35 - Minhocas

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Oi

Sim, é uma droga viver em um país governado por um lunático, me sinto triste, muitas vezes. Mas eu gosto de ser otimista, tem que ter um lado bom nisso, talvez os sorvetes fiquem mais gostosos quando todo o resto está uma bagunça, não sei.

Tentem se manter saudáveis, mental e fisicamente. Quando a quarentena acabar a gente marca de tomar umas cachaças juntos, eu não tomo cachaça, mas me finjo de bêbada com facilidade. Vai dar certo.

Se cuidem, fiquem em casa, foda-se o atleta. Beijinhos da Imbigo.

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Karla olhava admirada para o rosto de Lauren, como estava deitada no peito da mulher precisava se torcer um pouco para conseguir enxergar o rosto bonito todo concentrado no filme que assistiam, mas valia a pena, nunca se cansaria de assistir Lauren. O simples ato de olhar para ela lhe dava certa paz interior, gostava de observá-la nos mínimos detalhes e nas diferentes situações, acompanhando cada cenho franzido e cada risadinha.

Estar com ela remetia as coisas mais doces que experimentou na vida. Como o beijo afetuoso que sua mãe deixava em sua testa antes de dormir, a sensação que teve ao tomar o primeiro porre depois de entrar na faculdade, ou, aquele sentimento de dever cumprido sempre que um de seus alunos mostrava todo orgulhoso tudo que havia aprendido.

Eram as coisas mais aleatórias possíveis, tão diferentes que parecia difícil construir uma ligação entre elas, mas Lauren era aquilo. Ela sozinha tinha o poder de despertar todas as sensações gostosas que já tinha experimentado na vida, como se com ela tivesse finalmente encontrado a caixinha que guardava sua felicidade e agora estivesse tudo a disposição ao mesmo tempo e não apenas aquelas pequenas amostras de antes.

Provavelmente seu lado sapatão emocionada era o que falava naquele momento, talvez estivesse confabulando, mas até isso parecia mais gostoso se fosse a respeito de Lauren. Pela primeira vez não se importava de dar tanta importância a alguém ou de perder a parte racional do próprio cérebro atribuindo mais a outra pessoa do que o que podia ser real.

Não era sua caixinha da felicidade, eram seus hormônios caídos por aquela mulher e tudo bem com isso também. As explicações para o efeito que a mulher tinha sobre si, poderiam ser românticas ou apenas químicas, ela não se importava. Lauren a deixava feliz só por existir ao seu lado, e isso era tão gostoso que riu atraindo a atenção da ilustradora.

-Se você não assistir ao filme, não vai entender. - Ela mencionou percebendo que sua atenção estava em outro lugar.

-Bom, eu sei que eles vão acabar juntos, apesar do outro menino ser lindo e perfeito.

Lauren finalmente desviou os olhos da tela, direcionando um olhar incrédulo para Karla que riu baixinho, gostava daquela carinha indignada também. Parecia um filhotinho bravo quando fazia aquilo, e tinha o mesmo efeito que os primeiros em seu coração, pois nada no mundo era mais fofo do que ver uma coisinha inofensiva toda brava daquela forma.

-Como você consegue descobrir todos os finais? - A de olhos verdes perguntou, cerrando os olhos para a outra. Karla apenas deu de ombros com um sorriso convencido.

-É um talento, não tenho como explicar, apenas é muito óbvio depois de algum tempo. Por isso gosto tanto de assistir você, sempre me surpreende, é mais emocionante assim.

Lauren sentiu as bochechas esquentarem diante do olhar da namorada, às vezes Karla era muito galanteadora e mesmo que estivessem juntas há um bom tempo, ainda conseguia deixá-la sem jeito nesses momentos. A professora percebeu seu momento tímido e apenas sorriu mais largo, movendo-se para deixar um beijo carinhoso em sua bochecha.

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