(dezoito) motivo

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Adam

- Por que você não me avisou que tinha marcado um jantar hoje com o Henrique e a Geovanna? - Carol diz enquanto abre o forno, está usando um vestido tão curto que ao abaixar uma parte de sua bunda fica a mostra.

- Eu não marquei.- resmungo.

- Ela disse que você a encontrou em uma lanchonete...- Seus braços estão cruzados.

- Realmente, eu esqueci. Desculpa.

- Onde você dormiu? - Arqueia a sobrancelha.

- Em um hotel perto do trabalho.

- hum. - seu salto emite um som repetidamente ao tocar o chão.- Você poderia ao menos me ajudar. - Diz em uma voz manhosa. Seu corpo se inclina sobre a bancada exibindo um decote me V.

Não vou cair nessa.

- Preciso subir. - Afirmo seco.

- Fernandes? - Bato na porta três vezes antes de abrir.

- Entra pai . - Seus olhos estão colados no celular.

- Oque aconteceu exatamente?- sento-me ao seu lado na cama.

- Ele bateu em uma amiga.- Dá de ombros.

- E ela denunciou?

- Não, ela ficou com medo. - Finalmente me encara.

-Entendo. Mas você não acha que passou um pouquinho dos limit...

- Ela está no hospital pai. - interrompe minha frase .- Faturou a costela e sofreu um aborto. - Sua voz expressa um misto de magoa e raiva. Um silêncio se forma apartir daí.

- Você não quer contar mais nada, tipo de quem era o bebê que ela estava esperando ?!

- Não é meu pai, ela é minha amiga e só ... Você sabe que não escondo nada de você.

Sua frase me faz lembrar de quando tinha seis anos correndo até a porta desesperado" papai, papai ! A mamãe  tava sem roupa e o moço apertou o peito dela, mas ai ela gritou estranho. Ela tá dodói pai ? " lembro-me que não fiquei nervoso por ela ter me traído mais sim por ter deixado meu filho ver.

Ele realmente me contava tudo até coisas desnecessárias e absurdas .

" - Pai olha aqui essa espinha que deu no meu pau.

- Nem fudendo, sai daqui.

- Não pô, serião. Se meu pau cair ?

- Vai se fuder, coloca a merda da calça é sai daqui anda ! "

A lembrança me faz sorrir sem acreditar em que realmente aconteceu .

- O que foi ? Porque tá rindo?

- Nada de mais.

Meu sorriso se desfaz ao encaralo me sinto culpado por não contar praticamente nada pra ele, sempre tentei esconder o máximo de problemas possíveis.

- Tá tudo bem ?

- Não! É... - Coço a barba desconfortável com a situação.- Tem uma menina que eu conheci.

- O que tem ela ?

- Eu tô... Na verdade a gente tá. - O som da campainha ecoa por toda casa. - Nós conversamos depois .- Dou meu melhor sorriso e saio do local.

Pego a garrafa de vinho na mão de Henrique servindo as quatro taças encima da mesa. Geovanna e Carol tagarelam sobre cores de esmaltes.

- Então, que horas você quer que  eu te  busque na sexta? - pergunto chamando à atenção de todos .

- Pra que?

- Pra nossa viagem. - Henrique se engasga com o vinho. - Não me diga que você esqueceu ?

- Não. Claro que não. - Ele fica mais calmo, sabe que eu vou entrar no seu jogo. - Quando for melhor pra você.

- Porque você não vem pelas 19:00 pra comer conosco ? - Geovanna pergunta inocente.

Coitada.

- Seria um prazer ! - Henrique chuta minha perna por baixo da mesa .

- É mas você tem que fazer aquele negócio lá. - Ele fala tentando se safar.

- Há não é tão importante assim... Eu desmarco.

- Então te espero as 19:00.

- Claro ! - Sorrio falsamente .

O jantar foi longo e  cansativo, pensei em abandonalo diversas vezes. Correr para Aurora talvez. Mas logo me desfaço desse pensamento retomando a conversa montada por mentiras. Estou exausto o fato de ter de voltar para casa me deixa assim. Estou exausto. Não fisicamente mas sim psicologicamente é cansativo viver em uma mentira ,casamento falso, família falsa, felicidade falsa ... sinceramente são vastas as vezes que penso em sair e começar do zero o que me prende é o costume, eu já tenho tudo que uma pessoa socialmente bem sucedida precisa: família, dinheiro, casa, carros.

Será que realmente vale a pena começar do zero sabendo que o final é sempre igual ?

- Você está tenso !- Carol se senta atrás de mim massageando minha clavícula, sinto seus lábios tocarem minha pele.

- Não.  - Me levanto  a fitando . Ela está sentada sobre os calcanhares com as mãos nos joelhos.

- Como não?!

- Não! Não estamos juntos e nem vamos ficar ! - afirmo secamente demonstrado certa ignorância pela voz.

- Mas a gente transou e você ...

- Estava bêbado?

- Não , Adam você não estava tão bêbado assim, eu conheço você...Não faz isso denovo. Não me rejeita.

- Pelo que eu me lembre eu tomei uma garrafa de whisky.

- Você pareceu bem consciente pra uma pessoa bêbada.  - Ela se irrita aumentando gradativamente o tom de voz.- O que você quer de mim ?- lágrimas escorrem pelo seu rosto fazendo sua maquiagem se borrar .

- Distância. Apenas isso. - Vou em direção a porta porém Carol fica em minha.

- O que tenho que fazer pra vocês ficar? Hem? - A encaro sem paciência, ela praticamente arranca o vestido do corpo ficando apenas com uma lingerie vermelha que contém uma cinta liga responsável pelo sustento de suas meia-calças ³/8 , se aproxima do meu corpo alcançando minha altura com facilidade por conta do salto alto.

Se apoia em meus ombros me dando um beijo demorado a seguro pela cintura deixando nosso corpo colados. Ela geme em meus lábios coloco a mão em sua nuca guiando sua cabeça. A prenso contra a porta com agressividade.

- Carol? - Falo baixinho

- Oi amor .

- Sai da minha frente . - sussurro em seu ouvido e  me afasto. Ela retira o vestido do chão e tenta cobrir o corpo, passo pela porta a batendo com força. Preciso sair daqui, pego a chave do carro sigo até a metade do caminho do apartamento mas desisto desviando minha rota .

Desejos  proibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora