela voltou pra casa de metrô, mesmo com Kahei insistindo para lhe dar uma carona.
O caminho foi mais longo e demorado, claro, mas ela gostava de andar, sempre aproveitava esses momentos pra refletir, e, como não podia ser diferente, estava pensando em Jiwoo.
Claro que tinha sido muito legal, divertido e prazeroso ficar com Jin Sol, mas tinha plena consciência de que foi algo de momento e nunca evoluiria para algo maior que amizade.
Seu coração ainda pertencia a Jiwoo, que passou dias ignorando suas mensagens, mas na noite anterior, por algum motivo desconhecido decidiu lhe responder na noite anterior.

Quando chegou em casa, Sooyoung até estranhou o silêncio, não havia ninguém na sala e nem na cozinha e todas as cortinas estavam fechadas, deixando o local bem escuro. Imaginou que Hyejoo estivesse trancada em seu quarto, como era de praxe, mas sua mãe nesse horário costumava ver televisão.
“Mãe?” Sooyoung chamou e não obteve resposta de imediato, mas ouviu um som que parecia vindo do banheiro e foi até lá.
A porta estava apenas encostada e ela a abriu devagar, tomando um susto ao encontrar Gyuri sentada próxima do vaso sanitário, pálida, descabelada, de pijama, de olhos fechados e tendo crise de alguma coisa.
“Mãe?!” A garota falou totalmente assustada, e correndo para socorrer a mulher. “Mãe, o que você tem?”
“Sooyoung, chama o Donghae, por favor.” Gyuri respondeu baixo, enquanto Sooyoung a ajudava a se levantar. “Minha cabeça...” Ela gemeu ao se apoiar na filha para conseguir se manter em pé devido a forte tontura que estava sentindo.
“Eu vou ligar pra ele, mas antes é melhor você ir pro quarto e ficar deitada.” Sooyoung disse.

Após conseguir levar Gyuri para o quarto, Sooyoung ligou seu celular e ligou pra Hyejoo, ao ver que sua irmã caçula não estava em casa.
/=/=/=/=/
Hyejoo ainda estava com Chae Won na casa dela. Estavam assistindo o segundo filme e comendo pipoca, quando o celular de Hyejoo tocou e ela viu que era Sooyoung.
“Você não vai atender?” A loirinha questionou e a sua amiga negou.
“É a Sooyoung.” Disse recusando a chamada. “Ela nunca me liga, não sei porquê encher o saco hoje.”
Chae Won arqueou uma sobrancelha, pensativa, mas não disse nada.
Não demorou e o celular da jovem tocou novamente e Hyejoo novamente recusou a chamada.
“Hyejoo, acho que é melhor você atender.” Chae Won falou e Hyejoo fez uma careta. “Tipo, pensa comigo: se a sua irmã nunca te liga e tá ligando agora, talvez pode ser que haja algo importante que ela queira te falar.”
“Importante ou não, eu não tô nem aí.” Hyejoo esclareceu, ainda bastante chateada com a ideia de ter sido praticamente expulsa de casa por sua mãe. “Essa família não me quer, então eu também não quero mais ela.”
Chae Won, apesar de não estar de acordo com aquela postura, tinha consciência de que ela não vivia a mesma dor de Hyejoo, e não podia obrigá-la a fazer algo que ela não quisesse.
Após a terceira chamada, Hyejoo desligou o celular, irritada.
“Minha mãe brigou comigo, disse que vai me mandar pra Espanha morar com o meu pai.” A garota desabafou, expondo o mais novo drama de sua vida para a melhor amiga, que ficou assustada e triste ao ouvir aquilo.
“Mas por quê?” Chae Won questionou, já que Hyejoo e Gyuri viviam tenso problemas e isso nunca havia virado uma pauta séria entre elas.
“Então, ontem o Donghae foi lá em casa e eu aproveitei uma distração dele e peguei o seu celular, mas eu não ia roubar nada, pra quê que eu ia querer um celular velho daqueles? O que eu tenho é bem mais moderno.” Hyejoo explicou a situação de forma bastante resumida.
“Você pegou o celular dele pra quê? Não me diga que você ainda tava com aquela ideia de hackear o celular dele, Hyejoo?” Chae Won questionou, pois ela ainda não concordava com o plano.
