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“Sai logo desse banheiro, caralho!” Sooyoung falou alto, após bater na porta do pequeno cômodo de sua casa pela quarta vez.
“Sooyoung, eu já não disse pra você parar de falar palavrão? Eu não quero mais saber disso nessa casa!”Gyuri chamou a atenção da filha mais velha, enquanto penteava seus cabelos.
“Então fala pra Hyejoo liberar o banheiro.” A jovem respondeu, impaciente. “Ela já tá nesse banho há 40 minutos, mãe.”
Gyuri respirou fundo e bateu na porta.
“Hyejoo, você tem 5 minutos pra sair daí de dentro, entendeu? Nós não podemos chegar atrasadas nesse jantar!” Gyuri falou tentando conter sua irritação.
“Tá bom, mãe, tá bom.” Hyejoo respondeu lá de dentro.
Após isso, a mulher de meia idade voltou para o quarto.
Sooyoung e Hyejoo eram apenas duas, mas davam tanto trabalho que pareciam dez.
Alguns minutos depois, Hyejoo saiu do banho, enrolada em uma toalha.
“Até que enfim, hein? Achei que tinha derretido com a água e escorrido pelo ralo.” Sooyoung ironizou e Hyejoo fez uma careta em resposta. “Menina chata.” Murmurou, entrando no banheiro para tomar seu banho.
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Sooyoung passou um batom vermelho forte nos lábios. Seus cabelos longos, negros e brilhantes estavam soltos e caíam sobre os seus ombros. Usava uma calça jeans, uma sandália de salto alto preta e um cropped vermelho escuro.
Sorriu satisfeita diante do espelho, e saiu do quarto para encontrar a mãe e a irmã na sala, e dali iriam para o jantar.
Ao ver a filha mais velha, Gyuri ficou com uma expressão furiosa.
“Mas o que é isso, Sooyoung? Onde pensa que vai vestida assim?” A mulher perguntou, colocando as mãos na cintura.
Olivia estava usando uma calça jeans clara, tênis e uma bata azul. Ela jogava no celular, sentada no sofá, enquanto sua mãe caminhava pela sala.
“Qual é, mãe?” A mais velha questionou, deixando um sorrisinho cínico brotar em seu rosto.
“Eu me recuso a sair com uma filha vestida dessa maneira!” Gyuri respondeu e apontou para o corredor. “Volte pro seu quarto e vista uma roupa decente, e também lave o rosto pra tirar esse batom horrível!”
Olivia deu um risinho diante da situação.
“Eu não estou entendendo qual o problema aqui, mãe. A gente vai jantar com o papa ou o quê?” A garota debochou.
“Faz o que eu estou mandando e não me questione!” A mulher falou alto, então Sooyoung, sem outra opção, voltou para o quarto e vestiu uma jaqueta por cima do cropped e decidiu que não ia tirar a maquiagem.
“Já tô pronta.” Ela disse, ao voltar para a sala. “Se eu tiver que me arrumar de novo, a gente vai se atrasar.”
“Fecha essa jaqueta, vai.” A mulher falou, pegando a chave do carro. “Vamos, Hyejoo.”
Sooyoung fechou o zíper da jaqueta e Hyejoo parou de jogar e acompanhou a mãe.
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Parte do caminho foi silenciosa devido, principalmente, ao clima ruim que estava na casa antes delas saírem.
Gyuri, assim como suas filhas, tinha cabelos negros e sedosos, corpo esguio, e bastante atraente.
Mãe solteira, havia engravidado muito jovem, e por um tempo, cuidou sozinha de Sooyoung. Quando a pequena tinha pouco mais de 1 ano, Gyuri conheceu Son Yongnam, casou-se com ele e teve a caçula Hyejoo. O casal viveu junto por um pouco mais de 10 anos, mas as constantes brigas destruíram o casamento, e o homem deixou não só a casa da família, mas também a Coreia do Sul, mudando-se para a Espanha e poucas vezes tendo contato com sua filha.
Desde então, Gyuri, desolada, decidiu buscar forças na fé, e se converteu ao protestantismo, indo semanalmente aos cultos na Igreja do Amor e da Prosperidade.
“Olha, esse jantar é muito importante pra mim, e eu peço, por favor, que vocês se esforcem para mostrar os seus melhores lados.” Gyuri falou para as duas garotas. “Nós vamos estar na casa de uma família, por isso nada de brigas, discussões, picuinhas e todas essas coisas que vocês fazem todos os dias e que me irritam tanto, mas tanto...”
“Tudo bem, mãe, já deu pra entender.” Hyejoo respondeu.
“Eu espero que tenham entendido mesmo.” A mulher as alertou.
“Tá, mas afinal, onde é que vai ser esse jantar que exige tudo isso de nós?”Sooyoung perguntou, arqueando uma sobrancelha.
Gyuri engoliu em seco, enquanto parecia pensativa, pensando no que falar.
“Sooyoung, Hyejoo, minhas filhas, eu estive pensando muito em como falar essa notícia pra vocês.” As palavras da mulher fizeram as duas garotas se entreolharem desconfiadas
“Mãe, você... você não tá doente, não, né?” Hyejoo perguntou preocupada, já que o modo que Gyuri falava fez passar mil coisas horríveis em sua cabeça.
“Não, Hyejoo, eu não estou doente.” Gyuri respondeu com um risinho. “Eu estou muito bem.”
“Então o que é?” Sooyoung perguntou novamente.
“Eu estou namorando.” A mulher soltou de um vez só, surpreendendo as duas filhas. “Eu estou namorando o reverendo Kim.”
“Mãe, você está namorando o pastor da igreja que você tá indo?” Sooyoung perguntou, incrédula.
“Sim, estou, e nós estamos indo para a casa dele para jantarmos em família pela primeira vez.” A mulher completou.
Sooyoung balançou a cabeça e se jogou no banco do carro.
“Eu não acredito nisso.” Ela comentou irritada.
“Você não conhece o Donghae, ele é um bom homem e criou uma filha sozinho.” Gyuri argumentou.
“Se a mulher abandonou, é porque boa coisa não deve ser.” Sooyoung respondeu ácida.
“Não fale mal do Donghae, Sooyoung!” Gyuri a repreendeu. “Ele é viúvo. A esposa não o abandonou, ela morreu!”
Sooyoung suspirou fundo e olhou para o teto do carro.
“Vocês vão gostar do Donghae, eu tenho certeza. Também vão gostar da Jiwoo, a filha dele.” Gyuri comentou. “Jiwoo é uma doçura de menina, e está na mesma faixa etária que vocês, espero que vocês virem amigas.”
Sooyoung riu debochada.
“Claro, mal posso esperar pra me tornar amiguinha da filha do pastor.” Ela ironizou ácida.
“Pode mudar esse tom, Sooyoung, porque senão, as coisas vão ficar bem feias pro seu lado.” A mais velha ordenou, fazendo a menina revirar os olhos.
Parecia o início de um pesadelo.






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