Simbiose

15- Polvos

Oi

Só queria dizer que quem achar minhas filhas muito trouxas uma pela outra vou levar para o lado pessoal, pois eu sou bem assim, é isso.

Beijinhos da imbiguinha

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Lauren estava ligeiramente nervosa aquela tarde. Ally iria em sua casa discutir assuntos do restaurante com Dinah. A mulher era baixinha, de expressão doce e sempre muito simpática, mas ainda assim, a deixava extremamente intimidada.

O respeito que todos tinham por ela, a consideração das gêmeas a mantendo como única exceção, com ambas tendo boa relação com ela e o fato de que sempre era chamada quando as coisas saiam um pouco do controle, fazia com que parecesse estar um nível acima do resto da humanidade.

Aquela mulher era importante demais, inteligente demais e sentia-se menor perto dela. Tinha muito medo de fazer alguma de suas esquisitices perto de Ally. Não queria que a mulher tivesse uma ideia ruim sobre si. Mas não conseguia enxergar outra alternativa considerando que ela era ela mesma. E ser Lauren Jauregui não era algo muito bom quando se tinha a intenção de causar boa impressão.

-Pare de andar de um lado para o outro, a reunião é comigo.

Dinah disse tranquila como se aquilo fosse suficiente. Não importava com quem a reunião seria, de qualquer forma teria que interagir com Ally. Não podia fugir da própria casa, deixaria uma impressão pior ainda.

Sentiu o estômago dar voltas ao ouvir a campainha. É obvio que ela seria extremamente pontual. A loira parecia do tipo que organizava tudo do dia com extremo cuidado e rigidez, não muito diferente do que Lauren fazia. Mas enquanto a ilustradora guardava as tarefas na mente, apenas por gostar de seguir rotinas, Ally devia ter uma agenda profissional com controle elaborado.

"Será que ela pintava de verde as tarefas já realizadas?"

-Boa tarde, Lauren.

Deu um pulinho assustado, fazendo Ally a olhar com o cenho levemente franzido. Havia aberto a porta, era no mínimo estranho que ainda se assustasse ao ser cumprimentada por alguém. Porém, aquele era seu natural, se perdia nos próprios pensamentos com muita facilidade, perdendo contanto com o mundo.

Em alguns momentos chegava a funcionar no automático enquanto estava perdida. E quando "acordava" acabava descobrindo estar fazendo coisas aleatórias, como escovar os dentes no meio do almoço. Não sabia como era aquilo, apenas se perdia de forma tão intensa na própria cabeça que perdia o contato com o mundo real e até o controle sobre as próprias ações.

-Lauren?

Ally perguntou pela segunda vez em um tom mais preocupado.

-Ahh, oi. Desculpe, eu estava pensando se você pinta sua agenda.

Ally abriu a boca a olhando com curiosidade e Lauren se deu conta de que tinha falado mesmo aquilo em voz alta. Após se encararem por alguns segundos em silêncio, a loira sorriu baixinho dando de ombros.

-Não, mas tenho marcadores para coisas importantes. Realizado, não realizado, em andamento.

Lauren assentiu com um sorriso largo, vendo que a mulher tinha entendido sua pergunta. Era mais organizada do que pensou, isso era tão satisfatório que a deixava tranquila. Gostava de organização, gostava muito, não era boa em organizar coisas e precisava se esforçar muito para fazê-lo, mas mesmo assim adorava quando tudo estava em seu devido lugar e com seus horários estabelecidos.

Talvez o fato de que se sentisse como uma bagunça ambulante, fosse a justificativa para isso. Quando as coisas dentro de si parecem um caos, serve como um escape a capacidade de organizar o que há do lado de fora. Pelo menos algo sendo sóbrio e definido em seu mundo.