“Sim, eu continuei com isso e não me arrependo, porque eu vou fazer questão de jogar na cara de trouxa da minha mãe o quanto esse homem não presta, e o quanto ela está sendo injusta comigo por causa dele!” Hyejoo se defendeu, bastante magoada, apesar de Chae Won ainda não achar aquilo uma boa ideia.
“Você está levando esse plano sozinha ou tem alguém te ajudando, já que você não é bem uma hacker.” A questão da amiga fez Hyejoo engolir em seco, ligeiramente nervosa.
“Eu tive a ajuda de um cara aí.” Ela falou de forma vaga. “Ele é legal, um cara mais velho assim, bem gato.” Hyejoo explicou sorrindo. “Ele me passou um programa espião “
“E você pagou por esse serviço?” A loira perguntou e Hyejoo abriu um sorriso sem graça.
“Não, ele quis me ajudar porque gostou de mim.” Respondeu com um sorriso confiante e deu uma piscadela. “Você sabe, eu tenho os meus charmes.”
Chae Won sentiu algo de estranho no ar, havia algo sombrio nas palavras de sua amiga.
Já Hyejoo, que sempre dividiu seus segredos com Chae Won, até aqueles mais vergonhosos como as surras que levava de sua mãe, não teve coragem de falar sobre as fotos sensuais de lingerie que mandou para o rapaz como pagamento pela sua ajuda.
As garotas continuaram a ver o filme, até que a Sra. Park entrou ali.
“Desculpa atrapalhar meninas, mas é que sua irmã ligou e disse pra você voltar pra casa porque a sua mãe está passando mal.” A mãe de Chae Won, e naquele instante Hyejoo sentiu um grande medo e olhou para Chae Won, que olhou de volta.
“Mãe, nós podemos dar uma carona pra ela?” Chae Won questionou, e sua mãe concordou.
/=/=/=/=/
Jiwoo havia passado praticamente o dia todo trancafiada em seu quarto, só havia saído de lá para almoçar e mal havia comido. Seu pai ainda estava bastante chateado pelo ocorrido na noite anterior, por isso também estava recluso em seu próprio mundo.
A garota estava deitada em sua cama, debaixo do edredom, usando o moletom de Sooyoung, enquanto mexia no celular. Estava sentindo um misto de tristeza, desgosto e raiva, um sentimento que lhe deixava com a boca amarga e que ela não sabia como descrever.
Já estava assim antes, mas depois de ver a foto postada por Kahei e que Sooyoung estava marcada, parece que aquilo tudo dobrou de tamanho dentro de si.
“Noite de filmes.” Sussurrou irônica, pois sabia bem que tipo de filme pessoas como Kahei assistiam com outras meninas.
Mas tudo isso foi interrompido ao ouvir batidas na porta, que a fez se assustar, derrubando o celular no próprio rosto, e se sentar rapidamente, tirando o moletom da outra menina e o escondendo debaixo do edredom.
“Pode entrar, pai.” Falou alto, e logo Donghae abriu a porta e entrou no quarto, visivelmente aflito. “Tá tudo bem?”
“Eu vou precisar sair, Sooyoung acabou de me ligar, Gyuri está passando mal e eu vou levá-la ao hospital, nesse meio tempo as meninas vêm pra cá e você faz companhia pra elas, tudo bem?”
“Sim, está tudo bem.” A garota concordou e então foi para o banheiro e tomou um banho, tentando não pensar que teria que passar as próximas horas com as duas irmãs problemáticas.
Vestiu uma roupa bem informal e despojada, calça jeans curta meio larga, uma camiseta baby look cinza com gatinhos coloridos estampados por toda a porta e prendeu seu cabelo em um rabo-de-cavalo e com a franja bem ajeitada.
De lá foi para a sala, onde ficou esperando pela chegada das irmãs
/=/=/=/=/
Sooyoung e Hyejoo seguiram com Donghae e Gyuri até uma parte do caminho, mas quando chegaram perto da casa dele, desceram e caminharam por uma quadra.
Sooyoung se segurou bastante para não xingar Hyejoo um monte por ter deliberadamente ignorando três ligações suas, mas quando desceram do carro, as coisas mudaram.
“Posso saber pra que serve essa bosta desse celular? Pra momentos de emergência nós já vimos que não é!” Sooyoung questionou Hyejoo com grande irritação.
