(trinta e sete) Não se atrase.

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Adam

- Pai amanhã a noite qual horário é melhor pra você?- Fernandes diz assim que entro em casa.

- Melhor pra que ? - Carol revira os olhos em sinal de desaprovação a minha pergunta.

- Pra comemorar meu aniversário. - Diz arregalando os olhos como se fosse um cachorro que foi deixado na mudança.

- A claro... Qualquer horário, vai ser aqui ou você prefere ir pra algum lugar.

- Não sei ainda mas te aviso com antecedência.

- Você convidou a Aurora? - Jogo o verde, esperando colher meu maduro.

- Sim, ela vai ir . Depois eu posso conversar com você sobre ela ?

- Claro.- Respondo tentando não demostrar o pânico que surgiu em mim.

- Você já avisou seu tio Henrique? - Carol pergunta sentando ao seu lado.

- Não, a Juliana disse que meu pai brigou com ele, achei melhor não chama-lo. - Os olhos de Juliana se desgrudam do celular e me imploraram ajuda através do cômodo. Mas de qualquer forma ela não mentiu.

- E eu posso saber o porque vocês brigaram? - Carol me fuzila através do olhar.

- Então, existem três tipos de problemas na minha percepção: os meus, os seus e  os nossos... No caso esse se encaixa nos meus. Porque você não cuida dos seus ?

- Cada dia que passa você fica pior.- Cruza as pernas apoiando as mãos sobre elas.

- Não se preocupe, vou resolver isso. Você não vai ter de me suportar por muito tempo.

- A gente ainda pode ser uma família até amanhã!? - Fernandes diz chamando a atenção.

- Podemos Adam ?- Ela arqueia a sobrancelha.

- Claro querida. - Uso o máximo de sarcasmo que consigo.

Antes que eu suba as escadas Juliana segura minha mão de leve.

- Deu certo? Com ela ? - Diz quase sussurrando, apenas discordo com a cabeça e sigo meu caminho.

Fernandes abre a porta do meu escritório dois segundos depois deu tela fechado.

- Você está muito ocupado?

- Depende...

- Você não acha que tá bebendo muito ?! - aponta pro copo em minha mão.

- Pra isso estou.

- Não, é a Aurora.- Estou sempre livre.

- Fala.

- É que ela está precisando de um emprego novo, daí queria ver se você poderia colocar ela em uma das suas empresas, ou conhece algum lugar que esteja precisando...

- O que aconteceu com antigo?

- Não sei. - Dá de ombros - Ela disse que teve um problema com chefe daí vai sair.

- Beleza, daí, daí.  Vou ver oque posso fazer, daí você me manda o currículo dela por email . Daí se você ver sua mãe daí você pede pra ela vir aqui.

- Para pai .- Fala sem graça franzindo a testa e sai .

- O que você quer comigo ? - Aparece depois de quase uma hora e meia. A Entrego o envelope pardo e uma caneta. - Oque é isso?

- O divórcio e o acordo. Você vai ficar com a casa, com dois dos carros, 10 % do lucro mensal da empresa, duas franquias vão para seu nome e o dinheiro que está depositado na conta conjunta é seu. - Ela rasga os papéis sem nem ler. - Não complica Carol, vai ser pior pra você se isso se tornar judicial.

- Eu não vou assinar.

- Espero que tenha um bom advogado.

- Vai pro inferno.- Bate a porta consigo escutar o barrulho dos seus saltos batendo com força no chão.

Vejo a lua tomando o lugar sol levando a claridade que entrava pela janela, tomo um banho na banheira, juro que se fechar os olhos consigo escutar a voz de Aurora ecoar. Talvez eu esteja louco ou velho.

Vou para o sofá carregando meu travesseiro e uma manta, não me lembro qual foi a última vez que dormi por tanto tempo.

Acordo com um post-it laranja na testa.

  Não se atrase
20:00
Restaurante, endereço no email
Ass : Daí.

Idiota.

Carol me liga sete vezes seguidas sem ao menos dar um minuto de intervalo entre as ligações.

- O que foi? - pergunto impaciente.

- Meu cartão de débito está dando não autorizado. - Sinto o ódio em sua voz.

- Ora bolas ? O que está vinculado à nossa conta ?O que pode ter acontecido? Talvez o dinheiro tenha acabado.

- FILHO DA PUT. - encerro a ligação. Queria poder fazer isso pessoalmente.

Estranhamente meu dia foi ótimo, tudo correu bem, tirando a Carol obviamente. Agora são 19:30 , estou pronto e a caminho do restaurante.

Encontro Fernandes e Juliana com algumas pessoas que eu não conheço.

- Pai esse é o pessoal da faculdade.- Os cumprimento de maneira informal. 

- Cadê sua mãe?

- Não chegou ainda.- Olha na tela do celular. - A Aurora acabou de chegar vou busca- lá na porta.

Ela está perfeita.

Aurora se senta na minha frente na ponta da mesa, ela desvia o olhar sempre que possível como se estivesse escondendo algo. Carol entra convencida sentando ao meu lado.

- Desculpa filho, eu tive alguns imprevistos hoje. - Me olha torto, não consigo disfarça o sorriso.

- Ainda da tempo de resolver, eu tenho a cópia no meu escritório.

- Enfia no seu cu. - Gesticula com a boca Sem realmente dizer as palavras.

- Ok.

Aurora fica seria sem dizer quase nenhuma palavra durante o jantar. Não sei é  porque ela está incomodada comigo.

- Mas vocês vão mesmo a minha casa né?Por que se eu fizer o churrasco e vocês não forem eu vou infartar. - Uma garota de cabelo curto diz, ela fala bastante, não me lembro do nome dela.

- Vamos.- Digo tentando por fim no assunto

- Certeza?

- Você tem a minha palavra.- confirmo novamente.  Aurora sussurra algo que ferve meu sangue. - O que você disse ?

- Eu disse que sua palavra não vale porra nenhuma. - Repete alto o suficiente fazendo que todos da mesa prestem atenção nela. Me levanto apoiando as mãos sobre a mesa.

- A mocinha não acha que está com a língua muito afiada ?! - Ela repete meu movimento. O que me faz rir.

- Você não reclamava quando ela estava no seu pau.

FILHA DA PUTA.

Desejos  proibidosOnde histórias criam vida. Descubra agora