{MR.RM-RETURN} Ksj X Knj

GJGJ

Jin narrador

Desligo o celular e esterilizo as mãos. Coloco as luvas e vou até a sala de cirurgia.
♡♡♡

Quando volto para minha sala, Sasa está sentada com os pés apoiados à mesa e os olhos focados no celular.

- Meu Deus, esse Namjoon é muito gato.- Ela diz.

- Sakura! Tira os pés daí!- Eu exclamo.

Sasa toma um susto e desmancha a posição, se sentando normalmente. De seu celular, consegui ouvir um diálogo em coreano.

- Aí que susto! Bate na porta na próxima vez!

- Mas é a minha sala!

- Mesmo assim!

- Que isso que você está vendo?

- O "Livro em dia"! Felizmente está legendado!

Ouço uma risada familiar sair daquele aparelho, seguido de outras. Era A risada de Namjoon.

- Vai pro lado!

Tento sentar na cadeira, expremendo Sasa e suas coxas grossas.

- Ah! Calma criatura!- Exclama.- Que foi??

Não respondo e começo a assistir junto dela. Namjoon estava sentado em um sofá com o apresentador atrás de uma mesa a sua frente. Os dois estavam terminando de rir antes de voltarem a falar.

- Namjoon, agora o momento em que fora esperado por todo mundo que está em casa assistindo!

- Ah, é agora!- Sasa exclama.

- Seu livro "MR.RM, amor no século 21" é um sucesso entre os jovens! Você esperava que o livro fosse ser o sucesso que é hoje?

- Pra falar a verdade, não. Nunca passou pela minha cabeça que esse livro fosse atrair tanta gente. Pra mim é uma honra que as pessoas fiquem interessadas na minha história.

- Eu gosto do seu livro. Ele é simples, sem uma história complexa, apenas uma história de amor entre dois jovens. Você traz situações da adolescência atual que mesmo iguais, são diferentes ao mesmo tempo.

- Sim, é exatamente assim que somos. Iguais comparados com coisas e diferentes comparados com outras coisas, não é? A questão é que eu escrevi uma história, não muito diferente da dos filmes adolescentes dos anos oitenta, mas que ainda assim, é voltada para um confronto atual.

- Imagino que esteja dizendo pelo fato de estar retratando a história de um relacionamento homoafetivo.

- Sim, estou. Retrato a história dos dois como a de qualquer garota que se apaixona por alguém na escola. O que eu gosto de mostrar para quem lê é como o amor pode bater em qualquer um. Quem leu sabe que Seung negou até a morte a ideia de que Chae poderia ser o MR.RM.

"Continuo negando até hoje que você é o MR.RM" Penso comigo mesmo.

- Quando passamos a gostar de alguém, combatemos nossos próprios conflitos. Isso é o que o livro tem em comum com todos os outros romances para adolescentes: Os conflitos a serem resolvidos.

- O conflito que mais me deixou foi o...

- Ele leu mesmo o livro?- Sasa pergunta sem que eu pudesse ouvir o resto.

- Nada, ele lê resumos na internet ou alguém explica as coisas pra ele.- Eu digo.- Já viu ele explicando uma resenha do Harry Potter?

- Agora me diga: Qual é o maior conflito que o MR.RM enfrenta no livro todo na sua opinião?

Namjoon olhou para ele. Deu um gole na cabeça de água e esticou o braço ao longo do sofá, em uma posição de quem estava confortável.

- Essa eu quero ver...- Murmuro.

- O maior conflito do MR.RM sem dúvidas era perder Seung. Ele vive com esse medo desde o momento em que escreveu a primeira carta. Não escrevo no livro o quão assustado ele estava quando escrevia, mas eu gosto de pensar que o leitor entende a situação dele.

- Diria que ele nasceu de um medo?

- Não, diria que ele nasceu de um amor e que se perdeu em medo. Imagine como seria: Ele consegue e começa a namorar o rapaz. Vemos ao longo da trama que os pais de Seung não aceitam o filho de jeito nenhum e que Chae não seria mais visto como o rapaz galinha da escola. Por um lado a vida do RM melhoraria, mas a do parceiro seria conturbada. O maior medo dele é ver Seung sofrer e não poder fazer nada a respeito. Para os dois ficarem juntos, um tinha que sofrer mais que o outro, em questão de preconceito familiar, por isso MR.RM temia tanto. Esse é um motivo que eu não abordo no livro, porque minha ideia não é mostrar um casal gay que sofre, mas sim um casal gay que pode ser feliz em um mundo como esse.

- Então você traz um mundo sem preconceito?

- Claro que não.- Namjoon pareceu se irritar.- Um capítulo inteiro conta como Seung apanhou do pai por ser gay.

- Ah, Sim!

- O preconceito ainda está lá, mas não é o meu foco.- Ele continua.- Meu foco é mostrar um conflito de um rapaz que nega estar gostando de outro, mas não por conta da sua sexualidade, mas sim devido a quem este começa a gostar. Lendo o livro é claro que em momento algum os dois negam estarem gostando de alguém do mesmo sexo.

- Com certeza.- O apresentador toma um gole de água.- Agora, última pergunta. Baseado em que você se inspirou para escrever?

Nesse momento, Namjoon olhou para a câmera e foi como seus olhos perfuracem os meus. Meu coração palpitou como nunca em anos, ansioso para ouvir que tipo de resposta ele daria.

Namjoon sorriu e estalou a língua. Era agora, fala a verdade seu merda.

- Me inspirei em alguém sim.- Ele comenta.

As meninas do auditório começam um murmúrio.

- Aah, que legal, não dá pra entender o que elas falam.- Sasa resmunga.

- Quem?- O apresentador pergunta.

- Um casal que conheci uma vez. Vamos chamar eles de Fulano e Fulaninho.- O auditório ri.- Fulano gostava do outro desde sempre e ficou com medo de contar. Começou a escrever cartas para ele assinando com o pseudônimo de "MR.RM". Desde então os dois se amam e enfrentaram um mundo juntos.

As meninas gritam e aplaudem. Fico olhando para a tela sem nada dizer. A expressão neutra no rosto não consegue mostrar o que sinto por dentro.

Sinto que fui feito de idiota por mais de dez anos.

- E eles ainda estão juntos?- Lhe é perguntado.

E Namjoon olhando para a câmera, parecendo mais que olhava em meus olhos, sorriu feito idiota e suspirou.

- Eu espero que sim. Em algum lugar.

"É. É hora de eu voltar pra Coréia."

Deixa a estrelinha se vc estiver gostando. Se não estiver, deixa a estrelinha pra eu ficar feliz =P