A mais nova revirou os olhos e apenas respondeu dando o dedo do meio para a irmã.
Isso enfureceu ainda mais Sooyoung, que agarrou seu pulso.
“Me solta, sua imbecil!” Hyejoo gritou tentando se desvencilhar da outra, sem sucesso.
“Isso não vai ficar assim, não, pode preparar o seu lombo, porque vai ter volta.” Sooyoung ameaçou com o dedo em riste, mas soltou a mão da menina.
“Você sabe que aqui é bateu levou, tente a sorte.” Hyejoo retrucou no mesmo tom.
Hyejoo sentia até uma pitada de prazer sádico em brigar fisicamente com Sooyoung, pois ela apanhava sim, mas diferente da situação com Gyuri, podia revidar e isso já valia muito a pena.
Sooyoung decidiu por ignorar a irmã pentelha, se recompôs para chegar até a casa do reverendo Kim, que logo seria a delas também, e tocou a campainha.
Jiwoo atendeu e cumprimentou as irmãs, pedindo para elas entrarem.
“O que aconteceu com a mãe de vocês? Eu confesso que fiquei um pouco assustada quando o meu pai falou que iria levá-la ao hospital.” A jovem religiosa puxou assunto, após todas as três se acomodarem no sofá.
“Foi só uma crise de enxaqueca.” Hyejoo respondeu primeiro com certa frieza, tirando o celular do bolso e começando a mexer nele. “Ela tem isso desde sempre.” Completou dando os ombros, parecendo não estar nem um pouco preocupada.
Depois do susto inicial, ao saber que tudo não passava de uma enxaqueca, coisa corriqueira, a preocupação de Hyejoo se esvaiu e ela voltou a se lembrar de que Gyuri havia lhe mandado embora de casa.
“A gente ainda não sabe, mas provavelmente deve ser uma crise de enxaqueca mesmo, mais forte do que as habituais.” Sooyoung respondeu de forma mais cordial e cuidadosa do que a irmã caçula.
Jiwoo apenas assentiu, e se manteve em silêncio por um tempo. Hyejoo e Sooyoung também não falavam nada, o que deixava no ambiente um silêncio incômodo.
Enquanto os lábios da religiosa mantinham-se quietos, sua mente era o oposto, e mil coisas se passavam por ela, mas de fato de Sooyoung estar absolutamente linda usando uma camiseta raglan de manga 3/4 do St. Louis Cardinals, time de beisebol dos Estados Unidos, cuja os braços eram vermelhos e o torso branco com pequenas listras pretas e um bastão com dois pássaros cardeais vermelhos e o logo do clube estampados. Também usava uma calça sarja preta e o seu velho tênis All Star. Ela também estava com seus cabelos presos em um coque com alguns fios caindo.
Ela tava tão atraente, que o racional de Jiwoo estava travando uma verdadeira batalha com o desejo enorme de ficar admirando aquela verdadeira obra-de-arte, aproveitando cada segundo pra olhar para ela.
Precisava pensar em algo pra se distrair. E rápido.
“Vocês querem comer alguma coisa?” Jiwoo perguntou simpática, e nem ela mesma entendeu na onde aquilo seria uma distração, mas foi a primeira coisa que veio a sua cabeça e ela logo falou, sem filtrar nada. “Gostam de comida chinesa?”
“Não é algo que a gente coma com frequência, mas eu gosto.” Sooyoung respondeu e Hyejoo se manteve em silêncio, concentrada no celular. “Hyejoo? A Jiwoo está falando com você.”
“Tanto faz.” Ela respondeu de má vontade e dando de ombros.
“Eu conheço um restaurante ótimo que entrega pelo iFood.” Jiwoo falou, pegando seu celular.
Ela jurava que só ia sim pegar o celular para pedir a comida, mas com certeza o diabo, porque só podia ser ele, sussurrou em seu ouvido que Sooyoung estava distraída e não teria mal algum em tirar uma foto da garota.
Desligou o flash e fez dois cliques da mais velha, que era tão linda que mesmo sem saber estar sendo fotografada, havia saído extremamente bem nas imagens. Jiwoo suspirou e sorriu, fechando a câmera e abrindo o iFood, pra pedir a comida.


Após a comida chegar, as três meninas seguiram para a cozinha. Sooyoung e Hyejoo se sentaram lado a lado e Jiwoo se sentou de frente para a mais velha.
“Meu pai e eu sempre lemos as mensagens dos biscoitos da sorte em voz alta, vocês querem fazer isso?” Jiwoo perguntou tentando ser simpática e interagir com as irmãs.
“Pra quê?” Hyejoo questionou seca.
“Porque nós achamos divertido.” A filha respondeu simplória e deu os ombros.
“Nossa, divertidaço.” Hyejoo debochou revirando os olhos. A vida de Donghae e Jiwoo devia ser tão tediosa que eles provavelmente achariam divertido ficar vendo tinta secar, mas também, o que esperar de um pastor e sua filha carolinha? “As pessoas amam perder tempo com essas bobagens de sorte.” Completou, mas mesmo assim pegou um dos biscoitos de cima da mesa e o abriu e em seguida leu a mensagem que dizia: “azar e infortúnio irão infestar a sua alma patética por toda a eternidade.”
Hyejoo ficou estática por um segundo após ler aquilo, enquanto Sooyoung tentou, inutilmente, conter o riso.
Jiwoo abriu um sorriso sem graça diante daquela cena.
“Eu não precisava de biscoito da sorte nenhum pra me dizer isso.” Hyejoo comentou ácida, amassando o papelzinho e depois olhando para a irmã, que ainda estava rindo. “Posso saber o motivo da risada, sua otária?”
“Por que ficar brava? É só uma bobagem mesmo, uma pessoa deve ter visto isso na internet e colocou aí pra zoar com a cara de alguém.” Sooyoung respondeu e pegou outro biscoito e o abriu. “Você faz sua própria felicidade “
Que mensagem patética, não servia nem pra causar risos.
Por fim, foi a vez de Jiwoo pegar o último biscoito e o abrir.
“O amor da sua vida está bem na sua frente.” Jiwoo leu sem acreditar no que estava escrito e então levantou os olhos e encarou Sooyoung, que também tinha ficado sem jeito com aquela mensagem.
Hyejoo  observou a forma como as duas meninas se entreolharam com espanto, e então começou a rir, achando engraçado o seu visível desconforto no momento.
Jiwoo abriu um sorriso de canto e também amassou o papel, tentando esconder o quanto estava incomodada com aquilo.
Estava estupefata em como a mensagem era clara e direta, pois não podia ser sobre o grande amor estar próximo ou ao redor não, tinha que ser bem em frente.
Se amaldiçoou em pensamento por ter dado a ideia de abrir esses biscoitos, se arrependendo por ter uma boca tão grande.
“Bom, vamos comer, né? A comida é bem mais gostosa quentinha.” Jiwoo falou, tentando mudar o assunto e quebrar aquele clima estranho que pairou sobre ela e Sooyoung.
Cada uma das garotas pegou sua caixinha de rámen com legumes e ovo cozido enquanto Hyejoo continuava rindo.
“Chega, né?” Sooyoung falou em tom repreensivo e já irritada com sua irmã caçula, que deu os ombros.
“Você achou engraçado a mensagem que veio pra mim, agora é a minha vez de rir da sua cara.” Hyejoo respondeu.
“Eu achei engraçado, mas não fiquei rindo por cinco minutos igual uma hiena retardada.” Sooyoung rebateu e Jiwoo crispou os lábios, nervosa, antecipando o clima pesado que estava por vir.
“É porque você não viu a sua própria cara ouvindo aquilo, foi muito comédia.” Hyejoo falou e continuou rindo.
“Comédia você vai ver se não parar de rir agora!” Sooyoung ameaçou Hyejoo bastante séria, mas a mais nova não demonstrou receio algum e ainda sibilou um “ui” bastante provocador.
“Sooyoung, por favor.” Jiwoo chamou pela mais velha, que olhou para ela. “Deixa isso pra lá.” Ela pediu e a garota assentiu, sabendo que a filha do pastor estava com a razão, já que o quê Hyejoo queria mesmo era provocar.
A guitarrista decidiu dar a atenção para o seu jantar, abrindo a caixinha e com os hashis em mãos, pronta pra começar a comer aquele macarrão que estava cheirando tão bem.
“Isso mesmo, faz o que o amor da sua vida mandou, como a boa cadelinha que é.” Hyejoo provocou novamente, e dessa vez, tirando Sooyoung do sério.
A mais velha se encheu de fúria, jogou os hashis longe e num segundo fechou o pulso, virando-se para acertar um soco em Hyejoo, que se encolheu e colocou as mãos na frente do corpo para se proteger.
“Sooyoung, não!” Jiwoo praticamente gritou, e tentou intervir naquela briga, impedindo a mais velha de bater em sua irmã.
A religiosa se levantou tão rápido pra tentar segurar Sooyoung, que num gesto brusco, acabou batendo na caixinha de Sooyoung, virando-a e derrubando toda a comida, parte na mesa, parte na própria Sooyoung, que deu um grito de dor e se levantou no mesmo instante, sentindo o macarrão queimar suas coxas por cima da calça jeans. Por sorte, estava frio e ela usava um moletom, o que impediu que o estrago fosse maior, pois se estivesse usando um de seus amados croppeds, teria a barriga queimada também.
“Oh meu Deus!” Jiwoo falou, colocando as mãos na frente da boca, sentindo-se completamente culpada pelo ocorrido.
Hyejoo se levantou da cadeira e começou a rir ainda mais alto da cara da irmã, mas de uma distância dessa vez.
“Isso foi tudo minha culpa!” Jiwoo disse, querendo chorar e correu para acudir a menina. “Vem, você precisa tirar essa roupa agora.” Ela completou, indo até Sooyoung, segurando sua mão direita e a levando até o banheiro.
“Ai que dor, porra.” Sooyoung gemeu e fez uma careta, ao entrar no local.
“Me perdoe, foi tudo minha culpa.” Jiwoo falou novamente, com enorme aflição e se sentindo desesperada por não ter como tirar aquele sofrimento de Sooyoung. “Eu só queria evitar uma confusão maior e acabei machucando você.”
Jiwoo estava assustada e com tanto medo de ter machucado a outra, que nem parou para analisar o tipo de situação em que estava se colocando ao desabotoar, abrir o zíper e abaixar a calça jeans da garota, para deixar a pele queimada “respirar”, e se deparando com sua calcinha azul.
“Você não teve culpa de nada, foi a Hyejoo quem começou... Jiwoo?” Sooyoung começou a falar, também não se dando conta da situação, porque estava com uma dor grande, porém se surpreendeu quando a outra menina deu três passos para trás bruscamente, chegando a bater as suas costas na pia, totalmente pálida e com os olhos arregalados. “Jiwoo?”
“É, eu... Bom, acho você melhor você tomar um banho e passar algo aí.” Ela apontou para as coxas de Sooyoung, sem olhar diretamente para o local. “Eu acho que tem uma pomada pra queimaduras aqui em casa, eu vou procurar e já trago.”
Jiwoo saiu rapidamente do banheiro, estava tão atordoada que teve de parar no corredor e tentar organizar seus pensamentos.
Sua mente naquele instante parecia um computador em “tilt”. Parecia que centenas de coisas borbulhavam em seus pensamentos, enquanto ela não conseguia executar uma ação simples que fosse.
Maldita fosse a hora em que deu a ideia de abrir aqueles biscoitos da sorte. O que parecia apenas uma brincadeira inocente e inofensiva se transformou naquela situação absurda que escalou mais rápido do que uma avalanche.
A garota fechou os olhos e respirou fundo três vezes, tentando recompor seus pensamentos e a postura, e não, não pensar na imagem da calcinha de Sooyoung, mas só de tentar não pensar, ela estava pensando e falhando miseravelmente em todas as tentativas.
Azul era a cor da luxúria. Muita gente se confundia, e pensava que luxúria era representada pela cor vermelha, mas essa era a cor da paixão, e também da ira, no campo do pecado.
Paixão e luxúria eram coisas diferentes. Paixão era uma emoção, geralmente, positiva, e não envolvia apenas sexo, já que as pessoas podiam ser apaixonadas por seu trabalho, por animais, paixão era fazer ou admirar algo com imensa intensidade, já luxúria não, luxúria envolvia apenas a busca intensa pelo prazer sexual exacerbado, pecaminoso, ilícito e sem amor. Não dava pra dissociar luxúria de sexo, já paixão dava.
Até a maldita da cor da calcinha da outra parecia querer levá-la praquele caminho tortuoso de pecados.
Ao ouvir o barulho do chuveiro ligando, ela olhou para trás e crispou os lábios. Mesmo não querendo, ela não pôde deixar de pensar em Sooyoung ali, nua, debaixo de seu teto e sentir um calor percorrer seu corpo somente pela imagem imaginada.
“Jiwoo, você não pode deixar ele vencer.” Falou baixo para si mesma, assim que se deu conta do que estava fazendo, e tentou seguir em frente, indo atrás da pomada que amenizaria o sofrimento da menina. “Ele”, a quem se referiu, era o Satanás.
Tinha certeza de que certeza de que ele estava ali perto, rondando sua casa, lhe atentando e botando esses pensamentos dignos de um tarado sexual em sua cabeça. Ela não era assim, nunca foi. Jiwoo sempre foi decente, centrada, correta, e isso não podia mudar de uma hora pra outra sem uma intervenção demoníaca pra explicar.
Foi até o seu quarto e ali procurou pela pomada para queimaduras em sua caixinha de medicamentos e depois pegou uma toalha de banho, seguindo de novo para o banheiro e rezando baixinho para nada acontecer, com o medo de quem entraria no meio de um fogo cruzado.
“Deus me ajuda.” Foi a última coisa que suspirou, antes de bater na porta. Quando ouviu o barulho dela sendo destrancada, fechou os olhos, e ao voltar a abri-los, viu o rosto de Sooyoung de cabelos molhados e seus ombros nus esperando ela falar alguma coisa. “A toalha e a pomada.” Ela estendeu a mão e Sooyoung os pegou, respondendo com um “valeu” baixo. “Você já sabe onde fica o meu quarto, qualquer coisa, eu vou estar na cozinha, arrumando aquela bagunça.” Dito isso, ela virou as costas e saiu dali o mais rápido possível, antes que aquela onda de pensamentos e sensações pecaminosas lhe atingissem.
Quando voltou para a sala, encontrou Hyejoo, sentada no chão e comendo tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.
Pegou alguns panos, o rodo e também o frasco de multiuso, e ficou, de certa forma, esperando que a garota se oferecesse para lhe ajudar na limpeza, afinal, aquilo também era culpa dela, mas ela continuou sentada ali, em total silêncio, comendo.
“Tem macarrão ali perto do armário.” Hyejoo apontou para o local, quando Jiwoo estava terminando de limpar o chão.
“Você poderia pegar um pano e me ajudar com isso, não é? Limpa ali pra mim, fazendo um favor.” Jiwoo disse e Hyejoo riu por alguns segundos.
“Não.” Respondeu direta e sem rodeio algum. “Quem derrubou essa porra foi você, não eu.”
Jiwoo sentiu o sangue ferver com aquela resposta em tom displicente e começou a pensar que teria sido melhor deixar que Sooyoung acertasse um soco na irmã folgada.
Teria evitado toda aquela confusão.
“Eu não gosto que falem palavrões aqui em casa.” Foi a única coisa que disse, de forma firme, mas Hyejoo deu os ombros.
“Você não gosta de palavrões, e eu não gosto nem de você e nem do seu pai, mas vou ter que aturar os dois, então, paciência.”
Aquela resposta deu pra Jiwoo a certeza de que ela deveria mesmo ter deixado Sooyoung acertar a irmã caçula. Que garota detestável...
“Você não tem consciência alguma mesmo, não é? Sua mãe já tá no hospital e você nem ao menos tenta colaborar pras coisas melhorarem?” A garota falou em tom acusatório, não conseguindo compreender porque Hyejoo agia daquela forma, optando sempre pelo caminho mais difícil e doloroso pra lidar com seus problemas.
“Você não me conhece, não sabe nada sobre mim, então engula essas suas lições de moral, porque eu já tô cheia disso!” Hyejoo respondeu agressiva, se levantando enquanto encarava a garota, o que fez Jiwoo ficar com certo receio.
Nunca, em toda a sua vida, tinha brigado fisicamente com alguém, se Hyejoo resolvesse partir pra cima dela, iria apanhar, com toda certeza.
Hyejoo caminhou em direção a Jiwoo, notando aquele semblante que revelava temor no rosto da outra, mas passou direto, deixando o copo de comida quase vazio em cima da pia.
