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“Parabéns pelo seu bebê!” Jung Eun falou animada, acordando Sooyoung, que havia dormido no sofá de Kahei, junto de Jin Sol, que já não estava ao seu lado.
“O quê?” A garota perguntou, meio atordoada e meio assustada, além de sentir uma forte dor de cabeça e o estômago em chamas.
“Ela só tá fazendo uma piada sem-graça porque a Jin Sol acordou passando mal, tá lá vomitando inclusive.” Yerim, que estava ao lado da loira explicou e bocejou em seguida. “Mas ela encheu o cu de bebida ontem, óbvio que ia dar merda.”
“Normal, ressaca todo mundo tem.” Jung Eun respondeu, se espreguiçou e se levantou.
Sooyoung fechou os olhos e colocou a mão na cabeça, que parecia ter um peso na testa e latejava.
Ressaca era mesmo um inferno.
E ao falar nessa palavra, Sooyoung sentiu o estômago, que parecia ter uma fogueira em seu interior, gelar repentinamente.
Lembrou-se de seu inferno particular: sua família.
Começou a procurar com certa angústia pelo celular e o encontrou debaixo de um dos travesseiros espalhados pela sala.
Imaginou que deveriam haver várias ligações de Gyuri, que provavelmente estaria furiosa por não ser atendida e, no mínimo, ela tomaria um baita de um esporro por causa disso, mas não foi isso que encontrou.
Não havia nenhuma chamada perdida, e isso deixou a jovem com a pulga atrás da orelha, afinal, Gyuri havia deixado bem claro que ligaria para ela naquela noite. Alguma coisa devia ter acontecido.
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Desde o fiasco na noite anterior envolvendo Donghae, Hyejoo havia se trancado no quarto e não colocado o pé pra fora nem pra ir ao banheiro, e isso tudo por medo de ser pega por Gyuri no trajeto e levar umas pancadas como represália pelo seu comportamento, mas uma hora ela precisaria sair da toca e se expor ao predador.
A casa estava um silêncio, e por isso, imaginou que sua mãe, talvez ainda estivesse dormindo.
Saiu do quarto fazendo o menos de barulho possível e foi para o banheiro, mas quando abriu a porta, deu de cara com a mulher, e isso a fez assustar e até dar um pulinho para trás, tentando se trancar novamente, mas Gyuri foi mais rápida e segurou a porta.
“Hyejoo, para de fazer cena!” A mulher ordenou, vencendo a briga por desistência da garota.
“Eu já falei que eu não peguei aquele celular, droga!” Hyejoo se defendeu, nervosa, quase chorando.
Seus sentimentos em relação a violência que sofria eram ambíguos: em alguns momentos surgia dentro de si uma coragem para enfrentar Gyuri e jogar todos os seus demônios pra fora, mas em outros, como agora, ela sentia muito humilhada e um verdadeiro pavor só de pensar em apanhar.
“Eu sei que está mentindo.” Gyuri falou de volta, e apesar de estar com um semblante de irritação, seu tom era calmo. “Você fugiu de mim ontem a noite, mas agora não vai ter escapatória, nós vamos conversar e você vai me explicar direitinho o que você fez ontem e porque fez.”
Gyuri agarrou a menina pela mão e a forçou a ir para a cozinha, onde se sentou junto a mesa de sua mãe.
Hyejoo cruzou os braços e debruçou a cabeça, com o rosto virado pra baixo, sobre eles.
“Hyejoo, olhe pra mim!” Gyuri ordenou, mas a garota continuou imóvel, se recusando a lhe obedecer. “Hyejoo, eu não tô brincando, minha cabeça já tá estourando a essa hora da manhã, e eu quase nem dormi essa noite por sua causa, então, não torne tudo mais difícil pra nós duas e me obedeça!”
“Eu já disse que não tenho nada pra falar, caramba!” A garota explodiu de raiva, levantando a cabeça e socando a mesa com as duas mãos.
“Pode parar com isso! Eu exijo respeito e não vou permitir mais que você use esse tom agressivo pra falar comigo!” Gyuri repreendeu a garota.
“E eu exijo que você pare de me acusar de tudo! Se eu disse que não tenho nada pra falar é porque eu não tenho nada pra falar, porra!” Hyejoo retrucou, ainda no mesmo tom agressivo de antes.
“Você é mentirosa!” Gyuri vociferou.
“E você é louca!” A garota respondeu de imediato e semedir consequências, e viu sua mãe levantar a mão direita com a palma aberta, pronta para lhe desferir um tapa por aquela ofensa, e até se encolheu na cadeira pra diminuir o impacto e a dor, mas Gyuri se conteve e respirou fundo. Havia prometido para Donghae e para si mesma que resolveria aquela questão sem apelar para a violência física.
Mas era difícil ser tão desrespeitada daquela maneira por sua filha e continuar calma. Na verdade, ela havia pensado em outra forma de resolver aquela questão.
“Quer saber, Hyejoo? Eu acho que já encontrei a solução pra tudo isso o que está acontecendo.” Gyuri mais baixo e mais calma, e a garota se recompôs e a encarou. “Está claro que você não gosta de mim, não me respeita e nem sequer suporta a minha presença, por isso o tempo todo está fazendo coisas cujo o único objetivo é me aborrecer, portanto, eu posso falar com você dez, cem, mil vezes e você não vai mudar.”
A garota ficou completamente confusa com aquelas palavras e com um certo medo de onde aquela conversa poderia chegar.
“Então, por esse motivo, mais tarde vou ligar para o seu pai e comunicar que você vai morar com ele na Espanha, depois que seu ano letivo terminar.” Gyuri completou, deixando a menina sem fala. “Ele já não quer pagar a sua pensão mesmo, então resolvemos dois problemas de uma vez.”
Hyejoo sentiu um nó na garganta e tentou ao máximo se segurar para não começar a chorar ali.
“E se ele não quiser que eu vá?” Hyejoo questionou.
“Ele não tem que querer ou deixar de querer nada, ele é seu pai e tem tanta responsabilidade sobre você quanto eu.” A mulher respondeu. “Yangnam está há cinco anos vivendo uma vida de solteiro, saindo com os amigos, namorando várias mulheres, se mudando de país e começando uma vida nova, depositando um valor ridículo na minha conta bancária e com isso se achando um pai exemplar, vindo todo machão pra cima de mim quando algo não o agradava, enquanto eu tive que passar anos me virando do avesso, esquentando a cabeça, trabalhando em dupla jornada, indo dormir tarde e acordando cedo pra sustentar você e sua irmã, mal tendo tempo pra mim, me anulando, não tenho uma vida própria enquanto vivia pra dar pra vocês duas uma vida digna, e nunca recebi um mísero “obrigada, mãe” como resposta, só mentiras, agressões e falta de respeito.” A mulher desabafou. “Você, em algum momento da sua vida, parou pra pensar que eu também sou um ser humano, tenho sentimentos, também sofro?” Desabafou.
“Eu não pedi pra nascer.” Hyejoo respondeu baixo, cruzando os braços e fazendo um bico.
Gyuri, por sua vez, fechou os olhos e suspirou, frustrada, cansada e decepcionada.
“E eu não fiz você sozinha.” Respondeu, também baixo. “E como o seu pai já tem uma vida bem estruturada é melhor que você vá viver com ele, enquanto eu reconstruo a minha, com um homem que me respeita, me ama e me aceita do jeito que eu sou.”
“Tudo bem, mãe, eu já entendi o recado, eu sou um estorvo e você quer ter uma vida perfeitinha, longe de mim.” A garota falou, extremamente machucada, mas com certo controle emocional. Ela então se levantou da cadeira. “Só saiba que você está errada quando diz que eu não gosto de você.”
Ao ouvir aquilo, Gyuri sentiu o coração apertar ainda mais. Não estava sendo nada fácil para ela dizer aquelas coisas tão cruéis para a garota, apesar de tudo, ela nunca quis suas filhas longe, principalmente do outro lado do mundo, mas não conseguia pensar em outra forma de conseguir resolver aquele problema de comportamento de sua filha caçula.
“Eu te odeio!” Hyejoo falou alto e agressiva, antes de bater a porta do quarto com muita força, ecoando o som pela casa e voltando a se trancar.
Gyuri fechou os olhos e colocou as mãos na cabeça, massageando as têmporas, e suspirou fundo.
Às vezes agradecia a Deus por lhe dar tanta força e acalantar seu coração, porque caso contrário, já teria feito uma besteira das grandes.
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Haseul despertou antes de Kahei, que dormia ao seu lado. A vocalista olhou para a chinesa e ficou em silêncio, apenas observando a chinesa ali, sendo uma deusa sem precisar fazer nada, apenas deitada de bruços, abraçada ao travesseiro, com o cobertor escondendo apenas a parte de baixo de seu corpo, deixando suas belas costas a vista.
A coreana mordeu o lábio inferior, sorrindo ao se lembrar de todas as coisas que ela e Kahei haviam feito na noite passada.
Com cuidado se curvou e deu um beijo nas costas da namorada, que estremeceu, então Haseul subiu mais um pouquinho, tirou alguns fios de cabelos que estavam caindo sobre o rosto dela, e lhe deu um beijo carinhoso no rosto.
“Bom dia, amor.” Ela sussurrou quando Kahei abriu os olhos e depois sorriu.
“Bom dia.” Respondeu carinhosa e se sentou. “Que horas são?” Haseul pegou o seu celular que estava no canto da cama.
“Já são quase dez.” Respondeu. “Eu ouvi vozes, acho que as meninas já se levantaram.”
Kahei rapidamente se levantou da cama, e caminhou até o seu armário, onde pegou uma toalha.
“Vou tomar um banho, vem comigo?” Perguntou, já que sempre tomava banho após ter relações, só não havia feito naquela noite por pegar no sono, Haseul concordou, se levantando da cama, e recebeu uma toalha da chinesa e seguiram juntas para o banheiro. Ela não demorou para entrar debaixo do chuveiro, seguida por Haseul, que pegou o sabonete e a esponja, começando a esfregar com delicadeza as costas da outra.
“Você me fez tão feliz essa noite, acho que nunca mais vou conseguir ouvir Lana Del Rey da mesma maneira.” Haseul confessou, arrancando um risinho da outra.
“Eu posso garantir que você é mais gostosa que Pepsi-Cola.” A chinesa respondeu, fazendo Haseul corar e dar um beijinho no rosto da outra jovem.
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Sooyoung estava sentada na cadeira da mesa da cozinha de Kahei, junto das demais garotas, inclusive Jin Sol, que já tinha saído do banheiro, mas estava levemente pálida e com uma expressão de quem não estava nada bem.
Jung Eun e Yerim conversavam enquanto mexiam em seus celulares, já Sooyoung só mexia no celular, em completo silêncio. Estava preocupada com a falta de notícias de Gyuri, já que tinha mandado uma mensagem, e ainda estava sem resposta, fazia alguns minutos.
Já Jin Sol, estava apenas com a cabeça debruçada sobre os braços em cima da mesa. Beber demais sempre trazia consequências nada legais no dia seguinte.
Enquanto esperava por uma resposta, Sooyoung foi olhar o Instagram e viu que Kahei tinha marcado ela em uma foto, tirada antes delas ficarem bêbadas, com a legenda “Noite de filmes com minha amada @HaSooRocks (seu user era meio vergonhoso, mas quem poderia cculpá-la? Foi uma escolha adolescente) com um emoji de pipoca, um de claquete, um arco-íris e um coração vermelho.
Depois ela viu que Jung Eun havia postado a foto dela com as garotas da banda em volta da pizza, e como havia pedido, não estava marcada, apenas Jin Sol e Yerim estavam, Haseul havia sido marcada no corredor mesmo e a legenda estava em ingles: Pizza's time with my girls: Jinsoul, Yerim, DJ Yves e Haseul que estava muito ocupada nessa hora, seguida por uma carinha de safada.
“Que palhaçada é essa de DJ Yves?” Sooyoung questionou Jung Eun, fazendo as garotas rirem, inclusive Jin Sol, que estava morrendo ali do lado, mas não perdeu a chance de zoar. “DJ Yves é o caralho!”
Nesse instante Kahei e Haseul chegaram ali, de cabelos molhados e perfumadas.
“O que tá acontecendo aqui? Kahei perguntou.
“A gente deu um apelidinho pra Sooyoung, mas ela não gostou muito.” Yerim respondeu meio debochada. “Se fosse comigo, eu aproveitaria e usaria isso como um nome artístico.”
Sooyoung se negou de pronto.
“Eu não vou usar como nome artístico um treco com “DJ” no meio.” Sooyoung falou séria. “Caso um dia a gente fique famosa e tenha que explicar a origem disso, eu vou dizer o quê?”
“A verdade oras, que você ganhou esse apelido por ter sido DJ em uma festa.” Jung Eun respondeu calma, mas contendo o risinho daquela provocação.
“E que a pickup foi a Jin Sol.” Yerim completou, e começou a rir junto de Jung Eun. Kahei piscou algumas vezes, surpresa ao ouvir aquilo, mas estava fazendo sentido o porquê de Sooyoung ficar brava por estar sendo chamada de “DJ”.
“O quê que houve essa noite por aqui?” A chinesa perguntou, então Sooyoung mordeu os lábios e abaixou a cabeça.
“Nada sério.” Jin Sol, mesmo passando mal, levantou sua cabeça para responder. “Uns beijos no seu banheiro.”
“Mas é sério a sugestão, o DJ é meio exagerado mesmo, mas vai dizer que Yves não é um bom nome artístico?” Yerim questionou.
“Yves nem é nome de mulher.” Sooyoung rebateu, achando aquela ideia muito imbecil.
“Ué, beijar garotas também não é coisa de mulher, mas você faz mesmo assim.” Jung Eun argumentou, e então Sooyoung fechou a cara.
“Eu concordo com a Jung Eun.” Kahei falou, atraindo o olhar nada amigável de Sooyoung para si. “Nós já estamos no século 21, esses estereótipos de gêneros são uma das coisas mais caretas e ultrapassadas que existem, se um cara quiser usar maquiagem e saia, ele pode, se uma garota quiser usar um nome masculino como seu nome artístico, ela pode.” Ela argumentou. “”Fazes o que tu queres, há de ser tudo da lei. O amor é a lei, o amor sob vontade”. A Lei de Thelema, do lindo  Aleister Crowley.”
Aleister Crowley era uma das figuras mais conhecidas no meio do Rock. Sua filosofia influenciou dezenas de artistas, dentro eles David Bowie, Ozzy Osbourne, Rolling Stones e até mesmo os Beatles, que o colocaram, junto de muitas outras “celebridades” na capa de seu álbum “Sgt. Peppers´s Lonely Hearts Club Band”. Apesar disso, para muitos, especialmente, ele era visto como um satanista, nomeado até como o “homem mais ímpio do mundo” por seus ensinamentos ocultistas e ideias que iam contra a moral religiosa.
“Seu avó devia ser seguidor dessa filosofia, né? Pelas coisas que a gente achou naquele baú.” Jung Eun comentou, referindo-se ao vídeo pornô gay.
“Meu avô viveu os anos dourados da sociedade hippie, até em Woodstock o velho estava, por isso tenho certeza que ele nunca discriminou ninguém e sempre me ensinou que “amor é amor”, e que todas as formas desse sentimento são lindas e devem ser respeitadas.”
“Nossa, seu avô deve ser um ícone de pessoa, né? Tão pra frente, muito mais moderno que os jovens daqui da Coreia.” Jung Eun comentou.
“Sim, ele é, mas infelizmente é uma rara exceção, já que na minha família, em Hong Kong e em toda a China a maioria das pessoas discorda dele.” Kahei explicou.
“Eu acho que você deveria usar esse nome mesmo, porque além de legal, seria uma homenagem pro avô rockeiro da Kahei.” Jin Sol falou para Sooyoung. “Além de ser um nome bonito.”
“Tudo bem, eu vou pensar nisso.” Sooyoung concordou após aquela lição de moral e pressão das demais garotas.
“Eu também tive uma outra ideia, posso falar?” Jin Sol perguntou e recebeu uma resposta positiva. “O que acham de mudarmos o nome da banda pra “Lei de Thelema”?
“É um nome legal e bem mais conciso que “As Sensacionais Garotas de Vênus”.” Yerim falou. “Eu voto pelo sim.”
Jung Eun, Haseul e Sooyoung concordaram com a mudança de nome.
“Gente, eu tenho uma notícia super boa pra dar pra vocês.” Kahei falou sorrindo. “A Haseul me confessou que sabe fazer panquecas e é ela quem vai fazer o nosso café-da-manhã.” Haseul abriu um sorriso tímido e recebeu um beijinho carinhoso no rosto por parte da namorada.
Ao ouvir falar de comida, o estômago de Jin Sol revirou, ela se levantou com a mão tapando a boca e correu pro banheiro, onde voltou a vomitar.
“Acho melhor dar um remédio pra Jin Sol logo.” Kahei falou, fazendo uma careta, mas andou até o armário de onde pegou uma caixinha de remédios. “Mais alguém precisando de remédio por ter exagerado na bebida ontem?”
“Eu.” Sooyoung falou, levantando a mão. “Um pra dor de cabeça e um pra estômago, porque o negócio tá ardendo aqui dentro, a impressão é que tem uma tribo fazendo uma fogueira dentro do meu estômago.”
“Bebida alcoólica é uma coisa maldita mesmo.” Kahei falou com certa ironia, e pegou um copo e o encheu de água. “Toma o analgésico primeiro.” Ela entregou o comprimido pra amiga, que o engoliu com um gole do líquido, e depois a chinesa jogou um saquinho de antiácido no restante da água. “Toma enquanto tá efervescendo.”
“Esse treco é horrível, Kahei.” Sooyoung comentou, fazendo uma garota. “Só o cheiro já me dá náuseas.”
“Sooyoung, deixa de ser uma bebê e toma logo esse negócio.” Kahei insistiu e a outra garota pegou o copo e começou a beber seu conteúdo aos poucos, fazendo várias caretas após cada gole. “Vira isso de uma vez, pelo o amor de Deus!”
A garota respirou fundo e fez o que lhe foi ordenado. Foi horrível, a água desceu queimando em sua garganta e ela podia sentir aquela queimação por todo o esôfago.
“É ruim de engolir, eu sei, mas daqui uns minutinhos você vai estar ótima.” Kahei lhe garantiu rindo. “Por isso é importante não beber exageradamente.” Apesar das sensações ruins, a guitarrista olhou para a chinesa e as duas trocaram risos.
“É, amor, eu já posso começar a fazer as panquecas?” Haseul perguntou, após se manter em total silêncio, apenas observando Kahei cuidar de Sooyoung.
“Ah sim, vem cá que eu te ajudo com as coisas.” A chinesa respondeu.
Já Sooyoung voltou sua a atenção para o seu celular e até voltou para a sala, ficando sozinha por alguns poucos minutos até que Jung Eun e Yerim também aparecessem ali também.
As três entretidas com seus próprios celulares.
Como não recebia resposta de Gyuri, Sooyoung mandou uma mensagem para Hyejoo, e então voltou sua atenção para a resposta de Jiwoo para a sua mensagem mandada há dias e até ontem sem resposta.
Sooyoung não fazia o tipo vingativa, e também estava com a impressão de que havia algo diferente em Jiwoo nos últimos dias.
“Fiquei feliz por ter gostado.” Escreveu e botou um emoji de sorrisinho no final.
Depois de enviada a mensagem, Sooyoung pensou que ela era um tanto patética, vazia e também não dava espaço para se continuar uma conversa a partir daquele ponto. Era quase como um “tá bom” seco, mas mesmo assim, a garota achou melhor por não apagá-la.
Enquanto isso, a resposta de Hyejoo chegou e foi apenas um emoji de “joinha”.
Sooyoung não confiou muito naquela resposta. Tudo bem que Hyejoo não era do tipo de ficar conversando muito com ela no WhatsApp, mas sentia que algo estava fora do normal, ou dentro, já que sua casa parecia um eterno ringue, onde todo mundo brigava com todo mundo o tempo todo.

Após alguns minutos, Haseul terminou as panquecas, que estavam cheirando muito bem, principalmente por terem mel e morango como acompanhamento. A única que não quis comer foi Jin Sol, que ficou deitada no sofá após tomar remédios pra enjoo e dor de cabeça, esperando os mesmos fazerem efeitos.
“Hmmm.” Kahei começou, ao experimentar um pedaço da comida. “Meu amor, isso tá muito bom.” Haseul, que estava sentada ao lado de Kahei sorriu tímida mas ao mesmo tempo orgulhosa.
“Concordo.” Yerim completou. “Que delícia.”
“É, como diria a minha mãe: já pode casar.” Jung Eun completou, deixando Haseul levemente corada.
“Mas isso não depende só de mim.” Haseul brincou e olhou pra Kahei.
“Vocês estão muito apressadas, mas a Haseul tem vários pontos a favor: cozinha bem, sabe cantar, é carinhosa, é divertida.” A chinesa respondeu. “Ainda estamos avaliando.” Completou e depois deu um beijo de surpresa no rosto da outra menina, sob comemoração de Jung Eun e Yerim. A vocalista do agora, “Lei de Thelema”, cobriu o rosto com as duas mãos, após corar violentamente com o gesto carinhoso de sua namorada.
A única apática naquela situação era Sooyoung, que nem estava prestando muito a atenção no teor da conversa.
“E aí, Sooyoung? Você gostou da panqueca?” Haseul puxou assunto sorrindo, tentando trazer a garota, que estava distante mentalmente, para o meio da conversa, e isso surpreendeu a todos, especialmente a própria Sooyoung.
Ela estava fazendo isso em parte pela promessa feita a Kahei na madrugada, mas também porque já não estava mais com raiva da guitarrista.
“Ah... Sim, está muito boa, você está de parabéns.” Ela respondeu e abriu um pequeno sorriso simpático, mas ainda assim, um pouco deslocada.
“Obrigada.” Haseul agradeceu e começou a comer também.
“Acho que devemos guardar uma pra Jin Sol quando ela estiver melhor.” Jung Eun comentou. “Ela não vai gostar nada de perder um café-da-manhã desses.”
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Após o café, Sooyoung foi arrumar suas coisas para voltar para casa, e Kahei lhe acompanhou.
“Me explica direito essa história de DJ Yves.” A chinesa falou, surpreendendo a outra. “Você, finalmente, perdeu a virgindade?”
“Claro que não!” Sooyoung respondeu imediatamente, como se tivesse ouvido algo bem ofensivo. “Não foi nada demais, a gente tinha bebido um pouco além...”
“Você bebeu um pouco, a Jin Sol bebeu muito além.” Kahei brincou e a outra assentiu.
“É.” Concordou. “E depois, de alguma forma que eu não me lembro muito bem, a gente acabou dando uns amassos no banheiro.” Concluiu, evitando olhar diretamente para Kahei, porque estava mentindo pois se lembrava muito bem de como tudo havia acontecido e ficava até arrepiada e sentia sensações estranhas quando pensava naquilo. “Foi só isso.”
“Nossa, Sooyoung eu esperava coisa melhor de uma mentirosa tão experiente como você.” Kahei brincou, fazendo Sooyoung corar e ficar sem graça. “Nós somos amigas e amigas não escondem esse tipo de coisa uma da outra.”
“Ah tá bom, aconteceu uma coisinha a mais, sim, mas também não foi nada surpreendente.” Ela respondeu, e então decidiu abrir o jogo, e fez isso cochichando no ouvido de Kahei.
“Não acredito! Por isso elas tavam te chamando de DJ Yves.” A mais velha brincou e riu.
“Essas meninas são muito sem graça.” A morena comentou, e então voltou a para próximo da cama, e nesse instante sentiu algo grudar em seu tênis, e quando ela olhou o que era, até se assustou. “Caralho, o quê que essa porra tá fazendo aqui?” Ela perguntou até se sentando na cama para chacoalhar o pé e se livrar da camisinha usada que estava nele. “Que nojo!”
“Eu acho que você sabe o que é isso.” Kahei respondeu tranquila, e pegou com cuidado o preservativo do pé da outra. “Já volto.”
Enquanto Kahei foi e voltou do banheiro, Sooyoung ficou se perguntando o que aquele treco tava fazendo ali, ou melhor, há quanto tempo.
“Ainda bem que ad meninas estão todas na sala e ninguém viu nada.” Kahei comentou, com as mãos um pouco úmidas, após tê-las lavado. “O que foi?” Questionou após ver a expressão confusa no rosto de sua amiga.
“Há quanto tempo isso tava perdido aqui?” Sooyoung questionou e Kahei riu. “Que nojo, Kahei, aquilo lá tava num pau de um cara, cheio de porra e ainda grudou no meu sapato.” Sooyoung até olhou novamente em seu tênis se não tinha ficado mancha de nada, porque se por um azar sua mãe visse algo, ela estaria encrencada até o talo, já que aquilo era algo que Gyuri conhecia. “Vou ter que desinfetar meu tênis.” Kahei começou a rir do drama feito pela garota. “Não tô vendo graça nenhuma nisso, não, isso é nojento pra caralho!” Ela repreendeu a mais velha.
“Calma, DJ Yves, aquilo lá não teve no pau de nenhum macho, não.” A chinesa esclareceu, e a sua resposta foi tão confusa que Sooyoung nem se importou de ser chamada de “DJ Yves”.
“Ah não? Então quem usou: você?” Sooyoung perguntou irônica.
“Eu não, a Haseul.” Kahei respondeu como se fosse aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo, já Sooyoung agradeceu por não estar comendo nem bebendo nada naquele momento, pois teriam se engasgado e a expressão de seu rosto deixou isso bem claro. “Olha, eu não sei o que você está pensando, mas com certeza não é isso.” Disse com um risinho. “Vem cá que eu te mostro.”
“Eu não sei se eu quero ver, não.” A guitarrista respondeu de imediato e Kahei riu ainda mais.
“Para com isso, Sooyoung, você não é mais criança, e é bom você aprender algumas coisas também pra não ter dúvidas na hora de fazer.” Kahei falou, e Sooyoung decidiu fazer o que ela estava pedindo, ainda meio a contragosto.
Kahei a levou para perto de sua cômoda, e abriu a primeira gaveta, onde estava o seu strap on. Sooyoung, no entanto, ao ver o objeto começou a rir.
“Você coloca camisinha nesse troço? Pra quê? Não é como se você pudesse ficar grávida.” Sooyoung debochou.
“Mas camisinha não é pra evitar só gravidez, tem as DSTs também, mas parece que ninguém se lembra disso.” Kahei explicou fechando a gaveta. “É impressionante como ainda existe tanta ignorância em plena era da informação.”
“Você tá me chamando de burra, Kahei?” Sooyoung questionou, cruzando os braços.
“Burra não, você é só desinformada, o que não é totalmente sua culpa, faz falta os pais ensinarem esses coisas pros filhos.” A chinesa respondeu calmamente.
“Nunca que a minha mãe ia falar um negócio desses pra mim, sendo que nem ela mesma usou camisinha quando precisou.” Sooyoung comentou e deu os ombros. “Mas valeu pela dica, apesar de que eu nunca vou usar um troço desses.”
“Por que não?” Aquela pergunta Sooyoung nem respondeu, só arqueou as sobrancelhas e deu uma risada debochada. “A Haseul também não tava muito segura de usar, mas no final ela acabou aceitando e foi ótimo.”
“A Haseul deve tá mesmo muito apaixonada por você.” Foi o que Sooyoung se limitou a responder.
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Hyejoo andou devagar e abriu com cuidado a porta do quarto de sua mãe. Gyuri estava deitada na cama e o local estava completamente fechado e sem nenhuma luz, e a mulher que havia tomado um forte remédio para enxaqueca, estava quase adormecendo, quando a fresta de luz vinda da porta bateu em seu rosto, forçando-a a colocar a mão na frente dele.
“Só vim avisar que vou sair.” Hyejoo falou baixo, deixando subentendido pela escolha de palavras que ela estava apenas informando o que iria fazer e não pedindo permissão de nada.
“Onde você vai?” Gyuri questionou.
“Vou na praça caçar pokémon.” A garota respondeu. “Até mais.” E fechou a porta do quarto, sem dizer mais nada.

Hyejoo mentiu sobre ir “caçar pokémon”, mas falou a verdade sobre a praça, que ficava há umas três quadras de sua casa, e por muitos anos havia sido seu lugar favorito no mundo, lugar onde ela teve muitos momentos felizes por incrível que pareça, ao lado de seus pais, quando tudo parecia mais leve, mais fácil e não existia nada além da diversão para se preocupar.
Colocou os fones no ouvido e ligou suas músicas no aleatório e depois vestiu o gorro de seu moletom preto de um jeito que ele cobrisse uma parte de seu rosto e abaixou a cabeça durante a caminhada.
Não queria que ninguém visse sua cara, e odiava sair na rua por isso, mas, ao mesmo tempo não aguentava mais ficar dentro de sua casa, sentia-se sufocada por aquele ambiente tóxico, e por esse motivo estava começando que talvez não existisse lugar no mundo para si.
Ao chegar na praça, se sentou na grama, em um lugar um pouco mais afastado das demais pessoas que ali estavam, a maioria adultos, país de crianças pequenas que ficavam observando os filhos que brincavam no playground um pouco mais a frente, assim como Gyuri fazia quando ela tinha a idade daqueles pequenos.
Enquanto em seu fone começou a tocar “End of The innocence” de Don Henley:
“Se lembra de quando os dias eram longos?
E se passavam abaixo de um céu azul profundo?
Nós não tínhamos nenhuma preocupação com o mundo
Com mamãe e papai por perto
Mas o “felizes pra sempre” falha
E nós fomos iludidos por esses contos-de-fadas
Os advogados cuidam dos pequenos detalhes
Desde que o papai teve que ir embora”
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“Mais alto, papai! Mais alto!” A pequena Hyejoo pedia animada, enquanto Yangnam, seu jovem pai, a empurrava com mais força na balança.
A pequena menina de 4 anos e cabelos negros e presos em duas chuquinhas, usando um vestido rosa com sandálias brancas de algum personagem infantil qualquer, estava animada em ir cada vez mais alto.
“Yangnam, cuidado, você vai derrubar a Hyejoo!” Alertou uma Gyuri 11 anos mais jovem, possuía forte semelhança com Sooyoung, e usava uma bermuda jeans até no joelho, uma camiseta branca com estampa do Mickey Mouse e um chapéu de pano azul escuro,  que estava sentada no chão, ao lado de Sooyoung, aos 7 anos de idade, que usava um vestidinho florido amarelo e branco e uma tiara em sua cabelo liso e escorrido, e brincava sozinha com dois bichinhos de pelúcia pequenos, cantarolando uma melodia que lembrava uma música que o seu padrasto vivia escutando “Rock’N’Roll All Night” do KISS, já que ela ainda não sabia cantar em inglês.
“Vai cair nada, não seja exagerada, Gyuri.” O homem, que tinha um estilo mais despojado, usando calça jeans, uma camiseta escrita cinza escrita “Sex Pistols tão velha, que já estava até desbotada e mantinha um bigode bastante característico, revirando os olhos com aquela preocupação exagerada. “Eu sei cuidar da minha filha!”
“Eu só estou pedindo para tomar cuidado, acidentes acontecem.” A mulher retrucou na defensiva, então quando o balanço voltou até ele, ele o segurou e pegou Hyejoo no colo.
“Desculpa Hyejoo, mas a sua mãe acha a nossa brincadeira perigosa.” Ele tratou logo de falar, assim que a menina abriu a boca para protestar por ter sua brincadeira interrompida de forma tão abrupta.
Hyejoo fechou a cara e cruzou os braços, a mesma postura que ainda usava nós dias atuais, e junto de seu pai se juntou de Gyuri e Sooyoung.
O rapaz sorriu ao ver que Sooyoung usava as pelúcias como astros do Rock'N'Roll e isso era engraçado. Desde muito novo Son Yangnam sempre foi um fã de bandas de rock e visivelmente estava influenciando a filha mais velha da mulher.
Mas Gyuri não gostava nada disso. Ela sabia que os astros do Rock’N’Roll viviam de maneira erracática e muitos se envolviam com coisas erradas como drogas, sexo fácil e problemas com a lei, por isso não acreditava que eles deveriam ser os modelos seguidos por nenhuma de suas filhas.
“Papai, eu quero um algodão doce.” Hyejoo falou.
“Eu também quero.” Sooyoung também disse animada.
Yangnam então se levantou e foi atender os pedidos da filha e enteada, e em poucos minutos voltou trazendo um algodão doce para cada uma delas, além de um terceiro, que entregou para sua esposa.
“Achei que estivesse chateado comigo.” A mulher comentou.
“Se eu estava já me esqueci o motivo.” Ele respondeu com um meio sorriso e deu uma piscadela para a mulher, que também sorriu. “Me dá um pedacinho?” Perguntou, se referindo ao algodão.
“Claro.” Ela respondeu, pegou um pedaço do doce e o deu diretamente na boca de Yangnam, depois os dois trocaram um rápido beijinho nos lábios.
Após todas terminarem de comer, a família Ha-Son voltou para a casa, com Hyejoo pegando uma ‘carona’ nas costas do pai e Sooyoung andar saltitando e cantarolando “Rock’N’Roll all night”
“Você gostou mesmo de Kiss, hein, Sooyoung?” O rapaz perguntou animado.
“Queria fazer uma maquiagem igual a deles.” A menina, que havia assistido trechos de um DVD da banda falou aanimaa, para o desgosto de Gyuri, que odiava aquela banda. “Também quero aprender a tocar as músicas deles.”
“Sooyoung, para com isso, você nem tem instrumento musical, vai tocar o quê? Aliás, se quiser fazer música deveria entrar pra fanfarra da sua escola.” Gyuri repreendeu a filha.
“Deixa a menina, Gyuri, se ela quer aprender a tocar algum instrumento nós devemos incentivá-la.” Yangnam falou. “Fanfarra de escola é coisa de gente careta.”
“Vou incentivá-la a fazer as coisas do jeito certo, não quero minha filha envolvida com balbúrdia nenhuma.” Gyuri respondeu e Yangnam balançou a cabeça negativamente.
No aniversário de 8 anos da pequena Sooyoung, Yangnam lhe presenteou com uma linda guitarra Les Paul vermelha de segunda mão que conseguiu comprar de um amigo de adolescência e ela passou a fazer aulas do instrumento.
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No seu fone agora tocava “Sippy Cup” de Melanie Martinez, outra música com a qual ela se identificava com a letra e com o videoclipe.
Após a partida de Yangnam, Gyuri simplesmente teve um surto e quebrou todas as coisas que pertenciam ou lembravam seu pai, entre elas a guitarra que ele havia dado para Sooyoung. Foi assim que sua irmã perdeu o único instrumento musical que lhe pertenceu na vida.
Sooyoung ficou arrasada na época, porque era como se os seus sonhos tivessem sido destroçados, e apesar da guitarra não ser nova ela estava em bom estado e provavelmente poderia ser usada por uns bons anos ainda, mas a verdade é que Gyuri não queria ver a filha que era só dela trilhar um caminho que havia sido ditado por um homem que não era nada seu. Sua esperança era que destruindo a guitarra, destruiria também a influência de Yangnam na vida de Sooyoung.
Gyuri também tentou convencer as filhas que Yangnam tinha um casal extraconjugal e tinha abandonado a família pra ficar com outra mulher, mesmo ele voltando a viver na casa de seus pais.
A família de Yangnam detestava Gyuri por seu passado obscuro e nunca esconderam que gostariam de vê-lo com outra mulher, e após a separação do rapaz, passaram a proibir Sooyoung de frequentar a sua casa, por esse motivo, somente Hyejoo visitava o homem antes dele deixar a Coreia do Sul para viver na Espanha.
Após uma andança, que parecia sem rumo não era, Hyejoo chegou a uma rua que era familiar para ela: a rua onde Chae Won morava.
Apesar de estar brigada com a amiga, Hyejoo reconhecia que a garota era a única pessoa em sua vida que nunca a havia abandonado, lhe posto pra baixo ou lhe magoado deliberadamente.
Caminhou até a casa amarela, tirou o capuz e os fones de ouvido, os guardou no bolso e tocou a campainha, não demorou muito e a Sra. Park a atendeu.
“Hyejoo? Que surpresa.” A mulher a cumprimentou sorrindo e simpática.
“Olá, Sra. Park.” Hyejoo respondeu e se curvou rapidamente. “A Chae Won está aí?” A mulher assentiu. “Eu posso falar com ela?”
“Claro, ela está no quarto, pode ir até lá, você já sabe o caminho.” A mulher respondeu e então Hyejoo adentrou no ambiente já conhecido.
Ela caminhou devagar em direção do quarto da amiga, e o encontrou com a porta entreaberta.
Hyejoo entrou vagarosamente no cômodo, que tinha papel de parede listrado rosa pastel e branco com adesivos de borboletas de cores e tamanhos variados, além de móveis brancos e uma porção de bichinhos de pelúcia, alguns que tinham sido presentes da própria Hyejoo. Se alguém não soubesse que presente dar pra garota, era só dar uma pelúcia e isso faria dela a menina mais feliz do mundo.
Chae Won estava deitada em sua cama, assistindo Netflix em seu Notebook, que também era branco.
“Mã...? Hyejoo?” A loirinha exclamou, totalmente surpresa por ver a amiga que não falava com ela há semanas ali. “O que você está fazendo aqui?”
“Eu sinto muito por tudo, Chae Won.” A garota falou baixo e com a voz embargada. “Eu sou uma idiota que maltratou a única pessoa que gosta de mim nesse mundo: você.”
“Hyejoo, aconteceu alguma coisa?” Chae Won perguntou novamente, assustada, pois mesmo sabendo que a vida familiar era um caos, a amiga parecia pior que o normal naquele momento.
“Chae Won, você me perdoa? Me perdoa pelas acusações idiotas, pelas coisas horríveis que eu disse, eu juro que nunca mais vou te maltratar, só diz que me perdoa, por favor.” Hyejoo praticamente implorou, ignorando a pergunta da outra.
Chae Won então abriu um sorriso amigável e foi até Hyejoo, lhe dando um abraço. A outra menina abraçou de volta, e não conteve a emoção.
“Claro que eu te perdoo.” Chae Won sussurrou em seu ouvido.
Hyejoo estava errada ao pensar que não existia lugar no mundo para ela. Existia sim e era justamente ali, no abraço de sua melhor amiga.




















































































You're my sunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora