10- Louva-a-deus

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HEEEY

Tudo bom com vocês?

Alguém já conseguiu decidir o verdadeiro para romântico da nossa Lauren bolinho, fofinha?hehehehehehe

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-Lauren?

Ao levantar a cabeça, Lauren conseguiu visualizar Camila ao longe a observando com curiosidade. A mulher estava ainda na calçada do parque, mesmo sendo tão cedo, já estava totalmente em seu modo rainha do simbiose. Perguntava-se se ela dormia com aquelas botas de salto alto.

-Oi, Camila.

Dito isso, voltou a deitar a cabeça no chão, observando o céu azul. Adorava fazer aquilo, podia passar horas apenas observando aquela imensidão. Quando ocasionalmente uma nuvem branquinha aparecia, gostava de vê-la modificar-se de acordo com o vento, lentamente. Como se soubesse que seria inútil, não exercia nenhuma resistência, apenas deixava-se ir.

Muitas vezes temos uma aversão tão grande a mudanças, odiamos sair do que nos é confortável. Ao mesmo tempo que o novo pode ser uma aventura, também é assustador. Lutamos inutilmente contra circunstâncias fora de nosso controle, sendo que podíamos ser nuvens. Fazer apenas o que podemos, e depois, além disso, ser levados pelo vento nos tornando uma coisa a cada hora. Hora ser um elefante, outra uma flor, um jacaré, até mesmo uma casa, tudo isso, sem nunca deixar de ser nuvem.

Ouviu sons de passos um tanto abafados e alguns grunidos irritados que fizeram levantar novamente a cabeça. Camila tentava chegar até onde estava, mas os saltos afundavam na terra fofa e úmida do gramado. Achou interessante a cena, pela primeira vez se deparava com a mulher sem toda a segurança habitual.

Mesmo que fosse apenas fisicamente, nos olhos ainda era a dona do mundo, achou a cena muito peculiar. Camila Estrabao também era humana, incrível. Sorriu, achando-se muito boba por assustar-se com a conclusão óbvia. Mas é que ela era tão tudo, seria muito mais corriqueiro a seus olhos, se simplesmente levitasse até onde estava apenas com o poder da mente.

-Você quer ajuda?

Camila a olhou com estranheza. Parecia-lhe muito fora do comum precisar de ajuda, olhava-a como se tivesse duas cabeças. Muito devagar assentiu, Lauren se divertia vendo o rosto bonito se torcer como que experimentando a sensação de deixar-se ser auxiliada.

Rapidamente Lauren levantou indo até ela. Estendeu-lhe a mão oferecendo apoio, mas parecia demais par Camila, ir todo o caminho se apoiando em alguém. O que fez, foi segurar com uma das mãos em seu ombro e com a outra retirou os calçados.

Incrível, não estavam grudados nos pés.

E que pezinhos bonitinhos, muito pequenos, de dedinhos lindinhos que se apertaram na grama experimentando a sensação de liberdade. A ilustradora até tentou, mas não conseguiu se impedir de rir largo encantada com a cena.

-Você tem algum fetiche com pés?

Camila perguntou, com a sobrancelha levantada, muito irônica. Pela primeira vez, percebeu que era um pouco mais baixa que si, o que era meio óbvio, Karla também o era. Mas estava tão acostumada a olhá-la de baixo que em sua cabeça a mulher tinha no mínimo dez centímetros a mais que ela mesma.

-Eu não sei se a palavra certa é fetiche, mas os seus são muito encantadores.

Camila entortou a cabeça a olhando com cuidado, parecia muito incomodada a procura de algo, como se não entendesse. Alguns segundos depois assentiu minimante, se soltando de seu ombro para andar. Já havia voltado a segurança habitual. A ilustradora entendeu que sua altividade não tinha a ver com as roupas ou a posição que tinha, era algo que lhe era intrínseco. Suspeitava que independente da situação, a mulher sempre teria aquele parcela elevada, de olhar esperto, sempre um passo a frente de todos.

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