Desejos proibidos

(setenta) Sobre as despesas.

Bato de cara com a porta novamente.

 Esqueci que ela mudou a fechadura dessa merda. Toco o interfone da forma mais exagerada possível .

- Adam ?! - Ela tenta me abraçar mas a barriga complica um pouco.

-Eai como você esta ?

- Grande. 

-Falta muito? Pra ganhar ?

-Não. Já ta quase. Há entra, a casa é sua.- Sorri.

- Já sabe o sexo ? 

- É uma menina.

- Hum o Henrique vai ter uma filha então ?! 

-Já ta cheios de ciumes.

Com toda razão. 

-Vocês não se falam direito mais, né? - Para no meio do corredor colocando a mão nas costas, puxa o ar como se não respirasse a uma semana.

-Não... É, a Carol ta aqui ? 

- Ta sim , fiquei com vontade de comer o risoto que ela faz, ai vim pra cá. Ela ta na cozinha.- Seguimos pelo resto dos corredores em silencio.

- Adam, eu ia te ligar pra falar sobre ontem.- Acho que é a primeira vez em anos que a vejo sem salto . -Da forma que ele falou com você, ele os queria me def...

-Tudo bem, não vim aqui por isso. O Júnior esta aqui?

- No quarto.Bate antes de entrar , ele ta com aquela menina. 

-Ok, preciso conversar com você depois. 

- Ta. 

Subo as escadas, bato na porta do quarto da Juliana mas ela não abre, a do quarto do Júnior esta entre-aberta, mas bato mesmo assim antes de entrar.

- Pai que que pega ? - Me encara de cima a baixo.

- Preciso conversar com vocês. - Juliana esta sentada no tapete passando esmalte nas unhas do pé, Ayla esta praticamente sendo engolida pela poltrona acolchoada, me cumprimenta com um sorriso respondo da mesma forma. 

- Você viu ? - Juliana me encara por alguns segundos- Ela ta gravida mesmo.

- Poise realmente tem um bebê ali... Como você ta ? 

-Bem...

-Porque ela ficaria mal pela gravidez da Geovanna ? 

-Coisa nossa. - Desvia o olhar para Júnior que responde como uma careta infantil. 

- Sobre oque você que conversar ? -Volta a atenção pra mim.

-Vocês querem que eu saia ? - Ayla pergunta tentando se levantar. 

-Não, ta tudo bem .- Ela retoma sua posição mergulhando na tela do celular.

Sento ao lado de Júnior na beira da cama. 

- Bom...Eu... Quero que vocês se mudem. 

-Porque ? 

-Eu não vou manter mais essa casa.- Me encaram perdidos.

-Porque ? Ta saindo do seu orçamento? agente te ajuda, né Junior? A gente pode até fazer uma planilha de economias. 

- Não é dinheiro filha. 

- É a Carol né?- Júnior pergunta , nunca vi ela a chamando pelo nome. - Ela ta pisando na bola mesmo , mas não acho que justifique você tirar ela daqui.

-Não vou tirar ela daqui, mas não vou mais pagar as despesas da casa, e sei que isso vai atingir vocês diretamente.

- Mas oque você quer que a gente faça ? Mude pra outra casa e deixe ela passando dificuldade?

- Fernandes uma pessoa consegue viver muito bem com o salario que ela tem, mas a porcentagem que ela lucra por mês da minha empresa.

-Mas não deixa ela no padrão de vida que ela vive agora. Você acostumou ela a isso pai, poxa, porque agora? Porque ela arrumou um namorado?! - Respiro fundo eu realmente não vim para discutir.

-Porque não é mais obrigação minha. 

-Deixou de ser quando você saiu de casa, porque bancou até agora ? 

- Ela estava sozinha...Deu mais do que tempo de se estabilizar. 

-E se eu não quiser me mudar? Não posso abandonar ela pai. Você entende oque esta me pedindo?

- Júnior, ele ta certo. Agente fica na minha casa, juntos. Só por um tempo.  

- Pra chegar lá é quase uma viagem Ju .  

- Escolhe em outro lugar, onde vocês quiserem...- Juliana segura a mão dele, faz sinal positivo com a cabeça, mas ele não parece muito convencido. 

-E se eu me mudar e quiser ajudar ela a manter a casa? 

- Não me interessa oque você faz com seu dinheiro. Mas pensa se realmente é aqui que você quer investir ? Tem necessidade dela continuar morando numa casa de quatro quartos?

- É questão de conforto e você se apega a casa também poxa, a gente mora aqui desde sempre.

- Eu entendo, eu também morava aqui, agora mora em um apartamento de seis cômodos, e não morri por isso. Eu sei que você quer cuidar dela, porra ela é sua mãe... eu não esperava menos de você... Mas talvez ela precise de um tempo pra ela também. Eu amo vocês mais do que tudo que tenho, nunca faria algo com intenção de prejudicar vocês. - Fernandes deita a cabeça no meu ombro. Sinto falta de quando eles eram pequenos e não se importavam com nada e nem tinham que resolver problemas. 

-Você já contou pra ela? 

-Não.- Ele me encara assustado. 

-Boa sorte!