CDFR

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Narrador Jin

Eu realmente fiquei sem saber o que fazer. Não sabia se ficava na cama dele depois de ter dito tudo aquilo ou se eu levantava e ia embora.

Antes de pensar melhor, vejo Namjoon voltar para o quarto. A expressão apática e dois riscos rosados e molhados, um em cada lado da bochecha.

Ele não olhou pra mim. Foi direto para a mesa do computador e começou a escrever, provavelmente alguma coisa do trabalho.

Fiquei sentado por alguns minutos assistindo ele digitar em silêncio, até que decido sair da cama. Fitei os pés calçados por meias no chão gelado e me mantive em pé, ao que quase caio, ao perceber que meus pés, ainda dormentes, não conseguem sustentar meu corpo.

Tive que me segurar na cabeceira da cama e fica curvado com as mãos no colchão. Namjoon virou a cadeira para me ver e percebeu o que havia acontecido.

- Jin, fica deitado.- Ele pede calmo.

- Eu não posso ficar muito tempo deitado, Namjoon!- Eu digo.- Eu tô com as pernas assim por conta da circulação sanguínea! Eu tenho que andar!

Ele ficou em silêncio enquanto eu tentava me manter de pé, sempre caindo para frente e ficando curvado. Não estava conseguindo por mais que tentasse.

De repente, senti suas mãos segurarem meu quadril e me colocarem em pé. Olhei para trás e encontrei Namjoon, que se ajeitou na minha frente, segurando minhas mãos.

- Eu te ajudo.- Ele diz.

- Não precisa, sério.

- Tá bom.

Ele solta as mãos e eu caio em cima dele. Seguro seus ombros e coloco o rosto em seu peito, olhando para cima. Ele pôs as mãos em meu quadril e ficou me olhando com um rosto como quem diz "Eu avisei".

- Sério? Engole o orgulho, deixa eu te ajudar.

- Tá, tá bom...

Ele me ajeita em pé e segura minhas mãos, me conduzindo com calma e passos curtos, fazendo com que nos afastassemos da cama aos poucos, até a porta do quarto.

- Tá melhorando?- Ele perguntou.

- Sim, tô sentindo as pernas melhores...

Ele dá um suspiro, melancólico.

- Lembro que minha avó chegou a andar assim por um tempo.- Ele comenta.- Ela ficava sentada no sofá até eu chegar do colégio, porque só aí ela conseguia andar.

Caso não tenha lido o conto de Natal (deveria, @fora_do_papel segue pra ler), irei dizer aqui novamente.

Os pais de Namjoon morreram em um acidente de carro quando ele era criança e foi a avó dele quem o criou. Dois anos antes de começarmos a namorar, a avó de Namjoon faleceu e ele foi morar junto de Jungkook e os meninos.

Por isso fiquei em silêncio e não preferi tocar nesse assunto delicado com ele, mas fiz um sinal com a cabeça como quem sente muito.

- Eu acho que já consigo andar sozinho, Namjoon...- Eu digo tentando quebrar o clima.

- Mesmo?- Ele pergunta.

- É, solta minha mão.

Ele soltou, mas ainda ficou olhando e pronto para caso de eu cair. Senti meus pés contra o chão gelado, senti meus dedos se mexerem e as pernas estavam mais propícias a sustentar meu corpo.

Andei um pouco e Namjoon se afastou na proporção de cada passo. Parecia um bebê dando seus primeiros passos indo em direção ao seu pai.

Aumentei o tamanho dos passos e já estava conseguindo andar melhor, de uma forma mais devagar, mas pelo menos levei menos tempo cruzando o corredor do que com Namjoon me dando suporte.

{MR.RM-RETURN} Ksj X KnjOnde histórias criam vida. Descubra agora