A filha do pastor até fechou os olhos e prendeu a respiração quando Hyejoo passou ao seu lado, mas depois suspirou aliviada.
Apesar de não ter intencionado fazer qualquer coisa contra Jiwoo, gostou da sensação de alguém demonstrar medo de si, uma vez que nunca experimentou nada parecido em seu ambiente familiar, já que, obviamente, nem Sooyoung nem Gyuri tinham medo dela.
Era bom ser temida, lhe fazia se sentir com certo poder.
O clima ficou bem tenso entre elas, e mesmo sem uma palavra ser dita nos próximos minutos, Hyejoo fez questão de ficar sentada olhando Jiwoo terminar de limpar a cozinha.
/=/=/=/=/=/=/
Ao entrar no quarto de Jiwoo, local que já tinha estado antes, Sooyoung viu as caixas nas quais estavam guardadas a maior parte de suas roupas e também as de sua irmã, e levou um susto ao ver uma das caixas com seu nome aberta.
A jovem detestava, e muito, quando percebia que alguém mexia em suas coisas, mas naquele caso, ele estava mais surpresa do que brava, pois estava meio claro que a pessoa que havia feito isso era a própria Jiwoo, só restava saber pra quê.
Enfim, após isso, aproveitou aquela caixa aberta e se vestiu com roupas que ali estavam, e então decidiu conversar com a garota, pra ao menos saber por qual motivo aquilo teria acontecido, mas pra não se indispor novamente com Hyejoo, decidiu mandar uma mensagem e chamar a menina para o quarto de forma sigilosa.
Não demorou e sua mensagem foi visualizada e logo ela ouviu passos e batidas na porta.
Mal sabia Sooyoung o quanto Jiwoo estava nervosa, com medo de que aquela mensagem fosse, literalmente, uma armadilha de Satanás pra ela.
Quando seu celular tocou e ela viu que era mensagem de Sooyoung pedindo para ela ir até o quarto, seu corpo inteiro paralisou e seu coração entrou em um ritmo frenético e acelerado. Óbvio que ficar sozinha na companhia de Hyejoo lhe olhando de forma ameaçadora não era nada bom, mas ficar sozinha com Sooyoung era muito pior, mesmo com a mais velha sendo muito mais agradável e gentil que a irmã.
Caminhou até o seu quarto com o mesmo medo de quem caminhava até uma forca, como um frágil e assustado bezerro que tivesse consciência de estar indo para o abate. Um caminho tão curto, de poucos metros, mas que ficou parecido com uma estrada quilométrica, tamanha era a tortura mental pela qual estava passando naquele momento.
Seu mantra era sempre pedindo a Deus para não lhe abandonar, não lhe deixar cair em tentação, nem permitir que o demônio da luxúria fizesse com que ela cometesse atos que iam contra as Sagradas Escrituras e os ensinamentos cristãos que recebeu de seu pai.
Quando Sooyoung lhe atendeu e pediu para que entrasse, ela respirou fundo, mas o fez.
“Você está bem? A queimadura foi muito feia?” Foi logo puxando assunto, pois se por um lado ela estava mesmo preocupada por ter machucado a garota, por outro ela queria puxar o assunto e manter o controle da situação, mesmo não sabendo do que Sooyoung queria falar.
“Não se preocupe, só ficou um pouco vermelho, nada demais.” A mais velha respondeu e abriu um pequeno sorriso. “Obrigada pela pomada.” Estendeu a mão para entregar o tubo da medicação para Jiwoo.
“Mais uma vez eu peço desculpas pelo incidente.” Jiwoo disse.
“Você não fez por mal, quem deve pedir desculpas aqui sou eu, eu perdi o controle naquele momento, mas é um pouco difícil lidar com a Hyejoo sem estourar.” A mais velha tentou explicar, mas Jiwoo compreendeu a situação pelo pouco que tinha de vivência com a outra filha de Gyuri, e achou que Sooyoung foi generosa ao dizer que era “um pouco difícil” lidar com a caçula, porque na verdade era muito difícil.
“Tudo bem.” Jiwoo respondeu e coçou a nuca.
“Mas na verdade, eu só queria fazer uma pergunta: foi você quem abriu a minha caixa de roupas?” Ao ouvir a questão, a jovem religiosa que fosse desmaiar, já que a visão ficou meio turva e suas pernas amoleceram.
A confusão mais cedo tinha sido tão grande, que ela se esqueceu daquele detalhe, quando podia ter entregado pra Sooyoung as roupas e dito que havia aberto a caixa. Ok, seria uma mentira deslavada e isso não era nem um pouco nobre, mas ao menos ela não seria posta contra a parede como naquele momento.
Jiwoo estava se sentindo uma burra.
Mesmo sem resposta imediata, Sooyoung já soube que foi a garota mesmo só pela expressão em seu rosto ao ouvir a pergunta. Jiwoo não era do tipo que conseguia esconder facilmente as suas emoções, e ela até poderia até dar um fim naquela situação, mas queria ouvir a confissão da boca da outra.
“Sim, fui eu.” Não teve outra saída, Jiwoo se viu obrigada a confessar. Não conseguiria pensar em uma mentira conveniente com tanta pressão. “Mas não foi por mal, eu juro.” 
Sooyoung ficou até com pena de Jiwoo, ela parecia tão deprimida e envergonhada ao confessar seu ato.
“Tudo bem, eu não tenho pra que desconfiar de você, só não entendi direito o porquê você fez isso.”
“Eu não sei.” Jiwoo confessou. “Lembra quando aconteceu aquilo?” Perguntou se referindo ao beijo. “Quando eu te questionei sobre, você me respondeu que não sabia porque tinha feito aquilo, e agora eu também não sei porquê eu fiz isso.”
Ao dizer aquilo, Jiwoo se afastou da outra, e caminhou em direção a sua cama, colocou a pomada sobre ela e pegou debaixo do edredom o moletom vermelho dali e depois voltou para perto de Sooyoung, lhe entregando a peça de roupa.
“Desculpa.” A religiosa falou envergonhada. “Eu só queria dormir sentindo o seu cheiro.” Acabou por confessar, chocando a guitarrista.
Como assim, Jiwoo queria dormir sentindo o seu cheiro?
Enquanto isso, a filha do pastor sentia um misto de euforia, medo, vergonha e coragem, tudo ao mesmo tempo e de forma confusa. A aflição dominou durante o tempo em que Sooyoung se manteve em silêncio e com aquela expressão confusa.
Jiwoo se segurou com a ajuda de Deus, porque se dependesse do diabo ela teria completado o quanto sua noite havia sido ruim, que seu sono era interrompido a todo momento, que acordava e sentia vontade de chorar só de pensar que a garota estava na cama de Kahei, enquanto ela estava sozinha.
Se não tivesse Deus em seu coração, ela teria confessado na cara dura que queria não estar ao lado de um simples moletom, mas sim da própria Sooyoung, que não queria apenas sentir o seu perfume, mas também o calor de seu corpo.
Se não tivesse Deus em seu coração, ela poderia ser como Kahei, um espírito livre, e ter, por pelo menos uma noite, Sooyoung somente para si, como era o seu desejo mais íntimo, que ela tentava de todas as formas calar, inutilmente.
Sentiu os olhos ficarem marejados e um nó nasceu em sua garganta. O silêncio por parte de Sooyoung era uma tortura e a estava deixando mais ansiosa.
Mas naquele momento, Sooyoung estava vivendo um dilema, imaginando se Jiwoo poderia estar mesmo gostando dela ou se estava apenas confusa por causa do beijo.
Ela podia até parecer uma garota confiante, porém, tinha medo do que poderia acontecer caso trocasse os pés pelas mãos, e mesmo sentido o coração batendo mais forte e ter praticamente seu corpo inteiro implorando por um contato físico com a garota a sua frente, precisava ter 200% de certeza que os sentimentos de Jiwoo eram genuínos e mútuos.
“Foda-se isso tudo!” Jiwoo falou surpreendendo Sooyoung pelo palavrão, mas ela não teve nem tempo de perguntar o que era aquilo tudo que a jovem tinha mandado se foder.
Num momento de coragem derradeira, Jiwoo mandou tudo as favas e se entregou ao desejo.
Que o mundo, sua religião, seus medos, suas crenças, sua igreja e até mesmo seu Deus se fodessem.
A religiosa simplesmente avançou em Sooyoung, segurou seu rosto com as duas mãos e a beijou nos lábios.






















You're my sunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora