(trinta e três) coleguinhas

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Aurora

Minha cabeça doi assim que abro os olhos, Matheu bate na porta, sinto como se fossem marteladas dentro do meu crânio.

- Entra.

- A gente vai se atrasar.- Cubro minha cabeça. - Você tá bem ? - A cama se afunda com seu peso.

- Não.- murmuro .- Posso trocar minha folga por hoje ?

- Tudo bem. - Diz depois de um tempo em silêncio. - Mas se você estiver ruim até a tarde eu vou te levar pro hospital.

- Tá bem, desliga a luz por favor. - Meus olhos pesam.

O som da porta me faz saltar da cama.

- Eai, vim ver se você estava bem.

- Tô viva! Entra a gente tem que  conversar.

- Nunca vem algo de bom depois dessa frase.

- Anda. - Puxo ele pelo braço.- Deita  aqui.- Ele obedece desconfiado. - Primeiramente eu queria te agradecer.

- Você já agradeceu ontem, assim que chegamos aqui.

- Não é pelo bar... É  por você ter me dito "não". Eu sei oque eu disse... Mas eu sinto que estaria te usando. Sabe eu realmente não quero entrar em um relacionamento. - Faço uma pausa pra que ele diga algo. - Eu entendo se você quiser se afastar...

- Eu não quero. - Me tira do espiral de desculpas e justificativas.- Eu realmente gosto de você, não sei definir de que forma ainda... Bom, a gente pode ser coleguinhas ainda?

- Eu adoraria.

- Com alguns privilégios? - Me olha de canto.

- Vou pensar no seu caso.

- Pra aproveitar que já vai pensar... Minha mãe vai fazer um jantar hoje, ela queria que você fosse.

- Ela ou você?

- Os dois.

- Ok, vou colocar na minha lista de pensamentos.

- Humm, sabe oque pode ajudar?! Ataque de coçeguinhas.

Antes que possa ter uma reação, ele segura meus braços acima da cabeça, sua outra mão tamborila em minha barriga me fazendo debater.

- Para por favor. - Falo entre as risadas.

- Que merda é essa? - Matheu para na  porta cruzando os braços. - voltei mais cedo pra cuidar de você, mas está ótima né?!

Júnior sai de cima de mim constrangido, me sento arrumando o corpo.

- Júnior esse é o Matheu. Ele mora comigo.

- Você que mora comigo.

- Por que está sendo um babaca?- perfunto com ignorância.

Ele fecha a cara e bate a porta com força.

- Ele é sempre assim ?

- Não.

- Eu não quero te deixar aqui sozinha com ele.

- Ele não é assim eu juro. Deve ter tido um dia ruim.

Tenho que conversar com ele também, já é a segunda vez que faz isso.

- Que horas temos que ir ?

- Onde?

- Pra sua casa ue.

- Ata, às  18:00 .

- Você espera eu me arrumar, pra gente ir juntos?

- Você está ótima assim. Minha mãe vai adorar seu pijama.

- Eu queria ter te conhecido antes.

- Eu também.

****

Paro em frente a porta de madeira, não tenho certeza se quero ou devo entrar. Estranhamente algo no meu subconsciente me deixa feliz por saber que vou ver Adam novamente, fico ansiosa quase animada. Queria que voltasse a ser como antes, poder beija-lo e arrancar sua roupa. Sinto falta dele.

Que irônica a vida não?! A pessoa que você mais ama é também a única  que pode mais te magoar.

Passamos pela sala até encontrar Carol arrumando os últimos detalhes na mesa impecável.

- Que bom que você veio. - Me abraça como se tivéssemos algum tipo de intimidade.

Coitada se ela soubesse... Não estaria cozinhando pra mim. Será que realmente deveria ter vindo ?

- Onde esta meu pai ?

- Disse que vai se atrasar, como sempre.

Me sento ao lado do Júnior, Carol nos serve vinho e começa o questionário básico de perguntas, respondo todas educadamente omitindo os detalhes desnecessários.

- Adam disse que você trabalha em uma lanchonete próxima à empresa dele.- Minhas mãos soam.

- São muitos clientes mãe, ela não deve se lembra dele. - Concordo sem graça.

- Você pretende fazer faculdade? - Não consigo devia o olhar do seu batom vermelho.

- Isso é um jantar ou cadastramento do bolsa família? - A voz dele me desconcetra. Ele se senta a mesa e sorri da mesma forma que fazia quando nós acordavamos juntos. 

Por que você foi embora ? Por que voltou pra ela ?

- Eu sou estava puxando assunto. - Carol revira os olhos.

- Pretendo, quero cursar letras... Mais isto está num futuro um pouco distante ainda. - finalmente respondo.

- É um bom curso. - Ela sorri tocando a mão de Adam encima da mesa me causando um pequeno desconforto.

- Como vocês se conheceram? - Digo de forma natural. Adam quase engasga com o vinho. O rosto de Carol fica corado destacando as maçãs de seu rosto.

Desejos  proibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora