(trinta e seis) depois do jantar

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Versão Aurora

Júnior me acompanha até a porta do apartamento se despedindo com um abraço aconchegante.

- Aurora. - Matheu está na cozinha tomando cerveja. - Vem aqui.

- só um minuto, vou tirar os sapatos e colocar uma roupa confortavel.- Me viro dando as costas, suas mãos agarram minha cintura com força.

- Eu quero agora. - Me preciona contra a porta. - Nunca tem tempo pra mim né?!

- O que você está fazendo?! - Sorrio sem entender oque está acontecendo.

- ME LEVA A SÉRIO PORRA. - Dá um soco na parede que passa a centímetros do meu rosto. - Que merda Aurora, quando eu conheci você, você disse que não estava pronta pra se envolver emocionalmente com uma pessoa, e eu esperei... Não foi ?! - Não reconheço seu olhar. - Daí você aparece " namorando",   corre pra mim chorando porque ele te abandonou,e eu aguentei a merda do seu cu doce, a porra do seu chororô... Daí eu chego no caralho do quarto que eu disponibilizei pra você na minha casa, e tem um cara encima de você. - Ele ri se afastando.  - Você me enganou direitinho, eu realmente não achei que você era essa puta.

- Cala a boca.

- Cala a boca você. - Aperta minhas bochechas tão forte que sinto a dor em meus dentes. - Parece que você vê que eu estou aqui pra te ajudar em tudo que precisar , eu faria tudo por você. Mas eu não tenho tanta paciência assim... - Ele abre a porta do meu quarto me puxando pelo braço. - Sugiro que você vá dormir porque amanhã trabalha cedo . - Bate a porta fazendo o som ecoar dentro do quarto.

Minhas pernas tremem, tenho vontade de gritar enquanto esmurro a cara dele. Mas sei que isso não é possível, eu não teria nem chaches. Me sinto sufocada em todas as palavras que queria ter dito, como se fizessem um nó na garganta.

Passo a noite preocurando apartamentos ou kitnets para alugar com o valor que eu possa pagar sem morrer de fome. Encontro alguns que me deixam animada, marco visitas pelo telefone com os proprietários.

****

Acordo com Matheu batendo na porta como sempre, troco de roupa e o encontro dentro do carro.

- Como você esta?

- Viva.- E essas foram as únicas palavras que trocamos no caminho, ele não se desculpou como de costume, o que me deixa assustada. De qualquer forma vou ver alguns lugares ainda hoje pra me mudar o mais rápido possível.

- Me espera lá fora, já estou indo. - Ele diz fazendo a conferência de mercadoria do estoque no fim do expediente.

Fico na porta o aguardando.

-Aurora.- Adam aparece atrás de mim

- Que merda você está fazendo aqui ?

- Eu tenho que conversar com você.- Confiro se Matheu esta vindo.

- Eu já sei, sair de perto do seu filho e blá blá blá.

- Não, é sobre nós. Eu quero te explicar oque acont...

- Não existe nós Adam. Vai embora. Não precisa de ter desencargo de consciência, eu tô bem.- Olho pra trás novamente, não quero que ele nos veja juntos. Não sei qual reação ele teria.

- O que está acontecendo?

- Você sumiu porra, esperava oque?

- Não, estou falando de agora. Por que está com medo?

Merda. Ele percebeu.

- Eu não estou com medo. - Minto rapidamente.

- Você já conferiu a porta umas cinco vezes.O que ele fez com você ? - Sua pergunta me surpreende como se ele pudesse ler meus pensamentos.

- Ele quem ?- Finjo de desentendida

- Seu patrão, oque ele fez?- Adam tenta passar pela porta mas eu o impesso.

- Vai embora, por favor... Não aconteceu  nada.- Ele concorda me dando as coistas - Adam. 

- Oi.

- Eu não quero que você venha mais atrás de mim. Nunca mais. - Falo e é como se meu coração se quebrasse. Não entendo o motivo dele ter vindo, porque depois de tanto tempo ? Por que agora?

Matheu aparece atrás de mim passando o braço em meu ombro.

- O que o cara do café queria com você?

- Nada, ele só queria informação.

- Ata. Primeiro ele te defende na lanchonete e  você fica rindo pra ele, agora aparece pedindo informação?!- Ele me guia até o carro. - Tabom dona Aurora, vou fingir que eu acredito.

Olho para tras e Adam acaba de virar a esquina, minha mente se enche de " e se " .

E se eu gritasse ?

E se eu corresse ?

E se ?

A primeira coisa que faço ao entrar no quarto é pegar minhas roupas e dividilas em mochilas. Fico feliz por não ter comprado os 20 pares de sapatos que tive vontade.

- Oque você está fazendo? - Ele está na porta com uma xícara e um cupcake nas mãos. Os coloca encima da comoda e se senta na beira cama. - Você vai se mudar ? - Ele apoia os cutuvelos nas coxas deixando seu rosto mais perto do meu. - Pra onde ? Se você não tem família e nem amigos tão próximos assim ?

- Eu achei um aluguel mas não está confirmado ainda, por isso que não te contei.

- Claro, entendi... E como você vai pagar o aluguel sem ter um emprego? - Meu estômago se revira o encaro fixamente.

- Você não faria isso.

- Pode apostar que faria...- Um sorriso torto nasce em seus labios.- Quer que eu ajude você colocar as coisas no lugar ? - Devio o olhar, sinto uma lágrima descer, mas não altero minha expressão.- Eu te fiz uma pergunta.

- Não. Eu não quero sua ajuda.

- Ok, eu trouxe um lanche pra você... Eu não te vi comer nada hoje. Qualquer coisa é só me chamar, vou está aqui fora.

Desejos  proibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora